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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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11.3 ÁCido<br />

190<br />

Mário Albu<strong>que</strong>r<strong>que</strong><br />

Não estive presente, em outubro de 2008, ao evento referente à Maria Antônia. Gostaria<br />

muitíssimo de ter podido ir, mas não deu por causa de compromissos locais como<br />

presidente da Comissão de Anistia do Ceará.<br />

Entretanto, vou lembrar de um incidente <strong>que</strong> antecedeu à “batalha da Maria Antônia” e<br />

<strong>que</strong> envolveu uma militante secundarista cearense da AP, a Mirtes. O Alfredo Lopes sabe<br />

de <strong>que</strong>m se trata. Dias antes de o conflito estourar, ela e outros militantes realizavam<br />

uma panfletagem (parece <strong>que</strong> também um pedágio de arrecadação de fundos, talvez<br />

para o Congresso de Ibiúna, para o pagamento de passagens de retorno a seus estados),<br />

quando foram atacados por um grupo do CCC - Comando de Caça aos Comunistas.<br />

Jogaram ácido nas belas pernas da Mirtes, seriamente atingidas. Certamente a curiosidade<br />

se impõe: onde anda Mirtes? Ela reside em Fortaleza, mas não aceita nem de longe falar<br />

desse período. Trauma? Não sei, não conheço muito sua trajetória de vida depois desse<br />

atentado em <strong>que</strong> lhe danificaram as pernas. Era uma grande liderança, “incendiadora” de<br />

paixões, não só políticas. Talvez os companheiros <strong>que</strong> foram da AP possam dar maiores<br />

detalhes. Só sei <strong>que</strong> Mirtes hoje prefere dialogar com as estrelas.<br />

Eu também, por acaso, estive presente ao conflito da Maria Antônia. À época militava no<br />

POR(T), de saudosa memória. Havia sido enviado para São Paulo para fre<strong>que</strong>ntar uma<br />

Escola de Formação de Quadros, com orientação expressa de não me envolver em<br />

“movimentos de massa” (era líder estudantil secundarista no Ceará), pois seria preparado<br />

como quadro dirigente internacionalista. Como me hospedaram no CRUSP, fi<strong>que</strong>i logo<br />

contaminado. Foi como botar lenha na fogueira.<br />

O episódio da Maria Antônia foi um divisor de águas na minha militância. Imediatamente<br />

mandado de volta ao Ceará, por indisciplina, deixei o POR(T) e ingressei no primeiro<br />

agrupamento de luta armada <strong>que</strong> me aceitou, o PCBR. Mas poderia ter ido para o<br />

Araguaia, caso o PC do B não tivesse fechado suas portas a mim, por puro preconceito<br />

antitrotskista. Ou para a ALN, VPR, etc, pois estava a fim era de luta armada.

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