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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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ponto nas Barcas, fizemos um baita furdunço em frente à<strong>que</strong>le gigante do ensino<br />

privado. Durante todo o dia, o táxi de Ozéas, com duas cornetas instaladas no capô, ficou<br />

estacionado na entrada do colégio e a gente gritava: “ensino não é banana, escola não é<br />

quitanda”. Aquilo aconteceu no dia 13 de março.<br />

Enquanto a gente fechava os colégios particulares de Niterói e fazia pi<strong>que</strong>te na porta do<br />

Plínio Leite, clamando pela socialização do ensino, do outro lado da Baía de Guanabara,<br />

era realizado o famoso comício da Central do Brasil e os discursos inflamados de Arraes,<br />

Prestes, Brizola e Jango eram transmitidos pela aparelhagem de som instalada em cima<br />

do táxi. A gente puxava o som desde o rádio do Simca Chambord.<br />

Foi pelo rádio do Simca <strong>que</strong> eu soube da morte de Che Guevara.<br />

Na<strong>que</strong>le mesmo ano de 1967, saí definitivamente de Niterói. Só vim saber do Ozéas dois<br />

anos depois, quando ele respondeu ao inquérito do “8 antigo” ( MR-8 de Niterói).<br />

MinHa doCe trotsKista<br />

Já no pós-golpe, fora do Plínio Leite por determinação da diretoria, fui terminar o clássico<br />

no Colégio Batista. Nesta ocasião, eu trabalhava meio “clandeca” em uma transportadora<br />

em Santo Cristo e morava em uma pensão no Ingá. Todos os dias, eram duas viagens de<br />

ônibus e mais a travessia de barca. Não sei onde arrumava tempo para as tarefas do<br />

Partido. Eu era Secretário de Agitação e Propaganda do Comitê Secundarista de Niterói.<br />

Então, era um tal de organizar pichações contra a ditadura, articular os jornais murais e<br />

mais a<strong>que</strong>les mimeografados nas escolas e sei lá quantas outras tarefas. Mesmo assim,<br />

sobrava tempo para as discussões internas, da busca de um caminho para a revolução. A<br />

gente andava descontente com a análise <strong>que</strong> o Comitê Central fazia sobre o golpe militar<br />

e de sua proposta de uma ampla frente política para derrotar a ditadura. Nós, do Comitê<br />

Secundarista, cobrávamos uma autocrítica da<strong>que</strong>les <strong>que</strong> se iludiram e ludibriaram todos<br />

nós ao dizer <strong>que</strong> não havia possibilidade de um golpe e se ele viesse seria desbaratado<br />

pelo dispositivo militar do general Assis Brasil, chefe do gabinete militar do presidente<br />

João Goulart.<br />

As bases e direções intermediárias do Partidão no Estado do Rio cobravam uma preparação<br />

para ações armadas, <strong>que</strong> seriam conjugadas com ações de massa. As discussões eram<br />

acirradas e o descontentamento não se circunscrevia aos estudantes. Com o intuito de<br />

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