06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

partido do outro e o epíteto, para mim novo e certamente depreciativo, era uma clara<br />

alusão à minha militância.<br />

- Quem é este cana? - Rosnei enfurecido.<br />

- Venha conhecer o teu adversário - disse o Luis rindo. Era o Dirceu.<br />

As apresentações foram mais do <strong>que</strong> frias. Não gostei do jeito arrogante e pretensioso do<br />

Dirceu e ele, claramente, também não foi com a minha cara. Luis era colega dele na<br />

Faculdade de Direito da PUC e eram amigos apesar das contradições políticas. Dirceu<br />

tinha fama de garanhão e tivera um caso, até, com uma policial infiltrada pelo DOPS no<br />

ME paulista e <strong>que</strong> usava o nome código de “maçã dourada”. Isso não chegava a ser<br />

problema para mim, a não ser pela falta de critério na escolha das parceiras. Mais<br />

inaceitável do <strong>que</strong> isso foi a disputa das eleições para a UEE de São Paulo quando usaram<br />

de métodos agressivos, inclusive, com o se<strong>que</strong>stro da Drosila, coordenadora da campanha<br />

da Catarina Meloni, da AP, <strong>que</strong> ficou em cárcere privado por quatro dias. No Rio de<br />

Janeiro, eu tinha ouvido esta história pelo Daniel, liderança da DI-Gb, insuspeito por ser<br />

aliado do Dirceu, mas escandalizado com os procedimentos <strong>que</strong> grassavam no ME de São<br />

Paulo. Catarina ganhou as eleições diretas para a UEE, mas Dirceu não aceitou os votos<br />

da Faculdade de Engenharia Industrial, conhecido reduto da AP e os declarou fraudados<br />

por terem dado maioria esmagadora para a nossa chapa. Como ele teve a maioria dos<br />

votos na capital, acabou ganhando maior reconhecimento em 19<strong>68</strong>, quando as grandes<br />

manifestações ocorreram.<br />

Pouco antes do início do deslocamento dos participantes do congresso para Ibiúna (não<br />

sabíamos onde seria realizado o congresso, este nome só ficou conhecido mais tarde),<br />

mudei-me para o CRUSP - Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, juntandome<br />

aos, cada vez mais numerosos, militantes e simpatizantes da AP <strong>que</strong> tiveram seus<br />

pontos furados pela organização controlada pelo Dirceu. Passava os dias discutindo as<br />

teses com os companheiros de partido e ganhando-os para a tática da “não agressão”.<br />

Não foi fácil. O sectarismo de parte a parte era enorme. Para a AP de Pernambuco, era<br />

inaceitável ter o PCBR, seus inimigos mais importantes na<strong>que</strong>le estado, participando da<br />

nossa chapa.<br />

Em uma das muitas reuniões da direção estudantil da AP no quarto do Adura, levantei<br />

um problema <strong>que</strong> me perturbava.<br />

208

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!