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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Por outro lado, durante os anos pós-golpe e 19<strong>68</strong>, diversas organizações operárias<br />

prosseguem seus trabalhos, enquanto outras são criadas. No primeiro caso, temos,<br />

apenas, como um exemplo, a Frente Nacional do Trabalho – organizada pelos cristãos de<br />

es<strong>que</strong>rda. No segundo, temos as oposições sindicais, <strong>que</strong> se articulam por todo o Brasil,<br />

sendo mais conhecida a oposição sindical metalúrgica de São Paulo. Ou seja, a classe<br />

operária (e outros trabalhadores assalariados), depois das intervenções dos governos pósgolpe,<br />

também se reorganizava.<br />

E é nesse movimento <strong>que</strong> eclodem, em 19<strong>68</strong>, ocupando brevemente a cena, mas<br />

marcando uma virada na concepção de sindicalismo, as greves de Osasco e Contagem,<br />

imediatamente sufocadas pelo regime. Essas greves também produzirão importantes<br />

quadros para as organizações políticas clandestinas.<br />

12.5 Clandestinidade na ilHa de santa Catarina<br />

Derlei Catarina de Luca<br />

13 de dezembro de 19<strong>68</strong> foi minha primeira noite na clandestinidade. Estávamos no DCE<br />

– Diretório Central de Estudantes, na Rua Álvaro de Carvalho. No rádio ligado, começa a<br />

leitura do Ato Institucional nº 5. A voz grave do locutor lê, na integra, cada item.<br />

Começamos a recolher algumas coisas, <strong>que</strong>imamos material, panfletos, jornais, estênceis<br />

picados e rodados.<br />

- É golpe...<br />

- É...<br />

Ninguém comenta muito e passa a trabalhar mais rápido, catando febrilmente material<br />

<strong>que</strong> pudesse comprometer. O Ato era esperado. Só não sabíamos o dia nem a hora.<br />

Esperávamos para depois do Natal, <strong>que</strong> a tradição cristã imperasse e a ditadura permitisse<br />

um Natal sem repressão nem golpe. Mera ilusão. A direita não respeitava mais as datas<br />

cristãs.<br />

Saímos em direção à Rua Conselheiro Mafra. Efetivos do Exército, vindos do Estreito, já<br />

tinham atravessado a ponte Hercílio Luz e desceram dos jipes. Demos meia-volta, rápido,<br />

para avisar <strong>que</strong> ninguém ficasse no DCE. Alcançamos a Rua Tenente Silveira.<br />

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