06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

no Brasil usou os mesmos métodos de repressão e tortura, desenvolvidos pelos franceses<br />

na Argélia e abertamente justificados por um general <strong>que</strong> comandou as tropas coloniais.<br />

vÍnCulos externos<br />

Afinal, o <strong>que</strong> fui fazer na Argélia em 1969? Digamos <strong>que</strong> minha tarefa era estabelecer<br />

relações com a Frente de Libertação Nacional, em busca de apoios. Ficou logo evidente<br />

<strong>que</strong> não havia como a FLN, no poder desde a independência até hoje, apoiar formal e<br />

concretamente grupos insurgentes no Brasil. Havia relações diplomáticas normais entre<br />

os dois países. Mas a Argélia, um país progressista, solidário com as lutas anticoloniais e<br />

populares, poderia acolher e ajudar militantes, numa espécie de apoio passivo. Daí a<br />

presença, no país, dos movimentos de libertação das colônias africanas, da resistência<br />

portuguesa e dos exilados brasileiros.<br />

Por isso, também, a VPR escolheu a Argélia para enviar os 40 presos políticos libertados<br />

em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, se<strong>que</strong>strado no Rio de Janeiro<br />

em junho de 1970. A maioria ficou ali dois ou três meses e se mandou para Cuba, onde<br />

se podia contar com um apoio mais ativo, como treinamento, formação profissional e<br />

condições para seguir como revolucionários profissionais.<br />

As organizações armadas <strong>que</strong> agitaram o Brasil durante uns cinco anos a partir de 19<strong>68</strong><br />

não estavam internacionalmente tão isoladas como dentro do próprio país. Nossa<br />

“política externa” era mais ampla, menos dogmática, atuava num vasto campo antiimperialista<br />

e em alguns casos antiditatorial. Alguns grupos tinham representantes<br />

permanentes em alguns países.<br />

Estávamos inseridos num vasto movimento <strong>que</strong> tinha o Vietnã como símbolo e exemplo<br />

de resistência ao império <strong>que</strong> invadia países, fomentava ditaduras e sugava ri<strong>que</strong>zas. Ao<br />

Vietnã foram enviados uns 2,3 milhões de soldados americanos entre 1961 e 1974. No<br />

auge da guerra, estavam lá mais de meio milhão, mas não evitaram a derrota política.<br />

Na<strong>que</strong>la guerra morreram mais de três milhões de vietnamitas e uns cin<strong>que</strong>nta mil<br />

americanos.<br />

Além de Cuba, nós contávamos com redes internacionais de apoio, de indivíduos ou<br />

grupos organizados, das mais diversas nacionalidades. Brasileiros exilados de 1964,<br />

dispersos por muitos países, representavam uma referência, informações e contatos. Sua<br />

presença significava solidariedade inclusive de governos <strong>que</strong> não considerávamos de<br />

254

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!