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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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imperdoável, uma vez <strong>que</strong> esse último conceito, <strong>que</strong> tem outra matriz de pensamento, é<br />

bem preciso e nos diz de relação de propriedade, nos diz do pe<strong>que</strong>no proprietário de<br />

algum negócio <strong>que</strong> explora a mão de obra de um pe<strong>que</strong>no contingente de trabalhadores<br />

(assalariados), apropriando-se, portanto, de parte da mais valia por estes produzida. Esta<br />

não era a condição de classe da maioria esmagadora da<strong>que</strong>les protagonistas <strong>que</strong> não,<br />

apenas, eram filhos de assalariados dos mais diversos setores e de chamados profissionais<br />

liberais.<br />

Mais <strong>que</strong> isto, a maioria esmagadora desses protagonistas (e nos referimos aqui também,<br />

aos estudantes) trabalhavam, eram assalariados. Não perceber isto significa não conseguir<br />

perceber <strong>que</strong>m eram os protagonistas da<strong>que</strong>les acontecimentos, suas condições de<br />

classe, suas necessidades objetivas (incluídas aqui suas subjetividades), seus anseios e<br />

propostas de mudanças.<br />

Agora, vejamos a <strong>que</strong>stão de os estudantes constituírem a maioria esmagadora dos<br />

protagonistas da<strong>que</strong>le período histórico. Dizer <strong>que</strong> alguém é estudante, não significa<br />

nada além dizer <strong>que</strong> a pessoa está matriculada em algum estabelecimento de ensino. Ou<br />

seja, por si só, não nos diz de uma condição de classe e, como já vimos, a maioria desses<br />

estudantes <strong>que</strong> se engajaram (nos mais diversos níveis) nas lutas de 19<strong>68</strong> e anos<br />

imediatamente anteriores e seguintes vinha de famílias de assalariados, sendo <strong>que</strong> muitos<br />

deles eram igualmente assalariados.<br />

Também é importante entendermos <strong>que</strong>, graças à política populista em curso até 1964<br />

(seguida de lamentável capitulação no dia 31 de março), liderada pelo Partido Trabalhista<br />

Brasileiro – PTB, e coadjuvada pelo Partido Comunista Brasileiro – PCB, o golpe conseguiu<br />

rapidamente destruir todas as organizações de trabalhadores – especialmente de<br />

operários e camponeses. É isto o <strong>que</strong> cria o isolamento político dos partidos e organizações<br />

de es<strong>que</strong>rda das chamadas massas e não o inverso, como costuma nos ser apresentado.<br />

Ainda <strong>que</strong> as políticas dessas organizações pudessem pecar – e efetivamente pecassem<br />

– em muitos pontos (e às vezes gravemente), não se deveu a tais organizações o<br />

“isolamento das massas”, nem elas o pretenderam, embora, enquanto conjunto, até<br />

meados dos anos 1970, não tenham conseguido elaborar estratégias e táticas capazes<br />

superar essa situação (a maioria foi destruída antes de lograr esse sucesso).<br />

Nesse quadro pós 1964, serão o movimento estudantil e os de outros setores urbanos os<br />

primeiros a reorganizar e constituir alguma força capaz de manifestar seu repúdio ao<br />

novo regime. Esses outros âmbitos a <strong>que</strong> nos referimos, inserem-se, sobretudo, no<br />

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