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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Como se vê, a rebelião da juventude em 19<strong>68</strong>, <strong>que</strong> afetou países tão pouco semelhantes<br />

como o México e a Tchecoslováquia socialista, não era só política e ideológica, contra<br />

estruturas arcaicas de governo e administração ou pela concretização de direitos<br />

humanos à<strong>que</strong>las alturas já consagrados em tantos documentos universais. Era, também,<br />

contra o reacionarismo e a caretice <strong>que</strong>, mesmo em países do chamado primeiro mundo,<br />

como a França, ainda pretendiam ditar as normas de relacionamento entre os sexos.<br />

No Brasil, esse movimento democrático e progressista <strong>que</strong> arejava o mundo foi<br />

brutalmente interrompido pelo Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro. Enquanto<br />

Alberto Cury lia os drásticos dispositivos em cadeia nacional, forças policial-militares<br />

invadiam o Correio da Manhã. Na redação, no 3º andar, fomos avisados, eu e os<br />

editorialistas Franklin de Oliveira e Edmundo Moniz, de <strong>que</strong> deveríamos tentar sair pela<br />

janela, do velho prédio da Gomes Freire para um edifício vizinho da Lavradio. Quando<br />

entrei, graças a uma prancha improvisada, pela janela do apartamento de um casal<br />

desconhecido, não poderia imaginar <strong>que</strong> a<strong>que</strong>la noite de derrota ante a força das armas<br />

poderia ser vista, 40 anos depois, como prenúncio da vitória de uma boa parte das nossas<br />

ideias.<br />

12.2 Hino naCional<br />

Adair Reis<br />

Na<strong>que</strong>la noite, por volta das vinte horas, estávamos no pátio da Faculdade de História e<br />

Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Eu, o Mário<br />

Augusto Jakobskind, o Astrogildo e sua esposa, na época a Dalvanira, e mais alguns<br />

colegas. Eu era o primeiro presidente do Diretório Acadêmico de História e Ciências<br />

Sociais.<br />

Havíamos derrotado um grupo de es<strong>que</strong>rda tradicional da Faculdade nas eleições para a<br />

fundação do Diretório Acadêmico. Vencemos, também, na escolha do nome do DA em<br />

uma eleição direta, na qual indicamos o nome do Sargento Manoel Raimundo Soares e<br />

fizemos campanha para <strong>que</strong> fosse aceito o nome da<strong>que</strong>le Sargento morto sob tortura em<br />

agosto de 1966, <strong>que</strong> teve o seu corpo atirado no rio Jacuí, na grande Porto Alegre.<br />

Então, chegou correndo o André, um companheiro descendente de poloneses, muito<br />

combativo e <strong>que</strong> estudava na Faculdade de Engenharia. Fazia parte do DA de sua<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o ai-5 (13/12/19<strong>68</strong>) 223

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