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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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sensibilidade. E, ainda, muito volun-tarista porque, apesar de tudo,<br />

reduzida a esforçar-se para não se esforçar.<br />

O inconsciente é um domínio muito mais complexo do que pensava Coué.<br />

Assimilar o inconsciente apenas à imaginação é muito sumário. Coué<br />

parece ter ignorado o aspecto patológico de que se reveste tão facilmente a<br />

imaginação quando exaltada de forma neurótica. Acreditar que se pode<br />

dominá-la conscientemente pela simples afirmação de que "tudo vai de<br />

bem a melhor", infelizmente, em muitos casos, dá a idéia de um<br />

ilusionismo enganador. Os seres não são tão simples. E a sugestibilidade<br />

de cada um, além disso, é extremamente desigual. Varia segundo o caráter<br />

de cada pessoa, segundo suas tendências profundas, os desequilíbrios<br />

íntimos, os hábitos, a fisiologia, o nível de consciência, a instrução e a<br />

cultura, segundo os momentos da existência, o meio, as circunstâncias. A<br />

sugestibilidade de cada um varia também de acordo com o sugestionador<br />

— ou o que dá início à auto-sugestão —, conforme a personalidade deste,<br />

conforme a própria qualidade de suas sugestões, conforme a confiança ou a<br />

fé que desperta entre os que o escutam, conforme a relação criada entre<br />

estes e ele. E como sustentar, como o fazia Coué, que a sugestão e a autosugestão<br />

repousam sempre na aceitação do paciente, quando se pensa nas<br />

sugestões e auto-sugestões inconscientes, subliminares, cujo impacto, em<br />

muitos casos, parece irresistível?<br />

De maneira geral, é evidente que Coué exagerou muito o poder do<br />

"pensamento positivo", e assim ofereceu o flanco, em particular, aos<br />

críticos de inspiração psicanalítica que o censuraram, não sem razão, por<br />

ter atribuído ao pensamento um poder quase mágico, poder desmentido de<br />

forma bastante evidente pelos fatos.<br />

Entretanto, o método Coué assinala, apesar das suas deficiências, um<br />

momento importante na história da moderna tomada de consciência da<br />

sugestão. O imenso mérito de Coué terá sido o de acentuar a importância<br />

capital da auto-sugestão imaginativa na psicologia humana e a absoluta<br />

necessidade de exercer ou tentar exercer o controle e a ação sobre um<br />

fenômeno de conseqüências tão determinantes sobre a saúde, o equilíbrio e<br />

a felicidade do ser humano. Mais ou menos por essa época a psicanálise<br />

descobriu p inconsciente, procurando explorá-lo e revelar seus mecanismos<br />

escondidos. Inspirando-se numa psicologia mais sumária, mas também<br />

mais dinâmica, Coué o empírico, Coué o pragmático, não se propôs a<br />

conhecer o inconsciente. Com ou sem razão, isso pouco lhe importava. A<br />

empresa lhe parecia vã. O mecanismo inconsciente, pensava Coué, nos<br />

escapa, em sua infinita complexidade. O que queria Coué, o que esperava,<br />

era simplesmente, depois de ele próprio ter aprendido, ensinar aos outros a<br />

se servirem desse mecanismo, controlar-lhe o uso, utilizar consciente e<br />

pragmaticamente o inconsciente, para maior bem do ser humano.

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