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Arauto - Ceunsp

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pág.04<br />

pág.11<br />

outubro de 2009<br />

www.arauto.info<br />

circulação em Salto e Itu<br />

distribuição gratuita <strong>Arauto</strong><br />

Nº 10<br />

O Jornal O <strong>Arauto</strong> é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP<br />

DP x Cerveja<br />

Paraquedismo<br />

Ambiente: Por que<br />

pedalar faz bem?<br />

pág.10<br />

Alessandro Franco/O <strong>Arauto</strong><br />

Divulgação<br />

O drama de um trabalhador<br />

viciado em crack<br />

Suicídio<br />

Um debate sobre depressão,<br />

falta de perspectiva, desespero...<br />

e de como sair do fundo do poço.<br />

‘Vida Universitária’ aprofunda<br />

análise de um dos principais<br />

dilemas dos estudantes:<br />

uma reprova vale quantas<br />

garrafas geladas?<br />

“Livre como pássaro”: Essa<br />

é a sensação dita por quem<br />

pratica o esporte radical,<br />

nada barato e bastante<br />

presente na região.<br />

pág.05<br />

Memórias de um colecionador de<br />

Histórias em Quadrinhos<br />

Suplemento ESPECIAL:<br />

Miss Salto 2009<br />

Estudante brilha na<br />

passarela e é coroada<br />

mais bela garota de<br />

Salto.<br />

Além do título,<br />

ganha bolsa<br />

de estudos<br />

do CEUNSP<br />

e vai realizar<br />

sonho de ser<br />

engenheira.<br />

pág.03<br />

Foto: Mauricio Bueno


expediente<br />

DA MESA DO REDATOR O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.02<br />

Editando no mês das provas abordados nesta edição. Como a depressão<br />

As primeiras avaliações do 2º semestre, no<br />

início deste mês, deram um tempero a mais<br />

na nossa produção. Estudantes e professores,<br />

que têm no jornal a prática (como Agência Experimental),<br />

ganharam mais uma marcação<br />

na agenda. Alunos fizeram provas. Mais, estudaram<br />

para atingir boas notas. Mestres aplicaram<br />

tarefas, as corrigiram.<br />

Quem enxerga neste relato algum desabafo<br />

contra trabalho se engana. É nessa correria<br />

sadia que encontramos pautas para O <strong>Arauto</strong>.<br />

Gostamos da agitação, de amplidão, pois nos<br />

interessamos por “de tudo um pouco”. É dessas<br />

várias observações que surgem os temas<br />

Ops... (As mancadas da edição anterior.)<br />

ACONTECE NA FCA<br />

Trabalho da Agência Experimental (AECA) da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP).<br />

Jornalista Responsável: Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).<br />

Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos.<br />

Revisão e Normatização da Língua: Profª Maria Regina Amélio.<br />

Coordenador de Imagens e Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP: 23.862).<br />

Conselho Editorial: Prof. Amauri Chamorro; Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.<br />

Projeto da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA):<br />

Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. / Coordenador da AECA: Prof. Amauri Chamorro. / Coordenação Empresa O <strong>Arauto</strong>: Prof. Esp. Pedro Courbassier.<br />

Alunos participantes: Ana Paula Oliveira, Mariana Campos, Jean Pluvinage, Marcos Freddi, Nelson Lisboa (editores); Thuany Martins,Luiz Pesseudônimo, Mariana Sugahara, Lígia Martin, Melissa Castro, Tiago Rodrigues,<br />

Jéssica Bonatti, Francis Cunha, Rosana Beatriz Silva (reportagem); Adriane Souza (coordenação em web); Amanda Duarte, Daniele Bellani, Luana Silva, Pedro Brito (pautas), Angela Trabachini, Marcelino Carvalho e<br />

Tony de Pádua Filho (fotos).<br />

Tiragem: 20.000 exemplares<br />

ou a importância do Exame Nacional de Desempenho<br />

dos Estudantes, o Enade.<br />

Mas não fiquemos apenas no denso. Vamos<br />

também beber uma “ gelada” e debater<br />

presença e dependência escolar. Vamos ler<br />

histórias em quadrinhos. Pedalar e saltar<br />

de paraquedas. Aplaudiremos a Miss Salto,<br />

recém-escolhida. E vamos conhecer as mil<br />

atividades da FCA.<br />

Só não vamos nos viciar... Por que o que é<br />

demais... você já sabe, né? Boa leitura e bons<br />

debates!<br />

(Pedro Courbassier)<br />

- Em Debate (página 3), o “olho” do texto “A nova geopolítica na América do Sul” tinha erro de<br />

digitação na palavra tensões.<br />

- No mesmo texto, o professor Amauri Chamorro avisa que Jorge Eliécer Gaitán morreu há<br />

mais de 30 anos, diferentemente do que ele havia escrito no artigo.<br />

Crianças dançam no palco do<br />

Teatro Escola<br />

Integrantes do projeto “Dançando nos Palcos para não<br />

Dançar na Vida” apresentaram números de dança, no início<br />

do mês, no Teatro Escola Prof. Rubens Anganuzzi Filho. Foram<br />

aplaudidos por estudantes, professores e funcionários da<br />

FCA, presentes no espaço. A iniciativa faz parte dos planos<br />

do CEUNSP de aproximar comunidade e meio acadêmico.<br />

“Foi muito bom receber esses pequenos artistas, pois foi a<br />

primeira vez que eles tiveram contato com palco, luzes e<br />

platéia. É como um pontapé inicial do que pode ser uma futura<br />

carreira”, comentou o professor Eduardo Scorzelli, de Artes<br />

Cênicas. O projeto “Dançando nos Palcos...” mantém ativas as<br />

crianças da comunidade do Jardim das Nações, com parceria<br />

da Secretaria de Bem Estar Social de Salto.<br />

Contatos: redator@arauto.info<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

