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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Um Hino Nacional interminável, uma espécie de trégua, um momento muito sensível.<br />

Comecei a demover os meus companheiros de diretoria do Diretório Acadêmico da<br />

intenção de continuar com o ato. De forma fria e calculada, mostrei a eles de <strong>que</strong> tipo de<br />

gente a plateia era constituída e <strong>que</strong> já haviam ensaiado uma vaia contra nós. Expli<strong>que</strong>i<br />

a eles <strong>que</strong>m eram os senhores brutamontes <strong>que</strong> eu havia imobilizado com a “força” do<br />

Hino Nacional. Tentava convencê-los de <strong>que</strong>, provavelmente, seríamos linchados após o<br />

termino do hino e <strong>que</strong>, ali, as nossas denúncias não teriam repercussão, pois era uma<br />

plateia da ditadura. Por fim, concordaram e batemos em retirada, sem esperar o fim do<br />

to<strong>que</strong> do hino.<br />

Foi uma batalha perdida, pois mais tarde foram chegando informações de outras<br />

inúmeras prisões de lideranças em Niterói e no Rio de Janeiro. E um companheiro, o<br />

Ernani, informou-nos de mais prisões <strong>que</strong> soube por meio do noticiário de rádio. Avisounos<br />

<strong>que</strong> fora baixado, pela ditadura, um novo ato institucional.<br />

Já do outro lado da baía de Guanabara, na Praça XV, eu e o Mário, levados por ele, fomos<br />

à sucursal da Folha de São Paulo <strong>que</strong>, na época, ficava nas proximidades. O redator e<br />

responsável mostrou-nos vários telex, oriundos de diversos estados do país, <strong>que</strong><br />

comunicavam milhares de prisões. Falou-nos de um golpe dentro do golpe. Recomendounos,<br />

ainda, <strong>que</strong> não dormíssemos em nossas casas. Fui dormir em um aparelho do<br />

Francisco, o Chico, nosso colega de faculdade e filho do coronel Dagoberto, <strong>que</strong> se<br />

encontrava exilado no Uruguai.<br />

Se não me engano, esse redator era o Dines. Anos mais tarde, após a anistia, já na década<br />

de oitenta, fui reencontrar o Mário na redação da Folha, trabalhando com o Dines, como<br />

jornalista.<br />

A<strong>que</strong>la noite fora a noite escura do AI-5.<br />

12.3 na FaCuldade de eConoMia<br />

Gil Vicente N. Simões<br />

Entre 1965 e 19<strong>68</strong>, cursei Economia na UFRJ. A ditadura havia feito uma política de<br />

“arrasa quarteirão” na faculdade (o <strong>que</strong> não foi privilégio da Economia). Cassaram os<br />

professores mais progressistas, exatamente a<strong>que</strong>les melhor preparados. Adicionalmente,<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o ai-5 (13/12/19<strong>68</strong>) 225

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