GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ... GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

veterinariosnodiva.com.br
from veterinariosnodiva.com.br More from this publisher
06.05.2013 Views

do que o é o "segundo tempo", ou seja, o processo ídeo-reflexo, porque este último se desenvolve inteiramente no inconsciente do paciente. Mas na auto-sugestão, o elemento propriamente sugestivo, e que se aparenta com a hetero-sugestão, está presente, em nossa opinião, por outra razão ainda'bem mais fundamental. Se na auto-sugestão há sempre um sugestionador. é porque a própria vontade do paciente age como sugestionador. O importante é ver bem que, no processo auto-sugestivo, há sempre dissociação interior, conversa de si consigo, diálogo do nosso eu consciente com o nosso eu inconsciente. Muito já se falou do "monólogo interior". Mas este monólogo na realidade é um diálogo. O mesmo acontece com a auto-sugestão na qual, sem dúvida, age o processo inconsciente revelado por Baudouin, mas que também comporta ern nós mesmos a "emissão" e a "recepção" afastadas erradamente do fenômeno sugestivo pelo psicólogo genebrino. Que seja, pode-se dizer, mas e as sugestões inconscientes, aquelas que a pessoa recebe sem o saber? Pode-se sustentar que também neste caso haja um sugestionador? Sim, exatamente, e o processo também aqui não difere fundamentalmente da hetero-sugestão: o sugestionador ê o próprio excitante sugestivo. Este excitante não é percebido conscientemente, mas age à maneira de um sugestionador. Ele encontra aceitação ou rejeição da pessoa, aceitação ou rejeição também inconscientes. Este último ponto, ignorado por Coué, em compensação, foi admitido por Baudouin, que escreveu: "Por aceitação não se deve entender um fato de vontade consciente e deliberada"6. Não é o consciente, assevera Baudouin, é o inconsciente que aceita. "A idéia, em lugar de ser confrontada com outras e julgada do ponto de vista intelectual e voluntário, recebe a hóspede como uma estranha: ela permanece isolada e por conseguinte não. é contraditada... A idéia aceita é uma idéia que se implantou no espirito poi falta de controle1. (Esta idéia é aceita) por credulidade, rotina, indiferença, confiança no hipnotizador,1 "influência pessoal" deste último"8. É importante esclarecer o seguinte: quando Baudouin fala de controle, de sugestão controlada, trata-se de um controle consciente, exercido pelo juízo e pela razão. Sem isso, segundo ele, não há um controle concebível. Seria necessário enfatizar o quanto é ilusória, em*-nossa opinião, a pretensão de exercer um perpétuo autocontrole consciente sobre as inumeráveis sugestões, conscientes ou não, que se apresentam a um ser humano ao longo de um dia? A quanta rigidez e a quanta impotência conduziria tal tentativa! É mais ou menos como se pretendêssemos seguir constantemente pelo pensamento e controlar conscientemente todos os processos fisiológicos da digestão, da assimilação ou da circulação do sangue no interior do corpo humano, em toda sua infinita complexidade. Qual seria o resultado de tal pretensão, se não a j?ior das neuroses? Além disso, segundo quais critérios "proibir a passagem às idéias indesejáveis",

supondo-se que se possa exercer tal censura consciente, o que evidentemente não acontece? Que é necessário um controle sobre as sugestões que nos chegam, de acordo. Mas um controle desse tipo só pode ser parcialmente consciente. Para ser eficaz e real, e também para deixar livre e disponível o nosso espírito consciente, é preciso que tal controle seja largamente inconsciente. A excitação sugestiva, que no caso faz o papel de sugestio-nador, encontra sempre a aceitação ou a rejeição da pessoa, no nível inconsciente. Este é um aspecto particular do "primeiro tempo" do processo sugestivo, ao qual Baudouin nega toda força, se não a própria existência. Ao contrário, nós pensamos que esse "primeiro tempo", em sua dimensão consciente tanto quanto inconsciente, está sempre presente e é de extrema importância em qualquer forma de sugestão, seja heterossugestão ou auto--sugestão, e, quanto a esta última, quer seja consciente, quer não. É verdade que Baudouin reconhece ao inconsciente a capacidade de aceitar. Mas porque sua psicologia permanece fundamentalmente uma psicologia do consciente, Baudouin imagina que esta aceitação, que não passou pelo crivo do julgamento consciente e da razão, só pode ser efeito da passividade e da totina. Além disso, Baudouin nega ao inconsciente a capacidade de recusar sugestões que seriam nefastas. Baudouin contradiz a existência desta capacidade de recusa e, em nossa opinião, ele está totalmente errado. Se o ser humano reage inconscientemente às sugestões que lhe chegam, o faz talvez de forma muito mais positiva do que negativa. Por que querer, a toda força, que onde a razão e o julgamento consciente não intervém só exista cegueira, passividade e caos? De fato, o inconsciente é em larga medida o produto de sugestões e de auto-sugestões passadas, boas ou más. O inconsciente, urdido por esse passado, não pára de aceitar ou de recusar, de fazer uma triagem, de selecionar, bem ou mal, as sugestões recebidas. Por "bem", queremos dizer: de conformidade às finalidades do ser, inclusive as mais profundas e mais válidas. E por "mal" entendemos o que se opõe a essas finalidades ou as ignora. Trata-se de um ponto fundamental, ao qual voltaremos mais pormenorizadamente quando, mais adiante, abordarmos a noção de atitude. Esta noção — fundamental — diz respeito ao problema do controle inconsciente das sugestões e está no centro das pesquisas atuais em matéria de psicocibernética. Na verdade, ela é posterior aos trabalhos de Baudouin sobre a sugestão e realmente não se pode censurá-lo por tê-la ignorado. 2. A AUTO-SUGESTAO REDUZIDA Ã AUTO-HIPNOSE Recordemos inicialmente a classificação dos principais tipos de sugestão propostos por Baudouin. Baudouin distingue três tipos de sugestão: espontânea, refletida, provocada. E na psicologia da atenção que ele busca o princípio da