Concurso de contos na praia<br />

A Associação de Escritores (AGE) e a Secretaria de Cultura<br />

de Guarujá recebem inscrições para o Prêmio Nacional<br />

de Contos. O tema é livre, mas não deve exceder quatro<br />

laudas. Os inscritos devem ser identificados apenas<br />

pelo título da obra e pseudônimo. Podem participar até<br />

três trabalhos do mesmo autor. A inscrição vai até o dia<br />

30 deste mês: pessoalmente na AGE ou pelo correio (av.<br />

Dom Pedro I, 350, Enseada, Guarujá-SP, CEP 11.440-000).<br />

A premiação, em novembro, terá troféus e certificados.<br />

Outras informações pelo e-mail ageliteratura@gmail.com.<br />

Cinema francês em Itu<br />

Vem ai o “Cinema Mundo”, com retrospectivas, debate de<br />

panoramas e conceitos de produções francesas. Pretende<br />

mostrar desde clássicos até o cenário contemporâneo. Esse<br />

encontro está dentro da 3º Festival Internacional de Cinema<br />

de Itu, entre os dias 26 e 29 de novembro. O festival ainda vai<br />

homenagear os 400 anos de Itu (que serão comemorados em<br />

fevereiro de 2010). Mais em www.cinemamundo.com.<br />

Faculdade de Comunicação e Artes do CEUNSP<br />

mostra repertório de atividades:<br />

O CINECLUBE CEUNSP vai funcionar nos dias 20 e 27 deste mês, no auditório da FCA (bloco K - Salto),<br />

sempre a partir das 19h15. Os filmes serão nacionais e, respectivamente, Baile Perfumado e Iracema.<br />

Foto: Tony de Pádua/O <strong>Arauto</strong><br />

Rádio: ‘Ai Pode’ agita noites de 3ªfeira<br />

A Rádio CEUNSP.FM apresenta todas as terças-feiras, pelos alto-falantes do bloco K (Campus<br />

V - Salto), o programa ‘Ai Pode’. Produzido pelos estudantes de Rádio e TV, mistura música,<br />

entretenimento e informação. O pessoal do curso de Jornalismo cuida das notícias, que - de<br />

meia em meia hora - vão ao ar. A principal atração: as entrevistas ao vivo com artistas que estão<br />

tentando decolar a carreira artística. “ O objetivo é abrir mais espaço para quem está começando<br />

ou precisando se firmar”, avisa a professora Renata Becate, gerente do projeto da FCA.<br />

Já passaram pelo ‘Ai Pode’:<br />

- A dupla Jean Marcos e Eduardo (foto) aproveitou a oportunidade para falar sobre o primeiro<br />

CD, que será lançado este mês, e da batalha que tiveram para crescer na música: “São<br />

dez anos de carreira, na luta para conseguir lançar o primeiro CD”, disseram os sertanejos.<br />

- A banda Red Sox visitou a CEUNSP.FM e também contou as dificuldades da carreira. Falou<br />

sobre o preconceito da família em relação ao rock e da luta para manter financeiramente a<br />

banda: “Trabalhamos em outras áreas e todo o dinheiro que ganhamos é para a banda”, revelou<br />

um dos integrantes do grupo.<br />

- Enes Gomes, um artista completo: cantor, compositor, apresentador e produtor. Nem por<br />

isso, livre dos preconceitos relacionados ao mundo da música. “Quando passei no vestibular<br />

para o curso de música meus amigos me perguntavam: Prestou vestibular para quê? E eu respondia:<br />

música. E eles me retrucavam, atônitos: música?!?! Para eles e para a grande maioria<br />

