GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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Quanto a Puységur, a vida inteira considerou Mesmer seu mestre. Foi ele que formulou os termos mesmerísmo, mesmeri-zação, mesmerizar para designar a terapia do magnetismo animal. Muito rapidamente, aliás-, os dois termos deveriam assumir uma significação mais exata, mais estreita, e evocarem apenas o sonam-bulismo artificial, à espera de se tornarem sinônimos de hipnose, a partir da segunda metade do século passado, sentido no qual ainda são usados correntemente hoje, sobretudo nos países de língua alemã e nos algo-saxões. Mais uma palavra a propósito da darividência, descoberta por Puységur concomitantemente ao sono sonambúlico artificial. Convencido pela experiência de que um magnetizador hábil pode provocar, em certos indivíduos, estados mais ou menos característicos de clarividência, Puysègur afirmava, retomando uma expressão de Mesmeí, que a clarividência está em relação com a existência, no ser humano, de um "sexto sentido" que transcende o tempo e o espaço e permite ao homem, em determinadas circunstâncias, descrever acontecimentos distantes ou predizer o futuro. Na Mémoire de 1799, Mesmer, por sua vez, esclarece que se trata de um "sentido interno2 relacionado ao conjunto do Universo e que poderia ser considerado uma extensão3 da visão". No sono magnético, "as impressões da matérias ambientes, prossegue Mesmer, não se fazem sobre os órgãos dos sentidos externos, mas direta e imediatamente sobre a própria substância dos nervos. O sentido interno torna-se assim o único órgão das sensações*... A perfeição depende (aqui) essencialmente de duas condições: uma é a suspensão total da ação dos sentidos externos; a outra é a disposição do órgão do sentido interno5. Este órgão consiste na união e entrelaçamento dos nervos... (Não se trata) de um ponto só ou de um único centro, nem de uma região circunscrita, mas do sistema nervoso por inteiro, isto é, do conjunto6 composto de todos os pontos de reunião, como o cérebro, a medula espinhal, os plexos e os gânglios..., submetidos à mesma lei, dependendo uns dos outros e igualmente tendendo a formarem um todo bem ordenado."'1 As linhas precedentes atestam a intuição genial de Mesmer sobre o processo de inibíção-attvação do sistema nervoso, que reencontraremos mais adiante, neste estudo sobre a sugestão, quando abordarmos os trabalhos de Pavlov. Em resumo, Puységur e Mesmer compreenderam que, por meio de uma inibição provocada e temporária das funções conscientes, é possível, através da sugestão e do magnetismo associados — e há toda razão para pensar que sempre estão — despertar, ao menos em determinados pacientes, capacidades insuspeitas e bem além das normas ordinárias. Pela impossibilidade de consagrar, aqui, aos êmulos de Mesmer e de Puységur o lugar que merecem, vamos nos limitar à indicação bastante
eve de uma das numerosas direções tomadas pelo pensamento e pela prática mesmerianos na primeira metade do século XIX. Implantado nos Estados Unidos, como já vimos, pelos franceses da Luisiânia, desde o fim do século XVIII, o mesmerismo animal conheceu aí um rápido desenvolvimento depois de 1810, e notadamente a partir de 1840, em condições muito singulares. O espírito prático e realizador dos americanos ateve-se não só aos aspectos terapêuticos do magnetismo animal e do sono magnético mas também ao benefício que o espírito humano poderia tirar de um dos elementos puramente psicológicos do mesmerismo: a sugestão. É aos americanos, sem dúvida, que cabe o mérito de, no plano prático, terem sabido dissociar a sugestão do magnetismo animal, discernindo bem cedo e antes de todos, como a sugestão representa uma formidável alavanca para a ação. Cura? Meio de indução a certos fenômenos parapsicológicos? Não só. A sugestão — quer se trate de sugestão a outro ou de auto-sugestão —, concebida essencialmente nos Estados Unidos como uma afirmação positiva, expressa com o vigor e a audácia próprios do espírito pioneiro, encontrou sua aplicação na vida cotidiana, propondo a cada um, doente ou não, os meios de decuplicar sua eficácia prática erh todos os domínios de atividade. A importância atribuída ao pensamento positivo, à sugestão e à auto-sugestão otimistas em estado de vigília -~ sem que o nome sugestão já tivesse aparecido — foi sem dúvida um dos traços mais notáveis da sociedade americana, pelo menos até uma época bem recente.
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eve de uma das numerosas direções tomadas pelo pensamento e pela<br />
prática mesmerianos na primeira metade do século XIX.<br />
Implantado nos Estados Unidos, como já vimos, pelos franceses da<br />
Luisiânia, desde o fim do século XVIII, o mesmerismo animal conheceu aí<br />
um rápido desenvolvimento depois de 1810, e notadamente a partir de<br />
1840, em condições muito singulares.<br />
O espírito prático e realizador dos americanos ateve-se não só aos aspectos<br />
terapêuticos do magnetismo animal e do sono magnético mas também ao<br />
benefício que o espírito humano poderia tirar de um dos elementos<br />
puramente psicológicos do mesmerismo: a sugestão. É aos americanos,<br />
sem dúvida, que cabe o mérito de, no plano prático, terem sabido dissociar<br />
a sugestão do magnetismo animal, discernindo bem cedo e antes de todos,<br />
como a sugestão representa uma formidável alavanca para a ação. Cura?<br />
Meio de indução a certos fenômenos parapsicológicos? Não só. A sugestão<br />
— quer se trate de sugestão a outro ou de auto-sugestão —, concebida<br />
essencialmente nos Estados Unidos como uma afirmação positiva,<br />
expressa com o vigor e a audácia próprios do espírito pioneiro, encontrou<br />
sua aplicação na vida cotidiana, propondo a cada um, doente ou não, os<br />
meios de decuplicar sua eficácia prática erh todos os domínios de<br />
atividade. A importância atribuída ao pensamento positivo, à sugestão e à<br />
auto-sugestão otimistas em estado de vigília -~ sem que o nome sugestão já<br />
tivesse aparecido — foi sem dúvida um dos traços mais notáveis da<br />
sociedade americana, pelo menos até uma época bem recente.