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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Tínhamos orientações, mais ou menos precisas, da direção regional de Ação Popular<br />

desde o dia 7 de dezembro. Eu deveria passar, imediatamente, à clandestinidade se<br />

ocorresse o esperado endurecimento da ditadura. Caso contrário, fre<strong>que</strong>ntaria a<br />

Universidade até março de 69, quando seria, então, substituída por outros companheiros<br />

no Movimento Estudantil. Começava a política dos deslocamentos. Para mim, tinham<br />

outros planos e, por isso, a prisão do dia 5 de dezembro preocupara a todos.<br />

Na<strong>que</strong>le dia o General Presidente da República, Artur da Costa e Silva visitara Florianópolis<br />

e dirigiu-se ao Teatro Álvaro de Carvalho, na praça Pereira Oliveira. Uma manifestação de<br />

repúdio à sua presença se realizaria ali.<br />

Na noite anterior à visita, foram presos, além de mim; Heitor Bitencourt Filho, Mario<br />

Guedes Júnior, Paulo Joaquim Alves e três secundaristas do Instituto Estadual de<br />

Educação: Roberto Maciel Cascaes, Rômulo Coutinho de Azevedo e Sérgio Bonzon. Os<br />

presos foram conduzidos à Delegacia de Polícia de Biguaçu e interrogados pelo Diretor<br />

de Furtos e Roubos da SSI. As famílias e os advogados procuraram os estudantes no DOPS<br />

e não encontraram. Nem o DOPS, nem a SSI assumiram a<strong>que</strong>la prisão. A Polícia Federal<br />

estava estruturada em Santa Catarina, mas sua atuação era aceita de má vontade pela<br />

polícia estadual. O SNI limitava-se a fazer relatórios sobre nossas atividades.<br />

Logo depois, na casa de minha mãe, comentei a possibilidade de deixar a Universidade.<br />

Não sabia bem quando. Por esses dias ou semanas. Ia para outros lados. Ela olhara meio<br />

arrevesado e não dera muita bola. Estávamos na cozinha e só seu olhar me intimidava.<br />

Eu enfrentava o governo militar e não tinha coragem de desafiar minha mãe. Era o caos.<br />

Com o Ato nº 5, ficamos na praia alguns dias, até a realização do Congressinho da UNE<br />

e assim cumprir o acordo feito no Presídio Tiradentes, dia 12 de outubro de 19<strong>68</strong>, em São<br />

Paulo, após a <strong>que</strong>da do XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna.<br />

Cada estado realizaria o seu. Era preciso eleger a diretoria da UNE, gestão 69, e definir as<br />

teses a serem defendidas no Movimento Estudantil. Dia 18 de dezembro, realizamos o<br />

nosso em Canasvieiras, na mesma casa onde eu estava dormindo, cuja chave fora obtida<br />

por Heitorzinho.<br />

Rafael di Falco veio de São Paulo para levar os resultados. Quase todos os delegados<br />

estaduais estavam presentes: Heitor Bitencourt, Paulo Alves, Valmir Martins, Rosemere<br />

Cardoso, Etny, Munir, Roberto Mota, Wladimir Amarante e outros.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o ai-5 (13/12/19<strong>68</strong>) 235

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