arte e música não é algo sério.” (por Amanda Duarte e Jéssica Bonatti)<br />

Todos os textos são de responsabilidade de seus autores.<br />

Foto: Tony de Pádua/O <strong>Arauto</strong>


DEBATE O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.03<br />

Memórias<br />

de um colecionador de<br />

“Quando eu era Superboy...”,<br />

humm, é horrível começar seu artigo<br />

com certo saudosismo, principalmente<br />

quando você já passou<br />

dos 40. Mas existem coisas que<br />

merecem ser registradas, sejam<br />

momentos, pessoas ou objetos<br />

que ajudaram a transformar você<br />

no que é atualmente. No meu caso,<br />

este texto comemora os 33 anos da<br />

aquisição de minha primeira revista<br />

“Superboy” (a “Superboy-Bi” - pois<br />

era bimestral - nº 58, publicada pela<br />

Editora Brasil-América – EBAL – em<br />

outubro e novembro de 1976, com 64<br />

páginas em preto e branco). Bem, não<br />

foi realmente minha primeira revista<br />

em quadrinhos, pois desde 1973 eu<br />

já comprava “gibis” (na verdade quem<br />

comprava era ou meu pai ou meu avô<br />

- que saudades!). Mas foi em outubro<br />

de 1976 que me vi, pela primeira vez,<br />

diante das “Aventuras do Super-Homem<br />

quando era menino”, ou seja, do “Superboy”.<br />

É, são poucos desta nova geração que<br />

conhecem as aventuras dos super-heróis<br />

da DC Comics na Era Pré-Crise, quando<br />

“Superman” era “Super-Homem”, quando<br />

Dick Grayson ainda era Robin e adolescente<br />

e quando a maior editora de quadrinhos<br />

da América Latina não era a Abril,<br />

mas sim a Ebal. Lembro-me de quando eu<br />

e um amigo - Jorge Cabral, que possuía<br />

uma coleção invejável no sótão de sua<br />

casa - saíamos pelas bancas de jornal da<br />

Vila Leopoldina e da Lapa, em São Paulo,<br />

em busca de “gibis” de super-heróis, principalmente<br />

os da DC Comics. Nessa época (entre<br />

1975 e 1980) a Ebal ainda publicava os<br />

personagens da DC, enquanto que a Bloch, e<br />

mais tarde a Rio Gráfica Editora, publicavam<br />

os da Marvel.<br />

Essa era nossa diversão. Não apenas<br />

ler as revistas, mas procurá-las, tentar<br />

adquiri-las e guardá-las para lermos novamente<br />

(somente anos depois é que comecei<br />

a catalogá-las oficialmente). Porém nem<br />

sempre isso era possível, pois elas custavam<br />

o “absurdo” de 3 ou 4 Cruzeiros, valores que<br />

nem sempre tínhamos nos bolsos. Mesmo<br />

assim valia a pena, principalmente quando,<br />

além das revistas, encontrávamos lojas, hoje<br />

chamadas “sebos”, onde sempre havia números<br />

antigos das nossas favoritas. “Vivas” à<br />

Agencia Corte Real e ao nem sempre tão simpático<br />

seu Joaquim!<br />

Uma das revistas preferidas de Jorge era a<br />

da “Legião dos Super-Heróis”, em que, além<br />

de ter uma série de adolescentes com superpoderes,<br />

havia a participação do meu herói<br />

favorito: Superboy. Nessa época aprendi com<br />

Jorge a entender um pouco mais o mundo dos<br />

super-heróis. Ele sabia tudo, mas realmente<br />

tu-do o que se referia às personagens da DC<br />

pré-Crise. Nada lhe escapava, principalmente<br />

sobre a já citada Legião, Superboy e Super-<br />

Homem (me desculpem a grafia, mas ainda<br />

não me acostumei com “Superman”!).<br />

Quanto ao meu personagem preferido na<br />

época - Superboy, cujas histórias se passavam<br />

no período em que Clark Kent ainda era<br />

garoto; quando ele morava com os pais em<br />

Pequenópolis (uma tradução livre e clássica<br />

para “Smallville”); tinha um cão de estimação<br />

- Kripto, que também era de seu planeta<br />

“Gibis”<br />

natal; tinha<br />

uma namorada, Lana Lang; um<br />

melhor amigo, Pete Ross, e, melhor ainda, já<br />

vestia sua camiseta e colante azuis com uma<br />

sunga vermelha por cima e um “S” no peito,<br />

além da capa rubra, é claro! Eram tempos<br />

memoráveis e histórias memoráveis, inocentes,<br />

é claro, mas desenhadas por ninguém<br />

menos que George Papp, Frank Robbins ou<br />

até mesmo por Curt Swan, um dos maiores<br />

desenhistas do Super-Homem entre as décadas<br />

de 40 e 70.<br />

Não sou contra as reformulações que as<br />

editoras são obrigadas a fazer, principalmente<br />

por conta de exigências de mercado<br />

e de público, que ajudam a promover<br />

renovações, modernizações, etc. e tal. Mas<br />

ninguém me tira, nem mesmo nos meus<br />

40 e poucos anos de vida, as boas recordações<br />

(e não saudosismo) de meus tempos<br />

d’“Aventuras do Super-Homem quando<br />

era menino”, ou então de quando as revistas<br />

em quadrinhos eram refúgios para<br />

meus dias de “Clark Kent” adolescente.<br />

***<br />

Nem só de super-heróis norte-americanos<br />

nós vivíamos. Houve época<br />

em que pudemos nos divertir e deliciar<br />

com alguns dos mais fabulosos e engraçados<br />

personagens criados por um grupo de quadrinhistas<br />

brasileiros udigrudi. Descaradamente<br />

críticos, feios, neuróticos, malcriados<br />

e totalmente regados a “Sexo, Drops<br />

e Rock’n’Roll”, as criações dos paulistanos<br />

da gema Angeli, Laerte, Glauco e Luis Gê<br />

foram a coqueluche dos jovens cansados de<br />

tanta bobagem importada nos anos oitenta.<br />

Zé do Apocalipse, Nanico, Meiaoito, Rita-<br />

Pop, Bibelô, Walter Ego, Fagundes, Bob Cuspe,<br />

além dos grandes sucessos de Piratas do<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

Por Prof.Ms.<br />

Agnelo Fedel<br />

Tietê, Geraldão, Rebordosa e Los Três Amigos,<br />

preencheram as páginas de revistas<br />

pra lá de alternativas, todas publicadas pela<br />

Circo Editorial, do Toninho Mendes. Títulos<br />

diversos, como a eclética Circo, produzida<br />

coletivamente pelo grupo; Chiclete com<br />

Banana, produzida por Angeli; Geraldão e<br />

Piratas do Tietê, de Laerte, chegavam nas<br />

bancas nem sempre com periodicidade<br />

programada, mas sempre na dependência<br />

de vendas ou de patrocínio. Mesmo assim,<br />

essas revistas acabaram fazendo a cabeça<br />

da gente.<br />

Angeli era, talvez, o mais crítico dessa<br />

turma, apresentando personagens autodestrutivos,<br />

bem ao estilo do desenhista<br />

underground norte-americano Robert<br />

Crumb. Rebordosa e Bob Cuspe mostravam<br />

muito bem isso: nonsense, descaro<br />

e muita, mas muita vodka e sexo livre. Já<br />

o Geraldão do Laerte, espocando a silibina,<br />

nos mostrava que tentar não crescer<br />

e manter o Complexo de Édipo era<br />

difícil pr’á caramba; ou três amigos insaciáveis<br />

que, com muita “guacamole”,<br />

acabavam mostrando que nem sempre “três é demais”.<br />

Bem, enfim, essas revistas conseguiram entrar para<br />

a história do colecionador paulistano, para não dizer o<br />

nacional, e que até hoje busca alguns números perdidos<br />

dentro de baús empoeirados de algum sótão esquecido<br />

da casa de alguma família solitária, totalmente abandonada<br />

pelos filhos.


