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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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apesar de certas aparências, estava ausente toda preocupação realmente<br />

psicológica.<br />

Como escreveram Chertok e Saussure, "a sugestão era tida (em La<br />

Salpêtrière) por^um processo mecanicista, explicado numa linguagem<br />

psico-neurofisiológica que se pretendia científica... A relação hipnosugeítiva<br />

assim ficava "despersonalizada", o que se pode interpretar no<br />

sentido de uma resistência crescente do médico a assumir um papel nessa<br />

relação"3. Velho problema. A recusa do hipnotizador-sugestionador de<br />

envolver-se pessoalmente fazia-o adotar, em relação aos seus pacientes,<br />

uma atitude voluntariamente distante, feita de frieza impessoal e de<br />

autoridade, conscientemente ou não, dominadora. Tal atitude, por si, já<br />

constituía um traumatismo suplementar ao doente. Em nome<br />

de uma certa concepção positivista de objetividade científica, procurava-se<br />

ignorar um dos elementos essenciais de toda sugestão: o liame, a relação<br />

afetiva. Negando esta relação, recusando-a, simplesmente substituíram-na<br />

por outra: uma relação de frieza, de constrangimento. De maneira geral, e<br />

exatamente por causa dessa atitude, a escola de La Salpêtrière só tirou um<br />

partido derrisório dos recursos terapêuticos da sugestão.<br />

Nos últimos anos de sua vida, Charcot, que escreveu um curioso artigo<br />

sobre "a fé que cura", parece ter concebido algumas dúvidas a respeito dos<br />

seus pontos de vista anteriores em matéria de hipnose e sugestão. Ele teria<br />

tido intenção de retomar inteiramente o estudo do problema. Mas não teve<br />

tempo: morreu de repente em 1893. Sua glória não sobreviveu a ele.<br />

Expostas aos ataques virulentos da escola de Nancy, da qual vamos falar<br />

incessantemente, as teorias de Charcot sobre hipnose-histeria desabaram<br />

definitivamente quando, em 1901, seu discípulo e colaborador preferido,<br />

Babinski, deu-lhes o tiro de misericórdia ao proclamar que a histeria não<br />

existe, pois é unicamente o produto de uma simulação inconsciente ou da<br />

sugestão do médico.<br />

À escola de La Salpêtrière convém ligar um cirurgião um pouco tardio,<br />

Pierre Janet, filósofo, médico e psicólogo que, de 1893 a 1910, dirigiu em<br />

La Salpêtrière o laboratório de psicologia experimental criado por Charcot<br />

um pouco antes de sua morte. Janet em seguida deu prosseguimento, nas<br />

condições bem particulares do Collège de France, onde ensinou de 1902 a<br />

1935, a uma brilhante e longa carreira de professor sem alunos e de<br />

pesquisador sem laboratório, nem serviço clínico de psicologia, pois o<br />

Collège não comporta nem uns nem outros.<br />

Eclipsado pelos êxitos de Freud, Janet entrou num esquecimento<br />

provavelmente imerecido. Alguns sinais recentes fazem pensar que sua<br />

obra um dia talvez ainda saia desse esquecimento.

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