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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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pesquisar e estudar em textos e livros fora do currículo corrente, assistir a cursos<br />

alternativos e, principalmente, debater e tirar conclusões em grupos de estudo.<br />

Finalmente, conforme afirmei anteriormente, a crise do ensino na Faculdade abriu<br />

espaço para muitas lutas específicas, visando a mudanças. Nossa luta, entretanto, não foi<br />

em vão: no quarto ano, conseguimos, finalmente, <strong>que</strong> fosse incluída na grade curricular<br />

Economia Brasileira e <strong>que</strong> fossem chamados os professores Barros de Castro e Carlos<br />

Lessa. Estes dois professores mais a Conceição Tavares (cuja cabeça não foi cortada na<br />

caça às bruxas) conseguiram - mesmo em plena ditadura – gradualmente, elevar o nível<br />

do Curso e transformar a Faculdade de Economia da UFRJ em uma das melhores do país.<br />

12.4 oriGeM de alGuMas distorções nas leituras de 19<strong>68</strong><br />

Alípio Freire<br />

Pouco depois da decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 19<strong>68</strong>,<br />

forças da repressão invadiram o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo –<br />

Crusp.<br />

Nem todos os <strong>que</strong> ali moravam eram militantes e, menos ainda, engajados em organizações<br />

políticas clandestinas. Sem dúvida, porém, sua maioria esmagadora se colocava numa<br />

atitude crítica com relação ao regime, ao qual se opunham por diversos e nuançados<br />

vieses <strong>que</strong> implicavam diferentes temas e motivações e, até mesmo, “graus”: para muitos<br />

(talvez a maioria), não estava em xe<strong>que</strong> apenas o regime, mas o próprio sistema.<br />

Era também num salão do Crusp <strong>que</strong> aconteciam as grandes assembleias do movimento<br />

estudantil de São Paulo. Ou seja, o Crusp era um importante centro de efervescência,<br />

discussão e ação política. Por isto, no dia 19 de dezembro, foi invadido e sa<strong>que</strong>ado por<br />

tropas formadas por efetivos tão jovens, quanto os estudantes <strong>que</strong> ali residiam. A<br />

presença massiva de jovens em ambos os lados dessa trincheira, por si só, já desqualifica<br />

uma leitura recorrente, mais ou menos explícita (dependendo do autor), dos eventos de<br />

19<strong>68</strong> enquanto resultado de um “cho<strong>que</strong> de gerações”.<br />

Do butim recolhido, parte tinha destino certo: a exposição do “material subversivo<br />

apreendido” <strong>que</strong> o regime organizou, dias depois, no saguão dos Diários Associados, no<br />

centro de São Paulo. O material capturado foi classificado em três grandes blocos e<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o ai-5 (13/12/19<strong>68</strong>) 227

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