VIDA UNIVERSITÁRIA<br />

Quantas cervejas<br />

valem uma DP?<br />

Provas, trabalhos, TCC, formação profissional, formatura<br />

e diversão. Sim, diversão! Durante os 2º, 3º, 4º<br />

ou 5º anos de curso, seja ele de Engenharia, Direito, Enfermagem<br />

ou Jornalismo, um dos objetivos é rir. Entre<br />

as aulas, algumas muito chatas, e o prazer de estar um<br />

pouco mais com os amigos, uma parcela considerável de<br />

universitários trocam os livros por copos, descontração<br />

e música. As noites são longas e se prolongam nos bares<br />

e lanchonetes ao redor das instituições. Esse movimento<br />

aumenta à medida que o fim de semana se aproxima.<br />

De segunda a sexta-feira os bares e lanchonetes<br />

são atrativos democráticos, que entre sertanejo, pagode,<br />

rock, funk, eletrônica, as delícias da paquera, a<br />

conversa descontraída e a famosa cerveja gelada, garantem<br />

a alegria dos universitários e o lucro dos comerciantes.<br />

Dribla-se a chamada, o conteúdo da prova,<br />

o colega que não quer ir, o professor exigente.<br />

Nada é problema, nem a temida dependência (DP<br />

para os mais íntimos: quando não se alcança a nota<br />

mínima para aprovação ou se é reprovado por falta).<br />

Nada é barreira para aproveitar o que a vida<br />

universitária pode proporcionar.<br />

Trabalho ou alegria? A fábula da formiga<br />

e da cigarra já descrevia bem a situação:<br />

nem só de divertimento se vive. O<br />

bom desempenho à mesa do bar, normalmente<br />

é associado ao fracasso no<br />

número de presenças/faltas ou na<br />

nota. Surge então a questão: Vale<br />

à pena gastar mais uma mensalidade<br />

(a DP é paga) em dependência<br />

por ter faltado ou “tirado”<br />

notas baixas na prova<br />

por causa de algumas cervejas?<br />

Ou é possível conciliar<br />

estudos, festas, bebidas e<br />

faltas? Enfim, quantas cervejas<br />

valem uma DP?<br />

Por Thuany Martins<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.04<br />

Vida universitária é sinônimo de formação profissional, busca pelo<br />

conhecimento, fazer avaliações e trabalhos, pensar na formatura...<br />

e o que mais?<br />

Com a palavra os estudantes:<br />

“Para mim, nenhuma cerveja vale uma<br />

DP, pois sou bolsista e não posso me desligar<br />

dos estudos. Mas consigo conciliar bar e<br />

faculdade, afinal, faço comunicação social”,<br />

brinca Sabrina Batista, estudante de Jornalismo.<br />

Moisés, estudante de Gestão Ambiental tenta<br />

conciliar estudo e diversão, mas confessa: já pegou<br />

duas dependências. “Durmo todos os dias às 2h<br />

da manhã e acordo às 5h para trabalhar.<br />

Mereço um pouco de diversão também”, implora<br />

Moisés.<br />

O mesmo pensa outro discente: “Um churrasco<br />

vale uma DP”, ri Guilherme Brozoski, estudante de<br />

Publicidade e Propaganda.<br />

“Não vale nenhuma cerveja, tem que<br />

beber sem DP. Eu consigo conciliar estudo e<br />

diversão calculando faltas, em dias de provas<br />

em que saimos mais cedo e aulas vagas” relata<br />

Marcella Oliveira, estudante de Jornalismo.<br />

Apesar do grande movimento<br />

nos bares, os estudantes não se esquecem<br />

das responsabilidades<br />

que a liberdade da vida universitária<br />

traz. E não é à-toa<br />

que essa é considerada a<br />

melhor fase da vida. Afinal<br />

a cerveja está sempre na<br />

promoção: leve três e pague<br />

apenas R$ 10,00.


