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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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Charcot atribuía à histeria i causas psíquicas. A histeria ocorre, afirmava,<br />

depois de um choque psicológico. Contrariamente à opinião até então<br />

prevalecente, a histeria não é, segundo Charcot, ligada a uma lesão física<br />

do sistema nervoso. Ela é pós-íraumática, causada pela vivência mental do<br />

traumatismo, por sua reminis-cência.<br />

Charcot apresentava como prova da etiologia psicológica da histeria, as<br />

paralisias que ela provocava entre seus doentes, por simples sugestão. Mas<br />

a esta etiologia mental da histeria, Charcot associava um substrato<br />

fisiológico, uma hiperexcitabilidade — ou uma inibição — inata ou<br />

adquirida do sistema nervoso e que ele designava pela expressão de "lesões<br />

dinâmicas funcionais" por oposição às lesões anatômicas habituais.<br />

Charcot não escondia que esse substrato fisiológico ainda estava para ser<br />

descoberto, tanto em suas localizações como quanto aos seus mecanismos.<br />

Na verdade, o ponto de vista de Charcot sobre a questão fundamental da<br />

etiologia psicológica ou fisiológica das doenças mentais estava marcado<br />

por uma profunda ambigüidade. Charcot continuava, apesar de tudo,<br />

discípulo de Laênnec e partidário convicto do método anátomo-clínico.<br />

Charcot era neurologista. Sua concepção da histeria tendia mais para o<br />

orgânico-dinâmico, para o somático, do que para o psicológico. Tratava-se<br />

de fato de uma concepção fisiológica e funcional.<br />

Em 1882, numa ruidosa comunicação à Academia de Ciências, Charcot<br />

dava conta dos seus trabalhos sobre o hipnotismo e de suas descobertas,<br />

em particular dos três estados da hipnose: letargia, catalepsia,<br />

sonambulismo. Devido a seu imenso prestígio cientifico esta comunicação<br />

marcou o início de uma nova era na história da hipnose. Esta se convertia<br />

em fenômeno científico totalmente reconhecido, sobre o qual poderiam<br />

debruçar-se daí em diante, e sem demérito, os representantes da ciência<br />

oficial. Invocando mais ou menos diretamente a escola de La Salpêtrière e<br />

os ensinamentos de Charcot, numerosos médicos e pesquisadores se<br />

interessaram pela prática e pela teoria da hipnose: Bourru e Burot, Paul<br />

Richer, Demarquay, Dumontpallier, Luys, Pitres, Brémaud, Delboeuf e<br />

muitos outros, sem contar os inumeráveis médicos franceses e estrangeiros<br />

que, na qualidade de estagiários, passaram pelo serviço de Charcot. Tal foi<br />

o caso, em particular, do jovem Freud que, em La Salpêtrière, com<br />

Charcot, em 1885--1886, fez um estágio do qual voltaremos a falar.<br />

Infelizmente, para a glória de Charcot, Freud escolheu para objeto de suas<br />

experiências sobre a hipnose as mais influenciáveis dentre as doentes<br />

histéricas de La Salpêtrière. Estas estavam acostumadas a simular crises<br />

típicas de histeria, seja por imitação mútua, seja pelo efeito de sugestões<br />

inconscientes da parte dos médicos, e continuaram no seu jogo,<br />

inconscientemente ou não, durante as sessões de hipnotismo, ao rnesmo<br />

tempo para se tornarem interessantes e darem um prazer ao mestre. O

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