GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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acúmulo dos metabolitos da fadiga nas células do cérebro. A inibição<br />
hipnótica permite o repouso e a restauração do cérebro pela eliminação dos<br />
dejetos metabóíicos. A inibição protege o cérebro do cansaço e da superexcitação,<br />
limitando as excitações exteriores.<br />
Mas este processo de inibição é na realidade sempre um processo de<br />
inibição-ativaçffo'? Que faz a inibição? Ela desliga o neurônio e, mais<br />
amplamente, o sistema nervoso consciente. Este último não mais recebe,<br />
ou recebe menos, as mensagens vindas do exterior e, portanto, não as<br />
responde mais, ou responde menos. A iníbição é uma freada, uma<br />
separação em relação à atividade normalmente voltada para o mundo<br />
exterior. Tudo se passa como se a energia nervosa, separada da atividade<br />
exterior por via da inibição, se encontrasse, a partir daí, disponível para<br />
outras tarefas, de ordem interna, por meio da ativação de outras áreas do<br />
sistema nervoso, por meio de estímulo dialeticamente ligado à inibição do<br />
sistema nervoso consciente.<br />
No sono, observa-se uma forte redução da atividade dos neurônios, que<br />
lhes permite recuperar a energia nervosa despendida em estado de vigília<br />
na vida sensorial, nas atividades de relação e no funcionamento do próprio<br />
espírito consciente. Mas esta inibição das atividades corticais provoca<br />
inversamente o estímulo da região subcortical, sede das atividades<br />
inconscientes e involuntárias. Tudo se passa como se uma turma do dia e<br />
unia turma da noite se alternassem no cérebro para assegurar a<br />
continuidade de uma atividade neurocervical incessante, voltada tanto para<br />
o exterior como para o Interior. A turma do dia seria a região cortical do<br />
cérebro, isto é, a parte do sistema nervoso cervícal filogenetícamente mais<br />
recente, portanto a mais frágil e também a mais fatigável porque a mais<br />
solicitada pela atividade em estado de vigília. A turma da noite, ao<br />
contrário, seria a região subcortical. Quando uma turma repousa, a outra<br />
trabalha, e vice-versa. Como observaria mais tarde Dement, no título de<br />
uma de suas obras: "Some must watch while some musí sfeep"8.<br />
Aplicada ao sono e à hipnose, a teoria pavloviana da inibição--ativação é<br />
aplicada também à sugestão. Para Pavlov, com efeito, como vimos no<br />
capítulo II deste livro, "a inibição é o próprio fundamento do fenômeno da<br />
sugestão". Como assim?<br />
Antes de responder a esta pergunta, recordemos a distinção clássica<br />
estabelecida por Pavlov entre o primeiro e o segundo sistema de<br />
sinalização.<br />
A idéia pavloviana de "sinalização" repousa sobre a existência, na<br />
atividade cerebral, de uma conexão entre a excitação e a informação de<br />
alguma coisa existente fora e separadamente do excitante.<br />
O primeiro sistema de sinalização, como vem definido por Pavlov, é<br />
comum ao homem e ao animal e consiste em impressões diretas. Tais<br />
impressões são ligações provisórias, sinais que refletem a ação do mundo