REALIDADE O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.05<br />

“Uma pedra de<br />

crack é muito.<br />

Mil são poucas”<br />

M, 25 anos, pai de uma filha<br />

de 6, é usuário de drogas<br />

há cerca de 3 anos. Começou<br />

do nada, querendo curtir e<br />

mostrar aos amigos que podia.<br />

Achava que tinha poder<br />

para entrar e sair a hora que<br />

desejasse. Ledo engano. Três<br />

anos depois, muitas trouxas<br />

de maconha, muitas fileiras<br />

de cocaína e alguns quilos<br />

de crack depois, ele sabe que<br />

está no fundo do poço. Nesta<br />

conversa com O <strong>Arauto</strong> ele<br />

revela um pouco do seu sofrimento<br />

e confessa sua incapacidade<br />

de se livrar daquilo<br />

que começou como uma brincadeira.<br />

“Eu sei que é ruim,<br />

eu sei que estou me prejudicando,<br />

mas não consigo mais<br />

parar. Não posso ter R$ 10 na<br />

mão que vou usar. Meu pagamento<br />

e meu vale vão só nisso.<br />

Qualquer dinheiro é o suficiente<br />

para começar usar e<br />

não consigo parar”, desabafa.<br />

O personagem desta reportagem<br />

acaba com qualquer<br />

preconceito em relação<br />

ao perfil do usuário. É<br />

filho de trabalhadores. Tanto<br />

pai, mãe como irmãos estão<br />

ao seu lado. Frequentou a<br />

escola, o Ensino Médio. Tem<br />

religião. Trabalha desde cedo.<br />

Mesmo assim, acabou entrando<br />

na trilha do sofrimento.<br />

M chegou a ficar 11<br />

dias fora de casa, com um<br />

traficante, fumando crack<br />

sem parar. “Foram mais<br />

de 30 pedras por dia”, diz.<br />

Resultado: desespero dos<br />

pais. Vergonha. Quando a<br />

“onda” passou, na hora de<br />

voltar para casa, sujo, fedendo,<br />

estava um trapo. Se não<br />

fosse o pai socorrê-lo financeiramente,<br />

com mais de R$ 2<br />

Por Nelson Lisboa<br />

mil, ele sabe que estaria morto.<br />

O pai fez isso porque o traficante<br />

veio cobrar o dinheiro<br />

na porta da casa da família.<br />

“Depois da nóia (corruptela<br />

de paranóia), olhar para os<br />

meus pais foi duro. É o pior<br />

momento. Eu sei que eles estão<br />

sofrendo”, conta.<br />

Tratar - M já se internou<br />

em uma clínica. Fugiu 15 dias<br />

depois. O tratamento não<br />

funcionou. Questionado se<br />

pensa na filha, no futuro, diz<br />

que sim, mas revela o poder<br />

da droga: “É mais forte que<br />

eu. Não consigo me controlar.<br />

O cérebro apaga. Quando me<br />

vejo, estou na ‘boca’ fumando<br />

ou cheirando todas. Dói<br />

na hora de voltar ou de olhar<br />

pra minha filha, para os meus<br />

pais”, lamenta.<br />

“Você já pensou em suicídio?”,<br />

lança o repórter de<br />

O <strong>Arauto</strong>. Ele diz que ainda<br />

tem esperança de sair dessa,<br />

desde que encontre ajuda.<br />

Mas essa ajuda demora. Sem<br />

convênio médico particular,<br />

depende do SUS para ser<br />

atendido por um psiquiatra. E<br />

em hospital público a fila e a<br />

demora são grandes. M conseguiu<br />

uma consulta para dezembro.<br />

Fim do mês do fim<br />

do ano.<br />

Em todos os lugares - O<br />

jovem trabalha em uma empresa<br />

da região. Diz que a droga<br />

hoje está em todos os cantos.<br />

“Até na empresa eu cheiro<br />

cocaína. Tem quem leva e tem<br />

quem vende”, afirma. Nas<br />

ruas, ele diz que usuário atrai<br />

“pelo cheiro” o traficante. “Ô,<br />

vamo aí. Eu tenho parada<br />

aqui. É o que mais ouço, mesmo<br />

quando não quero”, diz.<br />

Viciado revela drama de viver escravizado no mundo<br />

das drogas e o poder de destruição da “pedra”<br />

“O crack é um<br />

flagelo social pior<br />

que a AIDS”, diz delegado<br />

de Salto<br />

O delegado Moacir Rodrigues<br />

de Mendonça é o titular<br />

da Polícia Civil de Salto. Em<br />

uma entrevista concedida ao<br />

lado dos integrantes do Poder<br />

Executivo e das polícias Militar<br />

e Guarda Civil Municipal,<br />

no fim de setembro, disse que<br />

o crack é um flagelo social<br />

“maior que a Aids”.<br />

Para Mendonça, o crack<br />

popularizou a droga e faz<br />

vítimas em todas as classes<br />

sociais. Além de poderoso,<br />

capaz de viciar desde o primeiro<br />

momento, é barato e<br />

acessível, sendo encontrado<br />

em qualquer esquina, de<br />

qualquer cidade. Pior: a droga<br />

é o principal motivo de tantos<br />

crimes, diz a Polícia.<br />

(Mau) Exemplo - A Polícia<br />

Civil prendeu em Indaiatuba<br />

um indivíduo acusado de ter<br />

matado, no começo de setembro,<br />

seus primos, os irmãos<br />

Ian e Ingrid, de 12 e 10 anos.<br />

O acusado confessou ter matado<br />

os dois e colocado fogo<br />

na casa da tia que o havia<br />

recolhido após ter fugido de<br />

uma prisão de Campinas. Ele<br />

disse que na hora do crime<br />

estava sob o efeito de crack e<br />

de álcool, que havia consumido<br />

em grande quantidade.<br />

Os dois irmãos foram encontrados<br />

