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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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universo mais geral dos chamados “trabalhadores intelectuais”, como jornalistas,<br />

escritores, diretores, atores e outros profissionais de teatro e cinema, escritores, músicos<br />

e compositores, alguns setores do professorado universitário, etc. Como consequência<br />

disto, as organizações políticas de cunho partidário e de ação clandestina surgidas depois<br />

do golpe crescerão, nesse momento, fundamentalmente nesses grupos, uma vez <strong>que</strong> o<br />

recrutamento de quadros e militantes se dá no interior dos movimentos e não fora deles.<br />

Portanto, do nosso ponto de vista, o mais correto seria entendermos <strong>que</strong> esses sujeitos<br />

(<strong>que</strong> não foram os únicos, ainda <strong>que</strong> possam ter sido a maioria <strong>que</strong> ganhou visibilidade<br />

na<strong>que</strong>le momento) não eram “jovens-estudantes-da-classe-média”, como pretende o<br />

cacoete, mas jovens trabalhadores, cuja grande maioria ainda estudava, somados a<br />

profissionais do setor do trabalho intelectual.<br />

Outro engano, <strong>que</strong> subjaz a muitas das representações da<strong>que</strong>les anos, é entender o golpe<br />

de 64, enquanto um “golpe militar”, e o regime <strong>que</strong> implantou, como uma “ditadura<br />

militar”. Esse equívoco oblitera o conteúdo de classe de ambos, ao mesmo tempo em <strong>que</strong><br />

se lhe confere um caráter estamental e/ou corporativo, conduz a um raciocínio binário e<br />

mani<strong>que</strong>ísta e, ainda, estabelece enquanto centro da contradição, os pólos militares X<br />

civis. Na verdade, tratou-se de um golpe da grande burguesia brasileira subsidiária do<br />

grande capital internacional (daí a importância e articulação com o governo e empresas<br />

de Washington), do latifúndio, da “direita ideológica”, da grande maioria da então mais<br />

alta hierarquia da Igreja Católica (Estado do Vaticano), <strong>que</strong> tiveram como braço armado<br />

as forças armadas, cuja cúpula participou de toda a conspiração e garantiu, em seguida,<br />

o novo regime. O golpe foi dado por essas classes, contra um programa de reformas de<br />

interesse popular, das quais se beneficiariam os setores do capital nacional e a classe<br />

trabalhadora e o povo.<br />

Com o golpe civil-militar de 1964, milhares de militares foram expulsos, cassados e/ou<br />

submetidos a Inquéritos Policiais Militares (os famigerados IPMs). Sobretudo na Marinha<br />

e no Exército. Muitos se organizaram e prosseguiram em sua militância. Eram geralmente<br />

nacionalistas, engajados nas reformas do Governo João Goulart, e outro tanto, socialistas<br />

de diferentes matizes.<br />

A primeira manifestação de enfrentamento armado do regime foi o episódio conhecido<br />

como a Guerrilha de Caparaó (1966-1967), protagonizada fundamentalmente por<br />

nacionalistas oriundos do Exército e da Marinha.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o ai-5 (13/12/19<strong>68</strong>) 231

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