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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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Na conferência universitária da<strong>que</strong>le ano na qual participei e onde fui escolhido para<br />

fazer parte do CU ele esteve no encerramento. Meu pai me havia educado para ver<br />

criticamente as manifestações de poder, puxa-saquismo, etc. A impressão <strong>que</strong> tive foi a<br />

pior possível. Chegou a<strong>que</strong>le dirigente, aparentemente arrogante, cercado de auxiliares<br />

<strong>que</strong> não precisavam estar ali. E ouvi de viva voz como estavam bem as relações do<br />

partido com o governo João Goulart e como a reação seria esmagada quando pusesse a<br />

cabeça para fora. Mas isso todo o mundo sabe e o <strong>que</strong> conto é apenas um testemunho<br />

de como estes fatos foram vistos por um garoto militante da<strong>que</strong>la época.<br />

PS: Apolônio, na época, era Secretário Nacional de Educação e também esteve na<br />

Conferência. Foi quando o conheci pela primeira vez e a impressão foi ótima. Os únicos<br />

senões foram a presença do Prestes e o comportamento da maioria <strong>que</strong> não <strong>que</strong>ria os<br />

mais à es<strong>que</strong>rda na direção do Comitê. Como não fui muito subserviente neste aspecto,<br />

pois <strong>que</strong>ria escutar e entender as posições dos <strong>que</strong> criticavam a linha do partido, acabei<br />

sendo eleito suplente. Entretanto, logo depois, fui efetivado.<br />

Em 1964, na Economia da Federal, atual UFRJ, conquistamos, num trabalho de frente, o<br />

Diretório Acadêmico, depois de dezoito anos de domínio da direita <strong>que</strong>, lá, era raivosa e<br />

incluía militantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Começou aí meu<br />

aprendizado de <strong>que</strong> não basta ser, ou alegar ser de es<strong>que</strong>rda para se ter um comportamento<br />

humano adequado e capaz de construir uma sociedade melhor. E de <strong>que</strong> poder, em<br />

qual<strong>que</strong>r campo de ação, afeta o comportamento das pessoas envolvidas.<br />

4.4 QueM eraM os verdadeiros...<br />

104<br />

José Flamarion Pelúcio Silva<br />

Aprende-se muito com um golpe. O de 1964 deixou-me várias lições. Menino ainda, ou<br />

quase, aprendi <strong>que</strong> é preciso esperar pela agitação da tempestade para saber onde estão<br />

os verdadeiros abrigos e onde se esconde o perigo.<br />

Estourado o golpe, o Zé Augusto, José Augusto Rocha, <strong>que</strong> trabalhava na mesma seção<br />

<strong>que</strong> eu no Banco do Nordeste, passou na minha casa. Éramos quase vizinhos. Ele<br />

perguntou se eu precisava de ajuda, a saber, ir ao Banco antes do expediente, <strong>que</strong> só<br />

começava ao meio-dia, para “limpar” a minha mesa. De fato, minha mesa de trabalho era<br />

um verdadeiro “aparelho” subversivo. Além dos boletins do Sindicato, cuja confecção

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