carbonizados no<br />

quarto da casa. Eles tinham<br />

sinais de enforcamento e corte<br />

por faca na garganta. Os<br />

filhos esperavam os pais chegarem<br />

do trabalho.<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

O que é o crack?<br />

O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína<br />

em pó), bicarbonato de sódio ou amônia e água<br />

destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em<br />

cachimbos ( improvisados ou não).<br />

É mais barato que a cocaína. Seu efeito dura muito<br />

pouco e exige que o usuário consuma cada vez mais crack.<br />

Isso torna o vício muito caro.<br />

O crack é um estimulante seis vezes mais potente que<br />

a cocaína e provoca dependência física logo após o primeiro<br />

uso, podendo levar à morte por sua ação fulminante<br />

sobre o sistema nervoso central e cardíaco.<br />

No corpo humano o crack leva 15 segundos para<br />

chegar ao cérebro e já começa a produzir efeitos:<br />

forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da<br />

pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor<br />

muscular e excitação acentuada, sensações de aparente<br />

bem-estar, aumento da capacidade física e mental,<br />

indiferença à dor e ao cansaço.<br />

Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rapidamente<br />

com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome<br />

de abstinência também não demoram a chegar. Em 15<br />

minutos surge de novo a necessidade de inalar a fumaça<br />

de outra pedra, caso contrário, chegarão inevitavelmente<br />

o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.<br />

Especialistas dizem que “todo usuário de crack é<br />

um candidato à morte”, porque a droga pode provocar<br />

lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração<br />

no sistema nervoso central.<br />

Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas<br />

começam a usar qualquer método para comprá-lo.<br />

Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício,<br />

já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente.<br />

Partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de<br />

drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos,<br />

assaltos...<br />

Foto: assesoria Câmara dos Deputados<br />

Angela Trabachini/O <strong>Arauto</strong>


ESPECIAL<br />

E na lucidez de minha falta de existência<br />

s nobres não chegaram porque fiz o pior m<br />

entamos do que nos foi concedido no instan<br />

Suicidio<br />

acolhedor para só assim viver neste mun<br />

fiz de mem<br />

simples fim de existir somente na escurid<br />

o não mais terei vida para cultivar o amor<br />

Escolher entre viver ou<br />

morrer, para alguns, é um direito.<br />

Para outros, um pecado<br />

sem perdão. Ato de coragem<br />

ou puro egoísmo, doença da<br />

alma, desistência da vida, ou<br />

como no Japão, se um indivíduo<br />

envergonhar sua família,<br />

a melhor maneira de recuperar<br />

a dignidade é tirando<br />

a própria vida. Essa atitude<br />

leva/”lava” a honra. Isso mesmo,<br />

O <strong>Arauto</strong> debate o suicídio.<br />

não vivo neste mundo, e suplico aos temen<br />

ira sentir esta louca e incessante agonia,<br />

uco apenas fui covarde em não poder mais<br />

dor que me consumia era maior que a dor d<br />

Recentemente, em Indaiatuba,<br />

uma menina de 14 anos<br />

tirou a própria vida. Foi após<br />

uma discussão com a mãe.<br />

A adolescente tomou vários<br />

comprimidos antidepressivos.<br />

te, eu corri, mas não consegui a vitória, m<br />

O tema atrai a atenção de<br />

profissionais como médicos,<br />

sociólogos, teólogos e jornalistas.<br />

O médico, especializado<br />

em patologia, Augusto Vaz<br />

Serra (1905-1984) catalogou<br />

que “suicídio é a autodestruição<br />

consequente de um ato<br />

voluntário realizado a esse<br />

fim (morte)”. Para o renomado<br />

sociólogo Durkheim, ‘conduzir<br />

perigosamente, usar<br />

drogas e álcool, são condutas<br />

suicidarias’.<br />

sentimento um dia, pois não fiz isso po<br />

ntir morto e esquartejado enquanto vivo, f<br />

tir este clamor no meu coração eu fui fic<br />

inho em que eu a desenhei, do mapa ao qua<br />

A Organização Mundial<br />

da Saúde (OMS) elaborou o<br />

Manual para Voluntários na<br />

Prevenção do Suicídio, com<br />

o objetivo de preparar os<br />

voluntários em como lidar<br />

e abordar possíveis sujeitos<br />

dessa ação. Assim, enquadrou<br />

como uma questão de saúde<br />

pública mundial o tema – e,<br />

talvez, dando um grande passo<br />

para a prevenção. A apostila<br />

mostra que são vários os<br />

fatores que levam a pessoa<br />

ao extremo: biológicos, psicológicos,<br />

sociais, econômicos,<br />

ambientais e que a depressão<br />

é o diagnóstico mais comum<br />

entre os suicidas.<br />

este momento não sinto mais dor, e a esp<br />

emovida, Isto me fez perder todo o sangue<br />

