GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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CAPÍTULO VII<br />
O método Coué e<br />
a auto-sugestão<br />
consciente<br />
Nascido em Troyes, em 1857, de velha família da aristocracia bretã<br />
arruinada pela revolução de 1830 e fixada na capital da Champagne, Coué,<br />
farmacêutico estabelecido era sua cidade natal, era um homem simples e<br />
bom, sensível e desinteressado, animado pelo desejo profundamente<br />
sincero de ajudar e consolar o próximo. O exercício da profissão de<br />
farmacêutico logo o convenceu da imensa importância da sugestão no<br />
domínio da terapia. Como escreveu R. L. Charpentier1,' "não lhe escapava<br />
a importância do moral sobre a eficácia do remédio para aqueles que o<br />
procuravam, ansiosos ou cheios de esperança quanto à receita prescrita. Ele<br />
via o papel que desempenha o temor ou a confiança, a força da palavra que<br />
encoraja, o valor do conselho dado como boa vontade".<br />
Coué verificou que a eficácia de um medicamento é ligada muito menos à<br />
sua ação intrínseca do que à confiança que o doente lhe dedica. Um dia,<br />
Coué deu um frasco de água destilada a um cliente, fazendo-o crer que se<br />
tratava de medicamento de infalíveis resultados curativos. Alguns dias<br />
depois, o paciente volta para agradecer a Coué, declarando-se curado. Cura<br />
devida à imaginação e ligada ao "efeito placebo". Um medicamento<br />
prescrito pelo médico, sem nenhuma explicação, quase não dá resultados; o<br />
mesmo medicamento "cura" o paciente se o médico que o receita tem o<br />
cuidado de assegurar-lhe que a poção, as gotas ou as injeções prescritas<br />
vão regularizar seu fígado, drenar sua vesícula, diminuir sua tensão, etc. O<br />
medicamento simplesmente terá servido de suporte à sugestão médica.<br />
Convencido do papel primordial da imaginação e do extraordinário poder<br />
da sugestão, Coué se apaixona pelos primeiros escritos da escola de Nancy.<br />
Em 1885-1886, vai para a capital da Lorena seguir os ensinamentos de<br />
Bernheim e Liébeault, observando a prática que faziam da sugestão. Nos<br />
anos seguintes, continuando a exercer sua profissão, Coué tomou<br />
conhecimento de obras americanas de inspiração mais ou menos religiosa e<br />
dedicadas ao pensamento positivo e à cura sugestiva. Foram leituras<br />
decisivas que, depois da eliminação daquilo que Coué chamava de<br />
"contexto místico", levaram-no à convicção de que o elemento essencial de<br />
toda sugestão está, em definitivo, em sua aceitação por aquele que dela é<br />
objeto. Em outras palavras, a auto-sugestão, uma lei que Coué assim<br />
formularia: "A sugestão só age com a condição de ter sido transformada<br />
em auto-sugestão, isto é, de ser aceita".<br />
Coué, como muitos outros, ficou chocado, estarrecido, com o estilo<br />
autoritário da sugestão da maneira praticada por Bernheim. Evidentemente,