GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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CAPITULO VIII<br />
A primeira teoria de conjunto<br />
do fenômeno sugestivo:<br />
Charles Baudouin<br />
1. A <strong>SUGESTÃO</strong> REDUZI<strong>DA</strong> À AUTO-<strong>SUGESTÃO</strong><br />
Em sua tese de doutoramento em psicologia, publicada em 1920, revista e<br />
reeditada muitas vezes (6? edição, 1951) e considerada um dos raros<br />
clássicos sobre a sugestão, o psicólogo universitário franco-suíço Charles<br />
Baudouin (1890-1963) esforçou-se, como assinala no prefácio à primeira<br />
edição do seu livro, no sentido de propor uma teoria de conjunto do<br />
fenômeno sugestivo.<br />
A tentativa de teorização de Baudouin pretende-se solidamente baseada na<br />
prática, no caso, uma prática diretamente inspirada em Coué, a quem<br />
Baudouin dedicava viva admiração. Ele se propôs a estabelecer em bases<br />
sólidas a psicologia do método Coué.<br />
Existe, pergunta Baudouin na introdução de sua obra, uma característica<br />
específica comum a todos os fatos geralmente considerados de domínio da<br />
sugestão, de tal forma que, onde se encontrar essa característica, se possa<br />
falar de sugestão? Sim, responde Baudouin, mas na realidade existem duas<br />
características, e bem diferentes, dois tempos, dois momentos: 19) uma<br />
idéia (imagem ou conceito) proposta ou imposta pelo operador e aceita<br />
pelo espírito do paciente; 29) esta idéia se transforma em ato, isto é, seu<br />
objetivo — alucinação ou cura — se realiza: é o que Baudouin, retomando<br />
um termo de Bernheim, chama de processo ídeo-reflexo. Estes dois tempos<br />
se encontram em todos os fatos tidos sem contestação como sugestões.<br />
Mas qual dos dois é essencial e verdadeiramente característico?<br />
Responde Baudouin: "Se procurarmos quais são as modificações mais<br />
profundas que a sugestão de um operador pode produzir numa pessoa<br />
hipnotizada... (verifrcaremos) que uma pessoa sozinha pode por si mesma<br />
produzir (modificações) semelhantes em si própria"1. "Ora, se uma pessoa<br />
sozinha, sem hipnotismo e sem sugestionador, pode ser a sede de<br />
fenômenos análogos... (é que) o momento essencial, característico no<br />
processo da sugestão é o segundo tempo (transformação da idéia em ato) e<br />
não o primeiro (aceitação da idéia de outrem)"2. E mais adiante: "Impõe-se<br />
portanto a conclusão: a sugestão não pressupõe necessariamente a presença<br />
de um sugestionador: basta a própria pessoa. Em outras palavras, a<br />
sugestão não poderia ser definida como um fenômeno de passagem, que<br />
tem por ponto de partida a consciência do operador e por ponto de chegada<br />
a consciência do paciente. Mas deve ser definida por inteiro como um<br />
trabalho que se realiza no próprio paciente... A sugestão não é um<br />
fenômeno interindividual mas um fenômeno intra-individual. É preciso<br />
separar, definitivamente, da idéia de sugestão as idéia de submissão, de