ento, tardias minha dor e minha derrota<br />

neste mundo, a única pena que eu tenho,<br />

Crise + Depressão = escape<br />

- Para uma entrevistada<br />

que prefere não se identificar,<br />

o principal motivo que a levou<br />

a ter ideias suicidas foi o conjugal.<br />

“Depois de uma crise<br />

no casamento e o começo da<br />

depressão, a família estava fi-<br />

cando desestruturada. Pensava<br />

em me jogar de uma ponte<br />

bem movimentada”, diz.<br />

Grupos de depressão -<br />

Segundo a OMS a depressão<br />

é dividida em três grupos. Na<br />

primeira classificação está o<br />

baixo risco, é quando a pessoa<br />

tem pensamentos suicidas,<br />

como: 'eu gostaria de<br />

estar morto'. Na segunda, é o<br />

médio risco, a pessoa tem as<br />

ideias, mas ainda não consegue<br />

executá-las. No último<br />

grupo, que é de alto risco, o<br />

indivíduo tem os planos e os<br />

meios definidos, que logo os<br />

realiza.<br />

“É como uma corrente:<br />

vêm a depressão, o sentimento<br />

de inutilidade e outros<br />

pensamentos negativos, que<br />

levam as pessoas a autodestruição”,<br />

relata a coordenadora<br />

da ONG Vale a Pena Viver,<br />

de Indaiatuba-SP, Cleide Rossi.<br />

A organização foi criada<br />

em setembro de 2008, devido<br />

ao crescente número de suicídios<br />

na cidade. Hoje a ONG<br />

conta com vinte voluntários<br />

que têm o objetivo de atender<br />

e auxiliar pessoas com risco<br />

de suicídio e suas famílias.<br />

Dão orientações e encaminhamento<br />

médico. “Nosso papel<br />

não é que a pessoa drible os<br />

problemas, mas que aprenda<br />

a enfrentá-los”, explica Cleide.<br />

A ‘Vale a Pena Viver’ promove<br />

uma campanha, realizada em<br />

escolas e indústrias. Por meio<br />

de um DVD com depoimentos<br />

de pessoas que tiveram ideias<br />

suicidas, eles ajudam outros a<br />

se recuperarem. “Atendemos<br />

pessoas com os mais diversos<br />

problemas; conjugal, social e<br />

até adolescentes vítimas de<br />

preconceito” conta a coordenadora<br />

da ONG.<br />

Sintomas - No manual<br />

para voluntários da OMS, são<br />

apresentados os sinais mais<br />

comuns que o suicida emite. A<br />

variação de comportamento<br />

e a depressão os fatores mais<br />

comuns. A coordenadora da<br />

‘Vale a Pena Viver’ confirma:<br />

“As pessoas mais próximas,<br />

como a família e os amigos,<br />

são os primeiros a receberem<br />

os sinais. É necessário que es-<br />

Por Mariana Sugahara<br />

tejam em sintonia, pois quando<br />

uma pessoa estiver com<br />

ideias e comportamentos<br />

anormais, será mais fácil de<br />

prevenir.” A entrevistada do<br />

início da reportagem lembra:<br />

“Minha irmã foi a primeira a<br />

perceber. Conversamos muito<br />

e ela me mostrou que não era<br />

o melhor caminho, eu tinha<br />

outra chance e tinha uma filha<br />

pequena que dependia de<br />

mim.”<br />

Onde tem mais - O Japão<br />

está entre os dez países com<br />

mais casos. São 25 mortes<br />

por 100 mil habitantes, segundo<br />

dados da OMS.O Brasil<br />

tem uma das menores taxas<br />

de suicidas do mundo. São 4,9<br />

a cada 100 mil pessoas. O Rio<br />

Grande do Sul tem as maiores<br />

taxas: 11 para cada 100 mil<br />

habitantes. Já a Bahia tem as<br />

menores, 1,8 para cada 100<br />

mil habitantes.<br />

Quem - De acordo com o<br />

site Manual Merck, o suicídio<br />

equivale a 30% das mortes<br />

entre os estudantes universitários<br />

e 10% das mortes de<br />

pessoas entre 25 e 34 anos.<br />

Entre os adolescentes é segunda<br />

causa de morte. As mulheres<br />

são as que mais tentam<br />

suicídio, porém são os homens<br />

que mais a consumam.<br />

Soluções - Para a coordenadora<br />

da ONG, é muito<br />

importante que as pessoas<br />

tenham fé e acreditem num<br />

ser superior e procure ajuda<br />

espiritual. A entrevistada<br />

com ideias suicidas afirma<br />

que “foram Deus e minha<br />

irmã que fizeram com que<br />

eu desistisse de acabar com<br />

minha vida.” Cleide ressalta,<br />

“Quando se acredita num Ser<br />

supremo temos fé, é de onde<br />

tiramos força para vencer.<br />

Vencemos um dia e no outro<br />

já temos outra batalha para<br />

vencer, o importante é nunca<br />

ficar sozinho. Pois vale a pena<br />

viver”.<br />

Trechos extraídos do livro: Veronika Decide Morrer, de Paulo<br />

Coelho (página 37).<br />

l de minha vida, quando eu finalmente enc<br />

Para saber mais sobre o<br />

Vale a Pena Viver:<br />

valeapenaviver.com.br<br />

que partir..., Fazer-me morrer pelas m<br />

(19) 3835.4480 . 3835.3462<br />

o carro e vou sofrer muito, pa<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

Você quer saber qual o<br />

seu estado?<br />

Eu sei qual é -<br />

respondeu Veronika -<br />

E não é que você está<br />

vendo em meu corpo; é<br />

o que está acontecendo<br />

em minha alma.


