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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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- Por <strong>que</strong> não está havendo repressão a este congresso? Ano passado a rodoviária estava<br />

sob controle do DOPS e qual<strong>que</strong>r um com pinta de estudante ia em cana preventivamente.<br />

As faculdades eram vigiadas 24 horas por dia. Agora, estamos elegendo delegados,<br />

abertamente, nas faculdades e circula-se por S. Paulo sem qual<strong>que</strong>r restrição. Todo<br />

mundo sabe <strong>que</strong> o quartel general da organização do congresso está aqui no CRUSP, no<br />

quarto do Lauri, da DI-SP, mas estamos como se fosse em território libertado.<br />

- Das duas uma - disse o Adura - Ou a repressão está cedendo à nossa militância muito<br />

superior este ano, ou estão esperando para nos prender todos quando estivermos no<br />

congresso.<br />

- Aonde a DI vai-nos levar? Ano passado éramos meros 300 congressistas e agora<br />

calculamos mais de 700. Já não foi fácil fazer um congresso clandestino ano passado<br />

(na<strong>que</strong>le a AP tinha o controle da montagem), mas onde vão conseguir esconder tanta<br />

gente? - disse Zé Luiz.<br />

- Os riscos são enormes, disse eu. E maiores ainda para mim.<br />

- Como assim?<br />

- Se o congresso cair, todos acabarão soltos com um habeas corpus, mas eu já estou<br />

condenado e vou ficar dois anos na cadeia, disse eu. Acho <strong>que</strong> deveríamos propor à DI a<br />

realização do congresso aqui no CRUSP onde já estão alojados mais de 300 congressistas<br />

esperando o transporte para o local do congresso. Mobilizaremos as massas estudantis<br />

para ocupar o CRUSP durante o congresso e isto obrigaria a repressão a prender milhares<br />

de estudantes caso opte por impedir o congresso.<br />

O debate es<strong>que</strong>ntou com várias intervenções <strong>que</strong> se opunham a esta linha de<br />

argumentação <strong>que</strong> colocava muita confiança em um comportamento tímido da<br />

repressão. Acabamos por decidir apresentar um manifesto assinado por mim e pelo Luiz<br />

por meio do qual afirmaríamos <strong>que</strong> não tínhamos compromisso com a montagem do<br />

congresso e jogando a culpa de um eventual desastre na UEE-SP. Entretanto, também<br />

decidimos <strong>que</strong> eu teria <strong>que</strong> ir ao congresso mesmo ao risco de ficar preso por dois anos.<br />

Depois da <strong>que</strong>da do congresso de Ibiúna circulou o boato segundo o qual Dirceu fizera<br />

um acordo com o governador de S.Paulo, Abreu Sodré, de sobrenome igual ao da família<br />

da minha mãe, mas <strong>que</strong> não era parente nosso. O acordo consistiria em trazer o ME para<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - a BaTalHa Da Maria aNTôNia (3/10/19<strong>68</strong>) e o CoNGreSSo De iBiúNa (12/10/19<strong>68</strong>) 209

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