06.05.2013 Views

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cabia a mim, ao Luciano Vasconcelos, ao “Fidel”, o Ildefonso Rodrigues, e ao Luciano<br />

Montezuma, entre outros com menor participação, eu tinha lá diversos números do<br />

jornal do Partido, o Novos Rumos. Só os comissionados, como o Zé Augusto, podiam<br />

entrar pela manhã. Fomos, então. O Zé entrou e fez o serviço...<br />

Esta foi apenas a primeira expressão do verdadeiro caráter do Zé, um cara <strong>que</strong>,<br />

aparentemente, só se interessava por duas coisas: mulheres e futebol! Meses depois,<br />

quando nossa Cooperativa de Consumo suspendeu o fornecimento às nossas famílias,<br />

por temer quanto ao nosso futuro no Banco <strong>que</strong> suspendera nosso pagamento, o Zé<br />

Augusto levantou dinheiro junto aos colegas para atender aos presos políticos do BNB.<br />

Nasceu, daí, uma grande amizade entre nós, mas perdemos o contato desde <strong>que</strong> ele se<br />

aposentou e foi para o Rio de Janeiro. Ficou-me a lembrança de um homem de muito<br />

bom humor, poucas palavras e muito caráter. “Meu <strong>que</strong>rido Zé Augusto, onde você<br />

andará?”<br />

Outro caso interessante foi o do Marcondes, da 2ª ou 3ª Turma do CAB, o Curso de<br />

Aprendizagem Bancária, <strong>que</strong> o BNB criara. Ele filiou-se ao Partidão após o golpe, no<br />

exato momento em <strong>que</strong> certos colegas, aparentemente companheiros da Luta, ainda <strong>que</strong><br />

não filiados ao Partido, deixavam de falar conosco. Pelo menos um ou dois deles chegaram<br />

a nos dedo-durar, conforme circulou depois no Banco.<br />

No âmbito institucional, alguns indivíduos, prefiro não chamá-los nem mesmo de<br />

colegas, vestiram a roupa do rei e exerceram as novas funções como verdadeiras<br />

cassandras. O pessoal da Auditoria onde eu havia trabalhado prestou-se muito a isso e só<br />

vou citá-los, assim, genericamente. Fi<strong>que</strong> claro <strong>que</strong> houve os <strong>que</strong> simplesmente baixaram<br />

a cabeça para mantê-las inteiras. Devo mencionar o modo paternal como me tratou o<br />

doutor David Benevides, chefe da Auditoria. Ele forneceu-me uma cópia do inquérito<br />

administrativo <strong>que</strong> lá respondi, um dos mais complicados, por sinal, entre os vários a <strong>que</strong><br />

atendi. Ele me disse: “Leve para casa, leia e responda com todo o cuidado”.<br />

Outro fato: a Comissão de Equiparação Salarial BNB-BB, era presidida por um colega do<br />

Recife, chamado Olímpio Jurubeba de Sá, cujo vice era o Arimateia Ribeiro, de Fortaleza.<br />

Pois bem: uma reunião dessa comissão fora convocada para o Recife nos dias 28 e 29 de<br />

março de 1964. Compareci representando os colegas de Fortaleza. O Jurubeba não<br />

compareceu. Após o golpe, ele foi nomeado interventor no Sindicato do Recife pelo<br />

comando do IV Exército! O Roberto Souto-Maior, de Salvador, <strong>que</strong> presidiu a reunião, foi<br />

preso, em seguida, e amargou maus momentos, pelo <strong>que</strong> fi<strong>que</strong>i sabendo depois.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o GolPe (1964) 105

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!