GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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espírito absorvido pela concentração sobre o objeto fixado pelo olho. Para<br />
Braid, o essencial na hipnose se passa no próprio paciente, e o hipnotizador<br />
desempenha um papel bastante secundário, impessoal, o de um simples<br />
"mecânico", dizia Braid, cuja função se limita a desencadear certos<br />
processos no organismo e no espírito do paciente.<br />
Quanto ao chamado sonho magnético, que os magnetizadores obtinham<br />
através de seus passes, não era devido, de forma alguma, segundo Braid, a<br />
um fluido qualquer, mas unicamente à fadiga nervosa provocada no<br />
paciente pela monotonia dos gestos feitos diante dele pelo magnetizador.<br />
Sono magnético e hipnose são uma só e mesma coisa. A hipnose,<br />
acrescentava Braid, coloca o cérebro do paciente num estado especial,<br />
particularmente propício à aceitação das sugestões, em especial as<br />
sugestões terapêuticas. Braid parece ter sido o primeiro a usar<br />
sistematicamente o termo "sugestão".<br />
. Nem na teoria nem na prática de Braid havia lugar para a relação afetiva e<br />
interpessoal entre o indutor e o seu paciente, relação considerada de tanta<br />
importância pelos magnetizadores. Adotando a atitude impessoal, que é<br />
também a do médico de tipo clássico, o hipnotizador não se envolve. Não<br />
que desapareça toda relação entre hipnotizador e hipnotizado. Bem ao<br />
contrário. Mas essa relação é uma relação de constrangimento, uma relação<br />
que infantiliza o hipnotizado, colocando-o sob a dependência absoluta do<br />
hipnotizador. Na hipnose, o paciente é incitado a se concentrar, o indutor<br />
lhe dá "ordens": durma, eu quero! Ou ainda: olhe atentamente a minha<br />
mão, ou aquele objeto brilhante. Pouco importa, além disso, que essas<br />
ordens sejam expressas verbalmente ou não. Pouco importa até a técnica da<br />
indução. Esta pode ser puramente corporal: toque dos pontos hipnógenos,<br />
por exemplo, ou movimentos imprimidos à cabeça do paciente. A técnica<br />
da indução pode consistir também em o paciente escutar um som intenso<br />
ou contínuo, o tic-íac de um relógio, ou o batimento de um metrônomo. O<br />
importante, aqui, é que o hipnotizador já "decidiu" que o paciente "deve"<br />
dormir e lhe ordenou isso verbalmente, mentalmente ou de outra forma. No<br />
sono magnético, ao contrário, o magnetizador não decide nada. Já de início<br />
ignora se o sono magnético aparecerá ou não. Ele se limita a transmitir o<br />
fluxo magnético ao seu paciente. Em relação a este, o magnetizador nada<br />
quer, nada pretende. E se há sugestão de sua parte, é uma sugestão que<br />
respeita a liberdade do seu paciente. Uma sugestão doce, portanto, que,<br />
quanto ao adormecido, tornado excepcionalmente sugestionável pelo sono<br />
magnético, se limita a favorecer, tanto quanto se pode, o despertar de<br />
recursos latentes, sem a intervenção do constrangimento e também sem<br />
que o magnetizador se afaste de uma extrema discreção em suas<br />
intervenções: sem sugestão doce, reservada e livre não há sono magnético.<br />
Um magnetizador consciente do que faz sente-se imperiosamente obrigado<br />
a respeitar a liberdade fisiológica e psicológica do seu paciente. Reside