GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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tempo converter-se em barreira eficaz contra o que há de arbitrário na sugestão, humanizando-a. Outro psicoterapeuta de valor, o médico e neurologista francês Déjerine, mais ou menos na mesma época, por volta de 1910, criticou Bernheim com muita violência. Déjerine sustentava que uma atmosfera de confiança, criada pelo sentimento, na relação entre o médico e o seu paciente, constituía-se em elemento indispensável ao êxito de qualquer psicoterapia. E tal atmosfera de confiança supõe um clima de ausência de constrangimento e a liberdade na relação terapêutica. Sob outro ponto de vista, o que também se pode censurar na escola de Nancy é sua recusa em admitir, mesmo a título de hipótese, que possa existir em qualquer terapia sugestiva a ação concomitante da sugestão e da irradiação magnética. Quando se sabe que Bernheim geralmente praticava a sugestão em estado de vigília através da fixação do olhar ou do contacto das mãos, e que Liébeault, mesmo sugerindo a cura, impunha as mãos sobre os órgãos doentes (ao menos durante a maior parte da sua carreira de terapeuta), e que os dois chefes da escola de Nancy houveram por bem afirmar que não atribuíam qualquer valor magnético a esse gestos, mas apenas um valor sugestivo, não se pode deixar de pensar que de forma alguma tinha sido feita a demonstração da realidade exclusiva da sugestão. Na verdade, quanto a isso, é principalmente Bernheim que deve ser posto em causa. Liébeault sustentou o ponto de vista da sugestão exclusiva apenas durante um período muito breve da sua carreira, e sob a influência de Bernheim. Antes e depois dos anos 1887-1895, Liébeault dizia-se convencido da existência conjunta da sugestão e da irradiação magnética. Apesar das críticas que se lhe podem fazer, permanece o fato que a escola de Nancy desempenhou na história da sugestão um papel cuja importância é muito grande. De fato, pela primeira vez, a sugestão aparecia como um fenômeno autônomo, específico, dotado de terminologia que lhe seria própria; os escritos a ela referentes, de Bemheim e de outros autores da escola, rapidamente difundiram-na e lhe deram crédito junto ao mundo científico e ao grande público. A sugestão diferenciou-se da hipnose, separou-se dela, e, com Bernheim, finalmente acabou por absorvê--la, o que já era levar as coisas muito longe, como seria demonstrado por pesquisas posteriores. Além disto, o que é fundamental, pela primeira vez era afirmado o caráter normal, ordinário, natural, geral, e ao mesmo tempo positivo, benéfico, desejável, da sugestão, considerada até então, por todos os seus praticantes e pelos autores, não só como índice de uma vontade fraca e deficiente mas verdadeiramente como sinal de uma doença mental caracterizada. Para a escola de La Salpêtrière a sugestão ligava-se à psicologia patológica. A escola de Nancy, ao contrário, reintegrou a sugestão ao domínio da psicologia normal. Ela teve o grande mérito de tornar abundantemente
proveitosos os recursos da sugestão no tratamento das doenças tanto psicológicas como fisiológicas, inaugurando assim a era da medicina psicossomática moderna.
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tempo converter-se em barreira eficaz contra o que há de arbitrário na<br />
sugestão, humanizando-a.<br />
Outro psicoterapeuta de valor, o médico e neurologista francês Déjerine,<br />
mais ou menos na mesma época, por volta de 1910, criticou Bernheim com<br />
muita violência. Déjerine sustentava que uma atmosfera de confiança,<br />
criada pelo sentimento, na relação entre o médico e o seu paciente,<br />
constituía-se em elemento indispensável ao êxito de qualquer psicoterapia.<br />
E tal atmosfera de confiança supõe um clima de ausência de<br />
constrangimento e a liberdade na relação terapêutica.<br />
Sob outro ponto de vista, o que também se pode censurar na escola de<br />
Nancy é sua recusa em admitir, mesmo a título de hipótese, que possa<br />
existir em qualquer terapia sugestiva a ação concomitante da sugestão e da<br />
irradiação magnética. Quando se sabe que Bernheim geralmente praticava<br />
a sugestão em estado de vigília através da fixação do olhar ou do contacto<br />
das mãos, e que Liébeault, mesmo sugerindo a cura, impunha as mãos<br />
sobre os órgãos doentes (ao menos durante a maior parte da sua carreira de<br />
terapeuta), e que os dois chefes da escola de Nancy houveram por bem<br />
afirmar que não atribuíam qualquer valor magnético a esse gestos, mas<br />
apenas um valor sugestivo, não se pode deixar de pensar que de forma<br />
alguma tinha sido feita a demonstração da realidade exclusiva da sugestão.<br />
Na verdade, quanto a isso, é principalmente Bernheim que deve ser posto<br />
em causa. Liébeault sustentou o ponto de vista da sugestão exclusiva<br />
apenas durante um período muito breve da sua carreira, e sob a influência<br />
de Bernheim. Antes e depois dos anos 1887-1895, Liébeault dizia-se<br />
convencido da existência conjunta da sugestão e da irradiação magnética.<br />
Apesar das críticas que se lhe podem fazer, permanece o fato que a escola<br />
de Nancy desempenhou na história da sugestão um papel cuja importância<br />
é muito grande. De fato, pela primeira vez, a sugestão aparecia como um<br />
fenômeno autônomo, específico, dotado de terminologia que lhe seria<br />
própria; os escritos a ela referentes, de Bemheim e de outros autores da<br />
escola, rapidamente difundiram-na e lhe deram crédito junto ao mundo<br />
científico e ao grande público. A sugestão diferenciou-se da hipnose,<br />
separou-se dela, e, com Bernheim, finalmente acabou por absorvê--la, o<br />
que já era levar as coisas muito longe, como seria demonstrado por<br />
pesquisas posteriores.<br />
Além disto, o que é fundamental, pela primeira vez era afirmado o caráter<br />
normal, ordinário, natural, geral, e ao mesmo tempo positivo, benéfico,<br />
desejável, da sugestão, considerada até então, por todos os seus praticantes<br />
e pelos autores, não só como índice de uma vontade fraca e deficiente mas<br />
verdadeiramente como sinal de uma doença mental caracterizada. Para a<br />
escola de La Salpêtrière a sugestão ligava-se à psicologia patológica. A<br />
escola de Nancy, ao contrário, reintegrou a sugestão ao domínio da<br />
psicologia normal. Ela teve o grande mérito de tornar abundantemente