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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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a grade curricular estava muito defasada e, desta forma, existiam cadeiras, no primeiro<br />

ano, de Introdução de tudo <strong>que</strong> é matéria possível e imaginável, sem falar <strong>que</strong> em<br />

Matemática chegava-se ao limite do surrealismo, estudando-se Filosofia da Matemática.<br />

Nos anos seguintes, infelizmente, matérias (e professores) pouco melhoraram.<br />

Se por um lado este quadro era traumatizante para <strong>que</strong>m acabara de entrar na faculdade,<br />

por outro, abria espaço para as lutas (difíceis) pela melhoria da qualidade do ensino e<br />

tornava claro, junto a chamada “massa”, a responsabilidade da ditadura pelo caos<br />

reinante. Ainda, a irreverência e o espírito de auto-gozação muito nos ajudou, também,<br />

a levar o curso até o final. Neste sentido, cabe citar pelo menos dois fatos divertidos<br />

ocorridos em minha turma.<br />

1) Quem lecionava Introdução à Economia era um péssimo professor, velhinho e ultrareacionário.<br />

Suas aulas, o tempo todo, ressaltavam a importância da “revolução” ou<br />

então dissecavam sobre as forças de ofertas e demanda, sempre lembrando, porém, <strong>que</strong><br />

haveria uma força superior à oferta e demanda e a todas as outras e <strong>que</strong> seria “PAPAI DO<br />

CÉU”. Não deu outra, e a figura passou a ser apelidada de “PAPAI DO CÉU”.<br />

2) A cadeira de Geografia Econômica (<strong>que</strong> nada tinha de econômica) era uma “decoreba”<br />

interminável sobre números da produção brasileira e mundial de variados produtos,<br />

ministrada por um cidadão grotesco, apelidado de “Sargentão”. Um belo dia, já chegando<br />

o final do ano, com todo mundo saturado, “Sargentão” resolve lembrar <strong>que</strong> as informações<br />

passadas em classe tinham um caráter apenas introdutório. Um colega de sala, não se<br />

contendo, levanta o braço e pede a palavra. Ocorre, então, o seguinte diálogo:<br />

Professor - Fulano, qual a sua dúvida ?<br />

Aluno - Não professor, eu só <strong>que</strong>ria saber quando vamos PARAR DE INTRODUZIR E<br />

PASSAR A METER !!!<br />

Pano rápido, risos gerais e “Sargentão” prosseguiu sua aula fingindo não haver escutado<br />

a pergunta.<br />

Por causa do pantanoso clima reinante na Faculdade, mais do <strong>que</strong> nunca, para <strong>que</strong>m<br />

quisesse se tornar concretamente um profissional de Economia, evidentemente, não<br />

bastava assistir apenas às aulas do Curso de Graduação. Caminhos paralelos teriam <strong>que</strong><br />

ser buscados. Desta forma, e aí me incluo, muitos de nós procurávamos consultar,<br />

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