do que o é o "segundo tempo", ou seja, o processo ídeo-reflexo, porque<br />

este último se desenvolve inteiramente no inconsciente do paciente.<br />

Mas na auto-sugestão, o elemento propriamente sugestivo, e que se<br />

aparenta com a hetero-sugestão, está presente, em nossa opinião, por outra<br />

razão ainda'bem mais fundamental. Se na auto-sugestão há sempre um<br />

sugestionador. é porque a própria vontade do paciente age como<br />

sugestionador. O importante é ver bem que, no processo auto-sugestivo, há<br />

sempre dissociação interior, conversa de si consigo, diálogo do nosso eu<br />

consciente com o nosso eu inconsciente. Muito já se falou do "monólogo<br />

interior". Mas este monólogo na realidade é um diálogo. O mesmo<br />

acontece com a auto-sugestão na qual, sem dúvida, age o processo<br />

inconsciente revelado por Baudouin, mas que também comporta ern nós<br />

mesmos a "emissão" e a "recepção" afastadas erradamente do fenômeno<br />

sugestivo pelo psicólogo genebrino.<br />

Que seja, pode-se dizer, mas e as sugestões inconscientes, aquelas que a<br />

pessoa recebe sem o saber? Pode-se sustentar que também neste caso haja<br />

um sugestionador? Sim, exatamente, e o processo também aqui não difere<br />

fundamentalmente da hetero-sugestão: o sugestionador ê o próprio<br />

excitante sugestivo. Este excitante não é percebido conscientemente, mas<br />

age à maneira de um sugestionador. Ele encontra aceitação ou rejeição da<br />

pessoa, aceitação ou rejeição também inconscientes. Este último ponto,<br />

ignorado por Coué, em compensação, foi admitido por Baudouin, que<br />

escreveu: "Por aceitação não se deve entender um fato de vontade<br />

consciente e deliberada"6. Não é o consciente, assevera Baudouin, é o<br />

inconsciente que aceita. "A idéia, em lugar de ser confrontada com outras e<br />

julgada do ponto de vista intelectual e voluntário, recebe a hóspede como<br />

uma estranha: ela permanece isolada e por conseguinte não. é<br />

contraditada... A idéia aceita é uma idéia que se implantou no espirito poi<br />

falta de controle1. (Esta idéia é aceita) por credulidade, rotina, indiferença,<br />

confiança no hipnotizador,1 "influência pessoal" deste último"8.<br />

É importante esclarecer o seguinte: quando Baudouin fala de controle, de<br />

sugestão controlada, trata-se de um controle consciente, exercido pelo<br />

juízo e pela razão. Sem isso, segundo ele, não há um controle concebível.<br />

Seria necessário enfatizar o quanto é ilusória, em*-nossa opinião, a<br />

pretensão de exercer um perpétuo autocontrole consciente sobre as<br />

inumeráveis sugestões, conscientes ou não, que se apresentam a um ser<br />

humano ao longo de um dia? A quanta rigidez e a quanta impotência<br />

conduziria tal tentativa! É mais ou menos como se pretendêssemos seguir<br />

constantemente pelo pensamento e controlar conscientemente todos os<br />

processos fisiológicos da digestão, da assimilação ou da circulação do<br />

sangue no interior do corpo humano, em toda sua infinita complexidade.<br />

Qual seria o resultado de tal pretensão, se não a j?ior das neuroses? Além<br />

disso, segundo quais critérios "proibir a passagem às idéias indesejáveis",

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!