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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Milicada incompetente, sô! Tinha-me filmado no restaurante, nas esquinas do centro da<br />

cidade, fazendo comícios relâmpagos... e não foram capazes de pegar o meu nome com<br />

o Hélio Charuto, diretor, ou com o Hélio Pançudo, zelador. Faça-me o favor! Incomodar<br />

a<strong>que</strong>la memória prodigiosa da Glória só por isso...<br />

Depois <strong>que</strong> a capital foi para Brasília, o Rio de Janeiro tinha virado Estado da Guanabara,<br />

uma cidade-estado, ou uma capital, sem estado. Isto foi uma jogada do PSD, convencido<br />

de <strong>que</strong> o antigo Distrito Federal seria ganho nas urnas pela UDN do Carlos Lacerda, ou<br />

pelo PTB do Leonel Brizola... <strong>que</strong> ficassem ambos limitados, então, à antiga capital. Afinal,<br />

Juscelino não iria abandonar Amaral Peixoto à sanha do inimigo, ou à radicalização dos<br />

aliados. E o Estado do Rio de Janeiro, continuou como a Velha Província.<br />

A dissidência do partido Comunista do Estado do Rio de Janeiro, a DI-RJ, a primeira a<br />

romper com o partidão, mandou gente para o Estado do Paraná. Acho <strong>que</strong> foi a primeira<br />

organização a tentar instalar o tal foco guerrilheiro. Tinha bastante camponês por lá! E<br />

sabiam ler a<strong>que</strong>les gringos. Um dos companheiros, originário de São Gonçalo, terra de<br />

líderes sindicais e comunistas, foi para lá e se misturou logo com o povão. Bran<strong>que</strong>lo,<br />

conquistou muita moça trigueira. Já o Trigueiro, nada trigueiro, não fez o mesmo sucesso.<br />

Era muito moreno.<br />

O mais velho era técnico naval, o Fiat, nome de guerra do Milton Gaia Leite, filho de<br />

lusitanos da Ponta d’Areia, do Portugal Pe<strong>que</strong>no, assíduo nos bailezinhos da Banda<br />

Portuguesa, tanto como nas assembleias do poderoso Sindicato dos Operários Navais,<br />

onde havia um fabuloso auditório, recém-construído, do tamanho dos seus quadros,<br />

grandioso. O Fiat era muito dedicado e corajoso, mas um pouco desligado. Numa dessas<br />

bobeadas o flagraram passando armas do Paraguai para o Brasil. Tomou muita porrada.<br />

Caiu quase todo mundo. Os jornais davam em manchete <strong>que</strong> os rebeldes de um tal de<br />

MR-8 estavam sendo caçados pela polícia e pelas forças armadas. Papéis davam conta de<br />

<strong>que</strong> um tal de MR-8 intentava criar um foco guerrilheiro no sul do Brasil. MR-8, a<br />

organização revolucionária mais nova e radical, mal começou a existir e já era famosa.<br />

MR-8: Movimento Revolucionário 8 de Outubro de 19<strong>68</strong>, data do assassinato do Che. O<br />

preço da fama foi caro: a sua demolição, a eliminação e a prisão dos seus componentes.<br />

E como se formaria a consciência revolucionária no meio das massas? Ah... por osmose!<br />

O foco guerrilheiro iria acender a chama da revolução nos corações e nas mentes do<br />

povo. Assim mesmo – do nada, como diz a garotada hoje (será <strong>que</strong> acreditam em geração<br />

espontânea?... ora, vão estudar!).<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - oPçõeS De lUTa e MiliTÂNCia 243

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