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ENTREVISTA EXCLUSIVA após um ano na TVI - Lux - Iol

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“Há sempre aquele ponto de<br />

interrogação, mas quero acreditar<br />

que vamos vencer. A Carmen<br />

só quer ir para casa„ Bela Nascimento<br />

momento ela está a reagir muito<br />

bem. Clinicamente, os exames<br />

sanguíneos – não o de medula –<br />

estão todos equilibrados. A única<br />

coisa que nos mantém no hospital<br />

é o facto de ela já estar há muitos<br />

dias a ser alimentada através<br />

de soro e está, neste momento,<br />

a introduzir aos poucos comida<br />

sólida para poder regressar a casa.<br />

<strong>Lux</strong> – Essa falta de apetite é<br />

provocada por quê? É <strong>um</strong> efeito<br />

secundário da medicação?<br />

B.N. – Não está ape<strong>na</strong>s relacio<strong>na</strong>da<br />

com a medicação. A doença<br />

do enxerto contra o hospedeiro<br />

(de <strong>um</strong>a forma simples, é a reação<br />

do organismo dela à nova<br />

medula. Digamos que ela tem de<br />

se habituar à nova medula, ser <strong>um</strong>a<br />

boa hóspede da nova medula)<br />

atacou bastante o intestino.<br />

Essa reação provocou nela, nos<br />

últimos tempos, febres altas,<br />

depois muitas borbulhas e comichão<br />

no corpo, verdadeiramente<br />

insuportável, e afetou também<br />

toda a parte gástrica.<br />

<strong>Lux</strong> – Mas esses efeitos são<br />

normais?<br />

B.N. – Sim e, por incrível que pareça,<br />

até é bom que aconteça, porque<br />

é <strong>um</strong>a forma de cura. É muito difícil<br />

explicar à Carmen que o corpo<br />

está a melhorar mas que ela<br />

está a sofrer tanto.<br />

<strong>Lux</strong> – E como é que está a<br />

encarar esta nova guerra?<br />

B.N. – Nos primeiros três dias<br />

foi muito difícil e <strong>um</strong> enorme<br />

choque. À noite, <strong>na</strong> cama, só<br />

chorava sem que ela me ouvisse.<br />

<strong>Lux</strong> – E depois o cabelo começou<br />

a cair outra vez e foi preciso<br />

voltar a rapá-lo...<br />

B.N. – Sim, e apesar de ser <strong>um</strong><br />

mal menor no meio disto tudo,<br />

cortar o cabelo afetou-a muito.<br />

É <strong>um</strong>a marca de que a doença<br />

voltou. Cortou o cabelo há cerca<br />

de 15 dias e, <strong>na</strong> altura chorou<br />

muito, pediu para guardar o<br />

cabelo n<strong>um</strong> saquinho e chamou-<br />

-lhe ‘querido cabelinho’. Desde<br />

então tem estado muito calada,<br />

triste, passa muitas vezes a mão<br />

pela cabeça... Ficou psicologicamente<br />

muito em baixo e isto<br />

para mim tor<strong>na</strong> ainda tudo mais<br />

difícil. Também se vê ao espelho<br />

e nota-se mais inchada, por causa<br />

dos corticoides, e questio<strong>na</strong> tudo<br />

isso. Ela tem ape<strong>na</strong>s 7 <strong>ano</strong>s e já<br />

estava a preparar-se para ir para a<br />

escola, ter <strong>um</strong>a vida mais normal<br />

e, de repente, voltou à estaca<br />

zero. Ela não percebe porque<br />

é que está aqui outra vez! Não é<br />

fácil explicar-lhe isto! Mas mesmo<br />

assim, no meio deste sofrimento,<br />

ela tem reagido bem, as análises<br />

estão equilibradas. Aquilo que<br />

ela mais quer é voltar para<br />

casa.<br />

<strong>Lux</strong> – Mas só com o resultado<br />

do mielograma é que pode ter<br />

mais certezas...<br />

B.N. – Sim, daqui a uns dias vamos<br />

fazer <strong>um</strong> mielograma para saber<br />

como é que está a situação da<br />

medula. Esse exame é que nos<br />

diz se a doença foi erradicada<br />

ou se ainda existe alg<strong>um</strong>a célula<br />

da mesma. Mas penso que<br />

se os exames feitos até agora<br />

estão bem, provavelmente os<br />

da medula também estarão.<br />

Mas, infelizmente, nesta doença<br />

nunca temos a certeza de <strong>na</strong>da.<br />

<strong>Lux</strong> – Neste momento, sente a<br />

sua vida de novo em suspenso?<br />

BN. – Completamente! Há<br />

sempre aquele ponto de<br />

interrogação, mas quero<br />

acreditar que vamos vencer.<br />

Aliás, sei de casos de pessoas<br />

que fizeram <strong>um</strong> segundo<br />

transplante e ficaram mais<br />

fortes. E acredito que ela vai<br />

fi car bem. ■<br />

texto Evelise Moutinho (emoutinho@lux.iol.pt)<br />

fotos D.R. e Arquivo <strong>Lux</strong><br />

Na sua pági<strong>na</strong> de Facebook, Carmen relata o dia-a-dia no<br />

IPO e faz <strong>um</strong> apelo para que as pessoas não tenham medo<br />

de ser dadoras de medula e ajudem a salvar vidas

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