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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Mais tarde, o Tigre logrou reencontrar outros marinheiros <strong>que</strong> haviam escapado à prisão,<br />

pôde voltar para o Rio de Janeiro – cenário principal da luta política – e rearticular sua<br />

atividade como militante revolucionário. Na clandestinidade, empenhou-se em atividade<br />

febril de contatos e reuniões políticas para preparação da resistência.<br />

Em uma dessas ocasiões, caiu novamente prisioneiro das forças da repressão, junto com<br />

outros companheiros denunciados por traidor infiltrado pelo CENIMAR (Central de<br />

Informações da Marinha). Novos interrogatórios e, dessa vez, acompanhados de<br />

espancamentos e tortura. Os algozes <strong>que</strong>riam <strong>que</strong> o Tigre delatasse <strong>que</strong>m havia<br />

manufaturado um silencioso de fabricação caseira <strong>que</strong> tinha sido apreendido em um dos<br />

“aparelhos” (no jargão da es<strong>que</strong>rda revolucionária, imóvel usado para abrigar clandestinos,<br />

efetuar reuniões ou guardar material bélico ou de propaganda) invadidos. O Tigre resistiu<br />

bravamente a todos os tormentos infligidos sem entregar o nome do companheiro.<br />

Um dia, entraram dois “negões” em sua cela, um dos quais portava uma navalha <strong>que</strong><br />

afiava constantemente em uma tira de couro. O outro olhou para ele e disse:<br />

- Você não <strong>que</strong>r falar, então nós vamos te capar.<br />

Diante do imprevisto agravamento da situação, o Tigre, sem perda de tempo, mudou de<br />

tática e prontificou-se a contar tudinho. Foi, imediatamente, levado à sala de depoimentos,<br />

onde um escrivão pilotava uma velha máquina de datilografia.<br />

- Agora, então, fala. Quem fabricou o silencioso?<br />

- Fui eu.<br />

O escrivão batucou na máquina: “Perguntado sobre <strong>que</strong>m havia fabricado o silencioso<br />

apreendido, o depoente declarou haver sido ele próprio...”<br />

Resolvida a<strong>que</strong>la <strong>que</strong>stão.<br />

Tempos depois, o Tigre foi levado, com outros companheiros, a julgamento na Auditoria<br />

da Marinha. As sessões ocorriam no prédio do antigo Ministério da Marinha, próximo ao<br />

Arsenal de Marinha. Os presos notaram <strong>que</strong>, durante essas audiências, havia um grande<br />

relaxamento na vigilância. Os guardas permaneciam conversando, distraídos, no corredor.<br />

Assim sendo, combinaram a fuga com os companheiros <strong>que</strong> estavam em liberdade. No<br />

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