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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Foram inúmeras as assembleias, passeatas e comícios relâmpagos entre 65 e <strong>68</strong>. A<br />

capacidade de mobilização do movimento estudantil (ME) foi aumentando<br />

paulatinamente.<br />

Desde o ano de 1960, havia movimentos em muitos outros países da Europa e nos EUA,<br />

em torno de <strong>que</strong>stões como a Guerra do Vietnã e contra o autoritarismo de uma maneira<br />

geral. Este fato tinha grande repercussão aqui entre nós. Esse sinergismo nos encorajava.<br />

Tudo isso foi acompanhado de uma reviravolta nos costumes e nos comportamentos. “É<br />

proibido proibir” foi a pichação feita nos muros de Paris em maio de <strong>68</strong>, durante a<br />

rebelião estudantil. Houve <strong>que</strong>stionamento dos dogmas nos mais diferentes setores: nas<br />

artes, na família, na política e na sociedade. E veio o Cinema Novo, a MPB, novos<br />

paradigmas nas artes plásticas, na literatura, a libertação da mulher em relação ao estudo<br />

e ao trabalho, a pílula anticoncepcional e a liberdade sexual.<br />

Acontece a passeata dos 100 mil em 26 de junho de <strong>68</strong>. A reação enlou<strong>que</strong>ce. Quando<br />

abrirem os arquivos da ditadura, a gente vai poder saber direitinho tudo o <strong>que</strong> a “milicada”<br />

arquitetou e fez.<br />

Enquanto isso, o aparelho de repressão organizou-se e fortaleceu-se. É assinado o AI-5,<br />

em 13 de dezembro de <strong>68</strong>. Uma parcela significativa da intelectualidade <strong>que</strong> enfrentava<br />

a ditadura foi posta para fora dos seus empregos. Nos anos seguintes, a repressão começa<br />

a bater mais forte.<br />

Em 1969, o número de prisões ilegais e arbitrárias aumenta, incluindo a minha, feita pelo<br />

CENIMAR (Centro de Informações da Marinha) e, daí em diante, acontecem em uma<br />

escala cada vez mais intensa. As organizações foram radicalizando suas formas de luta,<br />

na medida em <strong>que</strong> a repressão aumentava. A Operação Bandeirantes2 já era uma<br />

realidade.<br />

O PC do B vinha organizando a guerrilha do Araguaia. Acreditava-se, inspirados na teoria<br />

do foco de Regis Debret, <strong>que</strong>, com um foco guerrilheiro no centro do país, as massas nas<br />

cidades se sublevariam e o apoiariam.<br />

2 A Operação Bandeirantes (OBAN) foi uma experiência ocorrida em São Paulo <strong>que</strong> reuniu, em um mesmo<br />

local, todos os serviços de informação e repressão então existentes. Deu tão “bons resultados” <strong>que</strong>, em 1970, organizaram-se,<br />

nos mesmos moldes, outros DOI-CODIs em cada região militar do país.<br />

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