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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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análise. Tanto quanto ele, (o médico) é um elemento constitutivo do<br />

processo psíquico chamado tratamento e, por conseguinte, tão exposto<br />

quanto ele às influências transformadoras... Quem poderia, sem ser<br />

educado, educar a outro?... O desenvolvimento recente da psicologia<br />

analítica... coloca em primeiro plano a personalidade do próprio médico<br />

como fator de cura ou de agravamento è exige o aperfeiçoamento interior<br />

do médico, a auto-educação do educador"16.<br />

Alargando ainda mais sua visão, Jung manifesta uma forma bastante<br />

diferente de conceber o próprio tratamento analítico, dentro de uma ótica<br />

radicalmente renovada pela transformação da relação terapêutica.<br />

"Nós conhecíamos o domínio e a submissão psíquica, mas nenhum<br />

desenvolvimento metódico da alma e de suas funções... Numa escala<br />

cultural mais elevada é o desenvolvimento que deve substituir e que<br />

substituirá a coerção. Do momento em que uma psicologia médica toma<br />

por objeto o próprio médico, ela deixa de ser somente um método de<br />

tratamento para doentes. Ela se dirige agora a seres sãos ou, entendamonos,<br />

a seres que têm a pretensão moral de desfrutar da saúde da alma e cujo<br />

mal é assim, no máximo, o mal de que sofre qualquer pessoa"27.<br />

Desta série de citações que ilustram a concepção de Jung sobre a relação<br />

terapêutica e a psicoterapia em geral, resultam alguns pontos essenciais de<br />

surpreendente relevo.<br />

Primeiro ponto: é a personalidade do médico e sua atitude que<br />

desempenham o papel essencial na terapia. Teorias, métodos e técnicas são<br />

em larga medida indiferentes. Segundo ponto: a terapia repousa sobre uma<br />

ligação de confiança mútua, na qual o terapeuta se envolve totalmente.<br />

Terceiro ponto: a ênfase, que em Freud é colocada quase exclusivamente<br />

sobre o paciente, não só é posta por Jung, e muito vigorosamente, sobre o<br />

médico, mas também e sobretudo no valor ético deste último enquanto<br />

indivíduo. Não é mais o diploma de médico mas a qualidade humana do<br />

terapeuta que desempenha daí em diante o papel decisivo no êxito ou no<br />

fracasso da terapia.<br />

Quanto às leis psicológicas do psiquismo profundo, é preciso, reconhece<br />

Jung, ensiná-las ao paciente que não as conheça, e o que ele chama de<br />

educação constitui um dos procedimentos fundamentais de sua psicotei<br />

apia. Mas como evitar, a partir daí, que a educação se transforme em<br />

sugestão, no sentido coercitivo que Jung atribui a essa palavra? Já<br />

conhecemos a resposta, dada pelo próprio Jung: a análise é uma<br />

intervenção psicológica que visa a desencadear processos inconscientes já<br />

presentes em estado de virtualidade na psique do outro. Portanto, não há a<br />

coação pessoal exercida pelo analista e, pois, não há sugestão, conclui<br />

Jung. Ao que respondemos, não há coação, não há sugestionamento, mas<br />

evidentemente há sugestão, porque negar a existência da sugestão em tais<br />

casos, como o fez Jung, significa negar a evidência e brincar com as

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