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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Em Ibiúna, na<strong>que</strong>le 12 de outubro, todos os detidos foram levados ao Presídio Tiradentes.<br />

Dos quinze delegados eleitos para o XXX Congresso da UNE, quatorze eram estudantes<br />

da UFSC:<br />

Celso Pereira dos Santos, Derlei Catarina de Luca, Edson Adrião Andrino de Oliveira, Etny<br />

Amaro Lorenzi Filho, Francisco Canola Teixeira, Gerônimo Wanderley Machado, Gilda<br />

Laus, Markian Getúlio Kalinoski, Munir Chamone, Paulo Joaquim Alves, Roberto João<br />

Motta, Rosemaire Cardoso, Sebastião Hulse, Valmir Martins e Wladimir Salomão<br />

Amarante<br />

Foi a maior prisão coletiva de <strong>que</strong> se teve notícia no Brasil. Mais de 700 jovens<br />

universitários detidos. A região de Ibiúna foi cercada durante três dias e, cedinho,<br />

soldados armados invadiram o local onde nos encontrávamos. Implantaram um clima de<br />

terror com tiros, rajadas de metralhadoras, empurrões, ameaças e gritos. Caminhamos<br />

quilômetros, na lama, com as bagagens molhadas e cobertores arrastando no chão.<br />

Parecia cenário de guerra, na chuva.<br />

Todas as organizações de es<strong>que</strong>rda participaram e ajudaram na realização da<strong>que</strong>les<br />

“congressinhos” nos estados, apesar da decretação do Ato 5. Em Canasvieiras as teses do<br />

Partidão tiveram maioria, contra os votos de Valmir, Paulo, Etny e meus. Os militantes da<br />

AP eram mais ativos e fomos, in<strong>que</strong>stionavelmente, os dirigentes do movimento<br />

estudantil em Florianópolis no ano de <strong>68</strong>, mas os militantes do Partidão eram mais<br />

treinados em articulação dos bastidores.<br />

Estava definitivamente acabado para mim o período de estudante. Partia para outra vida.<br />

No dia seguinte, fui para o interior da Ilha, na casa de um agricultor, cujo filho era da<br />

Polícia Militar de Santa Catarina e simpatizante da AP. O pai não entendia muito dessa<br />

moça chamada Maria, trazida para casa pelo filho. Também não fazia perguntas. À noite,<br />

ele chegava fardado. Dava notícias da cidade. Certa vez, contou da invasão feita na casa<br />

de Hercílio Luz e da prisão de “Bode” no DCE.<br />

“Bode” era o apelido do secundarista Sérgio Grando, <strong>que</strong> participava de todas as<br />

atividades estudantis. Apesar das recomendações, ficara dormindo no DCE.<br />

O pessoal passou a andar meio recolhido, aguardando. Muita gente viajou aproveitando<br />

as férias. A direção avisou para esperar.<br />

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