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68 a Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos - DHnet

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só entramos quando as toras começaram a pegar fogo e, lá dentro, pelo <strong>que</strong> pude<br />

perceber, ninguém esperou o fogo tomar conta de tudo para sair por onde fosse possível.<br />

Impressionante como estivemos juntos/próximos em tantos momentos.<br />

Luiz Alberto Sanz<br />

É verdade. Eu não me lembrava de você, Ronald. Você participava normalmente das<br />

atividades do prédio (CPC, UNE, UBES, CBDU). Havia muita gente lá, permanentemente.<br />

Na<strong>que</strong>le dia, eu estava chegando de São Paulo, onde o golpe me pegou. Na noite do dia<br />

31, eu assistia a Os Pe<strong>que</strong>nos Burgueses, no Oficina, quando o elenco interrompeu o<br />

espetáculo e comunicou <strong>que</strong> o golpe tinha sido desfechado e <strong>que</strong> o General Kruel<br />

(comandante do II Exército) havia aderido. Na véspera, dia 30, participáramos de uma<br />

reunião ampliada da base de Teatro, presidida por Cesare Giorgi (irmão do escultor<br />

Bruno), representando o Comitê Estadual. De fora do Partido, <strong>que</strong> me lembre, estavam o<br />

Boal, sua mulher Albertina (membro do Oficina e da AP), minha mãe, Luiza Barreto Leite<br />

e o poeta “maldito” Reynaldo Castro. Reynaldo era tão maldito <strong>que</strong> alguns companheiros<br />

nem <strong>que</strong>riam deixá-lo assistir à reunião, apesar de ser reconhecidamente de es<strong>que</strong>rda. Lá,<br />

fora decidido <strong>que</strong>, confirmado o golpe, eu e Luiza deveríamos voltar imediatamente para<br />

o Rio.<br />

Saímos do Oficina, passamos na casa da minha prima, pegamos as bagagens e rumamos<br />

para a rodoviária. Ainda era ali ao lado do DOPS. Demos a sorte de pegar o último ônibus.<br />

Logo depois, as viagens para o Rio foram suspensas.<br />

Pela estrada, nosso ônibus passava e iam sendo fechadas barreiras. Coisa de filme da<br />

Guerra Fria. No Rio, pegamos um táxi, deixei mamãe em casa e fui para o prédio da UNE,<br />

onde fi<strong>que</strong>i de mais ou menos nove da manhã até a hora da fuga, pelos fundos. Deramme<br />

a tarefa de controlar o sistema de som do último andar, <strong>que</strong> tinha alto-falantes<br />

voltados para a rua. De lá, fazíamos conclamações à resistência e à concentração na<br />

Cinelândia. Em outros momentos, fi<strong>que</strong>i ajudando a identificar pessoas na porta. Foi<br />

assim <strong>que</strong> recebi Mário Pedrosa e Aloísio Carvão <strong>que</strong> foram prestar solidariedade.<br />

<strong>68</strong> a geraçao <strong>que</strong> <strong>que</strong>ria mudar o mundo: <strong>relatos</strong> relaToS - o GolPe (1964) 101

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