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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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estado de sugestibilidade no qual o paciente é colocado pela transferência,<br />

na realidade ela propõe a este último uma teoria e interpretações atrás das<br />

quais se dissimula a vontade arbitrária e dominadora do analista, quer este<br />

seja ou não consciente disto.<br />

Jung não titubeia, em denunciar toda psicoterapia ligada a qualquer teoria.<br />

O princípio da terapêutica "sugestiva", de acordo com o sentido coercitivo<br />

sempre dado por Jung a esta palavra, pode ser enunciado assim: "Pertence<br />

à terapêutica sugestiva todo método que pretende dispor de um saber sobre<br />

outrem e que, paia aplicá-lo, vai interpretar a individualidade a ser tratada<br />

em função desse saber. Da mesma forma, numa acepção ampla, fazem<br />

parte da terapêutica sugestiva todos os métodos técnicos, no sentido<br />

próprio do termo, porque supõem sempre, implicitamente, a similitude dos<br />

seus objetos individuais"15. Todo método sugestivo, constrangedor<br />

segundo a terminologia de Jung, repousa sobre o postulado de base da<br />

"insignificância do indivíduo"16.<br />

Como, nessas condições, conciliar o respeito, levado até os seus extremos<br />

limites, à liberdade do paciente, com a necessidade de intervir, desta ou<br />

daquela forma, por meio da terapia? De dois modos, responde Jung.<br />

Primeiro por uma mudança de atitude do analista em relação à própria<br />

terapia. Jung concebe a terapia não mais como a prática de uma teoria ou<br />

de um método que seriam pessoais ao analista, mas como uma intervenção<br />

que visa a provocar uma evolução psicológica, a despertar, a desencadear<br />

processos inconscientes já presentes em estado de virtualidade na psique<br />

do paciente que, a partir daí, evoluirá por si no sentido da cura. Trata-se de<br />

despertar e estimular os processos naturais de auto-cura e de auto-regulação<br />

da psique humana.<br />

Existem leis evolutivas do psiquismo humano, leis fundamentais, inerentes<br />

à vida. Segundo Jung, o analista só é o expositor destas leis, o "facilitador",<br />

diria mais tarde Rogers. O essencial do trabalho terapêutico, que é<br />

intrapsíquico, deve ser realizado pelo próprio paciente. O analista<br />

desempenha o papel de simples catalisador. Seu método, de fato, consiste<br />

em não ter método. A modéstia, a discreção e o respeito transformam-se<br />

em condições essenciais para a ação eficaz.<br />

"Nós (os terapeutas), declara Jung em 1931, não somos os criadores<br />

pessoais das nossas verdades, mas somente os expositores delas, seus<br />

porta-vozes."<br />

Nunca seria demais sublinhar a mudança fundamental de atitude que surge<br />

aqui, nem a importância histórica da contribuição de Jung, a este respeito,<br />

no domínio da psicoterapia. O homem — no caso, o psicoterapeuta —<br />

prisioneiro durante tanto tempo de uma atitude arrogante de conquista e de<br />

domínio da natureza, reflexo muitas vezes, se não sempre, de uma ridícula<br />

vontade de poder e de uma atitude interior de vaidosa afirmação de si

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