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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Inverossímil. Puras especulações. Nada disso poderia ser verdade. Nada. Absolutamente.<br />

Era mentira. Comecei a chorar.<br />

Estampada na tela da TV, cabeça tombada para trás, olhos entreabertos como olhando a<br />

vida, El Che. “Assassinaram o Che, Marcello. Assassinaram nosso guerrilheiro heróico”.<br />

Abraçada a meu filho, chorava desesperadamente. Che representava a esperança viva de<br />

liberdade do mundo. Che representava a ternura, a força, o ideal revolucionário. O nosso<br />

Comandante Guevara.<br />

Nem Fausto. Nem Moacir. Nem Juarez. Somente Marcello com seus sete meses e Edu<br />

revolvendo no meu ventre. Caminhava de lá para cá, alucinada. Desesperadamente<br />

perdida. O sofrimento era maior do <strong>que</strong> razão de não traumatizar duas crianças. Poucas<br />

vezes, conheci tamanha tristeza, revolta e impotência, somente comparadas às <strong>que</strong> sofri<br />

na época do atentado ao avião da Cubana de Aviação, em Barbados.<br />

Hoje, 40 anos depois. Chove. Comento com Marcello, a caminho de casa, a dor da<strong>que</strong>le<br />

dia aparentemente tão longínquo. Choro. A chuva nos traz a sensação de solidão.<br />

Entretanto, logo concluo <strong>que</strong> a chuva traz vida, floresce os campos, germina. Chove. São<br />

as lágrimas da natureza reafirmando a saudade e emudecendo a terra, alimentando-a<br />

para novas colheitas. Ernesto Che Guevara não morreu. Floresceu nos campos da América<br />

Latina, cruzou fronteiras, ganhou espaço no coração de gerações <strong>que</strong> seguem seu<br />

exemplo e ostentam, orgulhosas, sua imagem de ternura intensa.<br />

O mundo, <strong>que</strong>rido comandante, ainda sofre de fome! Milhares de crianças vagam pelas<br />

ruas das cidades sem rumo, o imperialismo nestes últimos quarenta anos matou, inoculou<br />

doenças, fortaleceu ditaduras, invadiu países, destruiu patrimônios da história da<br />

humanidade. Cuba, amado guerrilheiro, ainda resiste ao blo<strong>que</strong>io. Sua imagem brilha na<br />

Plaza de la Revolución como símbolo de luta coerente. Santa Clara, terra de uma de<br />

suas maiores batalhas, “lhe” guarda. Historiadores inescrupulosos denigrem seu nome,<br />

comprometidos com o poder central. Chamam-lhe aventureiro. Historiadores conscientes<br />

entenderam sua opção de vida, deram seu merecido lugar na história.<br />

Muitos lhe cantaram em versos e prosa e ainda cantam. Seu nome é ostentado em<br />

praças, em ruas e avenidas. Uma quantidade inumerável de Ernestos surgiu mundo afora<br />

em sua homenagem. Seus filhos seguem seu exemplo. Hildita se foi talvez para fazer-lhe<br />

companhia. Fidel, seu exemplo e amigo maior continua firme combatendo o blo<strong>que</strong>io,<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - MorTe Do CHe (9/10/1967) 157

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