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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Silvio Da-Rin fez um belo e conciso filme, Hércules 56, <strong>que</strong> era o tipo de avião <strong>que</strong><br />

transportou os rebeldes trocados pelo embaixador americano. No filme, um dos depoentes<br />

declara em alto e bom som: “Foi um equívoco triunfal!” As tevês foram obrigadas a ler<br />

um manifesto <strong>que</strong> proclamava o início de uma revolução e convocava o povo a apoiá-la.<br />

Ora, o povo é oportunista, no sentido de <strong>que</strong> tem a percepção para distinguir o <strong>que</strong> é<br />

uma fanfarronada e o <strong>que</strong> é um movimento com alguma probabilidade de dar certo. No<br />

segundo caso, o povo pode vir a participar. Mas, se perceber <strong>que</strong> não há consistência, o<br />

povo não adere à causa.<br />

Já são muitos os heróis mortos, no cotidiano da luta pela vida, da violência dos capitalistas,<br />

da brutalidade da polícia. O povo não <strong>que</strong>r heróis. Quer líderes <strong>que</strong> saibam definir a<br />

tática e a estratégia da libertação revolucionária. Se aparecer gente assim, é capaz de o<br />

povo seguir. Caso contrário, o povo vai ignorar os apelos dos revolucionários.<br />

Quero dizer <strong>que</strong> o povo não está disposto a morrer à toa. Nosso teórico e prático maior<br />

escreveu <strong>que</strong> os trabalhadores, expropriados até das ferramentas, não tinham mais nada<br />

a perder. Mas, a realidade é outra. É como a história exemplar da<strong>que</strong>la senhora <strong>que</strong> dizia<br />

não ter nada. Quando o temporal levou a sua modestíssima casa, ela chorou: “perdi tudo<br />

<strong>que</strong> tinha”. Tudo é muito pouco, para alguns. Mas o pouco é tudo, para quase todos. Basta<br />

lembrar <strong>que</strong> a vida é o bem mais precioso. Não pode ser posta em risco, sem a perspectiva<br />

de um resultado positivo na luta política. Nós atropelamos também essa realidade, o<br />

estado da opinião do povo, dos subempregados, dos biscateiros, do lumpemproletariado.<br />

E da opinião do proletariado, já tão reduzido pela automação das fábricas.<br />

Lembro-me de <strong>que</strong> fui destacado para atuar nas portas das fábricas. Para achar uma<br />

fábrica era uma dificuldade. E para convencer um operário a passar da simpatia para a<br />

ação política era mais difícil ainda. Ninguém <strong>que</strong>ria arriscar o emprego com garantias<br />

trabalhistas e cair na incerteza ainda maior de viver da mão para a boca, como vivem os<br />

<strong>que</strong> não têm emprego certo, de carteira assinada.<br />

O povo ignorou o apelo do MR-8 pela tevê. E olha <strong>que</strong> foi no horário nobre. E <strong>que</strong>m era<br />

o MR-8 à<strong>que</strong>la altura do campeonato? Meia dúzia de minúsculos grupos rebeldes <strong>que</strong><br />

usaram o nome assumido pela DI-RJ, no Paraná. O nome ficou famoso por<strong>que</strong> a<br />

organização caiu.<br />

Desde <strong>que</strong>, na DI-GB (Dissidência do Partido Comunista da Guanabara), a posição da luta<br />

de massas foi superada pela posição da luta armada, isto é, desde <strong>que</strong> o foquismo venceu<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - oPçõeS De lUTa e MiliTÂNCia 245

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