06.05.2013 Views

GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CAPITULO VI<br />

A escola de Nancy:<br />

a sugestão médica<br />

no estado de vigília<br />

Salvo nos Estados Unidos, onde adquiriu um aspecto muito particular,<br />

muito psicológico, embora sem ser assim identificada, a sugestão<br />

permaneceu, a partir do fim do século XVIII, primeiro estreitamente ligada<br />

ao sonambulismo artificial, no quadro do magnetismo animal de Puységur<br />

e seus discípulos, e doravante ao quadro da hipnose. É certo que alguns<br />

magne-tizadores franceses do século XIX, como du Potet e Noizet, já<br />

tinham observado que, às vezes, era possível obter, em estado de vigília,<br />

certos efeitos habituais do sono sonambúlico. Mas nem por isso a sugestão,<br />

que ao menos em parte está na origem de tais efeitos, foi isolada como<br />

fenômeno específico. Caberia a Liébeault e a Bernheim serem os pioneiros<br />

de uma primeira tomada de consciência a este respeito, fato capital na<br />

história da sugestão.<br />

Nada predispunha Liébeault, modesto médico rural instalado nas<br />

proximidades da antiga capital da Lorena, a vir a ser o inicia-dor daquilo<br />

que mais tarde seria chamada de escola de Nancy.<br />

Homem simples e desinteressado, indiferente aos modismos científicos,<br />

Liébeault, ainda jovem interno, interessara-se desde 1848 pelo magnetismo<br />

e pelo sono sonambúlico. Depois de médico, recorreu cada vez mais não ao<br />

magnetismo mas à hipnose inspirada nos ensinamentos de Braid, numa<br />

época em que, na França, nada parecia poder tirar as práticas sonambúlicas<br />

do descrédito quase total em que tinham caído. Considerado charlatão e<br />

meio louco pelos seus colegas médicos porque, circunstância agravante,<br />

não cobrava honorários das pessoas pobres quando as tratava por meio da<br />

hipnose, Liébeault acabou adquirindo na região de Nancy uma sólida<br />

reputação, não de médico mas de curandeiro. Em 1866, publicou seu<br />

primeiro livro sobre as próprias experiências de hipnotismo: em dez anos<br />

vendeu-se só um exemplar dessa obra.<br />

A hipnose praticada por Liébeault era de fato bem pouco hipnótica no<br />

sentido de que esta palavra era revestida até então. Para começar, segundo<br />

Liébeault, para provocar o sono sonambúlico não havia necessidade de se<br />

utilizar passes ou manipulações físicas. Também não era preciso recorrer à<br />

técnica do braidismo, que consistia na fixação de um ponto brilhante.<br />

Liébeault contentava-se em convidar o paciente a dormir, descrevendo-lhe<br />

em voz doce e monótona, que em certos momentos se tornava ligeiramente<br />

mais firme, os vários sintomas que precedem o sono: peso das pálpebras,<br />

sensação de entorpecimento, distensão do espírito e do corpo, redução das<br />

sensações vindas do mundo exterior, etc. Tratava-se do que Liébeault<br />

chamou de "sono parcial1', aparentado ao sono normal e provocado<br />

unicamente pela sugestão verbal que insinua progressivamente no espírito

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!