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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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<strong>que</strong> perdurara, após intervenção no período ditatorial, mantendo o Sindicato aberto,<br />

despolitizado, com se clube fora, sorteando carros da marca Volkswagen.<br />

Em 1980 quando retornei de uma experiência em Medicina Comunitária no Vale do<br />

Jequitinhonha, por dois longos anos, morei na Rua Faro, próximo ao Hospital da Lagoa,<br />

onde atuava. Formavam-se as primeiras associações de moradores de bairro, e a AMA-<br />

Jardim Botânico teve em Pelegrino, senão seu presidente, seu presidente de honra,<br />

lutando contra o corte de uma bela figueira, pretendido por construtora <strong>que</strong> se expandia<br />

no bairro.<br />

Ainda em 1980, ele volta a participar do movimento de oposição sindical, o REME-MAIS,<br />

onde ativistas do primeiro movimento pugnavam contra o controle partidário <strong>que</strong> o PCB<br />

impunha na direção do sindicato, por meio da prática do chamado centralismo<br />

democrático. Exemplifico para ser didático. Numa diretoria de quinze membros, nove são<br />

do Partido e seis, não. Há uma discussão e nove diretores votam na proposta A. Seis, na<br />

proposta B. Ganharia, portanto, a proposta A. Como os seis <strong>que</strong> votaram B eram do<br />

Partido, dentro do conjunto deles, seis a favor de B é maior <strong>que</strong> três a favor de A. Assim,<br />

na próxima reunião era solicitada outra votação e, seguindo-se o centralismo democrático,<br />

o resultado final passa a ser nove votos para B e seis para A. Assim, a minoria domina a<br />

maioria. No REME-MAIS, MAIS significava Movimento Autônomo, Independente Sindical<br />

e, claro, pretendia avançar mais nas lutas, organizar, de fato, os médicos para isso, além<br />

de criar e transferir o poder não para meia dúzia de diretores, mas, sim, para um grande<br />

conselho de representantes e delegados sindicais com, pelo menos, 300 ou 500 membros<br />

eleitos em seus locais de trabalho. Quem duvida de <strong>que</strong> trezentos sejam mais<br />

representativos <strong>que</strong> trinta diretores, metade dos quais apenas suplentes? Seu sucesso não<br />

foi eleitoral, mas, três anos depois, assembleias com cinco mil médicos, no Clube<br />

Municipal, decidiram pela prorrogação de greve até a vitória salarial, <strong>que</strong> tardou, mas<br />

veio, destacando-se aqui a incansável luta de um ateu apóstolo, o psiquiatra Eros Martins.<br />

Em 1982, inspirados na Clínica Social de Psicanálise, criada por Kemper e onde Hélio<br />

exercitou a generosidade pessoal e ensinou outros psicanalistas a fazê-lo, doando<br />

algumas horas semanais para atendimento gratuito ou a preço muito reduzido, reunimos<br />

dezessete instituições de Psicoterapia e Psicanálise no Primeiro Fórum Social, no Centro<br />

de Estudos do Hospital da Lagoa, cedido pelo seu presidente, Luis Carlos Teixeira. O<br />

objetivo era criar uma proposta comum de conveniar o INAMPS, a maior instituição de<br />

saúde do país, com essas instituições e seus departamentos clínicos, democratizar o<br />

acesso à Psicanálise e tira-la da condição de ser apenas privilégio dos ricos. Nessa ocasião,<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - oPçõeS De lUTa e MiliTÂNCia 259

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