apenas digo que eu parti, para um mun<br />

O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.07<br />

au a mim, nunca devemos agir assim n<br />

te em que surgimos da escuridão de um vent<br />

do cruel dos homens, e hoje não vivo mais m<br />

órias e lembranças, parti par bem longe<br />

ão deste canto infernal, quando acordar des<br />

e a sabedoria, não mais poderei me fazer<br />

tes que não faça o que eu fiz esta noite, q<br />

que devora os que de si tiram a vida, mas n<br />

te amar, tive que fugir deste presente por<br />

as derrotas que eu tive, fazendo-me de louc<br />

e despeço de todos aqueles que a mim tiver<br />

r mau apenas por desonra, de minha par<br />

Um caminho com volta<br />

oi terrível, só que esta dor não pude evitar,<br />

Por Adriane Souza<br />

Um jovem criativo e feliz. Esta é a imagem que um universitário<br />

de 23 anos passava para amigos e familiares. O que muitos<br />

não sabem é que ele já esteve de ‘cara com o fundo do poço’.<br />

“Após uma desestruturação familiar, a separação dos meus pais,<br />

tudo foi fatídico”, afirma.<br />

ando perdido dentro do meu próprio destino<br />

l marquei os sinais de perigo, mas não o f<br />

Aos 12 anos ele enfrentou o problema de compreender e lidar<br />

com a separação dos pais. E havia um agravante: ele é filho adotivo.<br />

Mesmo nunca tendo o interesse em conhecer os pais biológicos,<br />

reconhece que jamais esqueceu o “primeiro abandono”.<br />

O divórcio dos pais adotivos abalou sua vida naquele momento.<br />

O estudante relembra: “Pensava que a família que me escolheu<br />

resolveu se separar por minha causa.”<br />

ada fria e gélida que atravessava meu cora<br />

do corpo e vim a falecer horas depois de m<br />

O universitário teve que amadurecer cedo. Considera que foi<br />

forçado a crescer. Aos 17 anos, começou a se isolar. “É como se<br />

ninguém percebesse, uma série de coisas acontecendo. É como<br />

se eu fosse o motivo de tudo e ninguém notasse. A pior coisa do<br />

mundo é passar despercebido”, recorda. Ele concluiu que estava<br />

fadado ao esquecimento.<br />

, mas não tive mais forças para perman<br />

Fundo do poço - Vazio, lacunas, desapego familiar e pessoal.<br />

Estes foram os combustíveis que levaram o jovem compreender,<br />

aos 19 anos, que não tinha mais gosto pela vida. Tinha tomado<br />

uma decisão. Queria morrer. Além da adoção, ele sentia também<br />

uma falta de “estrutura familiar” e ficou refletindo sobre a ideia<br />

por dois anos. “Pensei em me jogar na frente de um caminhão, de<br />

um ônibus, pular de uma ponte, pensei em cortar meus pulsos<br />

e em várias formas que não fossem dolorosas para mim, porém<br />

rápidas, que de uma só vez eu alcançasse meu objetivo”, explica.<br />

e que no final de minha jornada, no mom<br />

ontro à pessoa que buscava pela eternida<br />

inhas próprias mãos e deste fim cruel se<br />

Decidiu também que não iria deixar nada escrito e nenhuma<br />

outra explicação para o ato. Considerava que suas razões eram<br />

válidas, não queria ninguém lendo um bilhete e tentando entender<br />

o que tinha acontecido. “Para mim bastava minha vida, minha<br />

verdade, minha versão”, ele lembra amargurado.<br />

Quando o<br />

maior desafio<br />

é a escolha<br />

entre viver ou<br />

morrer...<br />

A família - “No ápice da minha loucura eu me toquei que se acabasse<br />

com a minha vida estaria encerrando outras duas (a da mãe e a<br />

da irmã). Eu queria dar cabo de mim, mas não delas”, diz o estudante.<br />

Conta ainda que a irmã estava “começando a ser uma ‘pessoinha’, a<br />

fazer perguntas, desejando conhecer a vida e eu querendo sair dela”,<br />

reflete, e completa relatando que sua mãe estava com problemas de<br />

saúde e dificuldades financeiras. A irmã só tinha 5 anos na época.<br />

Reação - Ele se encheu de motivação e resolveu reagir. A convivência<br />

com o pai após o divórcio abriu seus olhos. Usou também a<br />

base católica que sua família sempre lhe deu e procurou a Igreja. O<br />

universitário afirma que pela fé e o convívio com o pai, “descobri<br />

quem ele era e compreendi o que o motivou a se separar da minha<br />

mãe”.<br />

Fé - Atualmente ele reconhece que sua fé em Deus está mais fraca.<br />

“É como se esfriasse um pouco”. E explica o motivo: “Meu pai teve<br />

um câncer violento, muito brutal, que o matou muito rápido e eu<br />

acreditava na misericórdia de Deus, que não aconteceu. O milagre<br />

divino que esperei, que eu tinha convicção dentro de mim, não aconteceu”,<br />

lamenta. O jovem reconhece ainda acreditar em Deus e Jesus.<br />

“A única coisa que me impediu de fazer o que eu tinha planejado foi<br />

minha fé”, diz.<br />

Amizades - Ele conta que os amigos sempre foram válvulas de<br />

escape, mas o apoio deles não poderia suprir tudo o que ele não tinha<br />

na época. Hoje diz ter poucos amigos de verdade. “Eu sei quem<br />

tenho e eles sabem que me tem” afirma. E reconhece que ninguém<br />

acreditaria se ele contasse esta história e que hoje vive mais plenamente.<br />

“Vivo ao máximo positivamente e me deixo guiar pelos bons<br />

princípios”, revela.<br />

O estudante deseja que sua história sirva de lição para pessoas<br />

que pensaram em cometer suicídio e se sentiram como ele. “Não fui<br />

meu maior exemplo. Vi que meu maior inimigo, canalha e algoz, era<br />

eu mesmo”, conclui.<br />

O universitário conta que “trabalhar faz bem, mantém ativo”. Enfatiza<br />

que Jesus e seus pais foram seus maiores exemplos e que leva<br />

uma grande lição: “A vida é uma passagem, é uma estrada. Nós devemos<br />

continuar em frente e enfrentar os obstáculos, agarrar as oportunidades,<br />

desviar dos atalhos errados e - acima de tudo - buscar a<br />

plenitude do corpo, mente e alma. É possível olhar o fundo do poço e<br />

ter forças para voltar. Subir é possível, só depende de uma pessoa, é<br />

a única pessoa que pode te destruir, você mesmo.”.<br />

ra o lugar que provavelmente eu irei, isto<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

Foto: Murilo Santos/O <strong>Arauto</strong>


Por Lígia Martin<br />

EDUCAÇÃO<br />

No dia 8 de novembro, universitários<br />

brasileiros passarão pelo<br />

Exame Nacional de Desempenho<br />

dos Estudantes (Enade). Criado<br />

em 2004 pelo Ministério de Educação<br />

e Cultura (MEC), avalia a<br />

qualidade dos cursos e das instituições<br />

de ensino superior em<br />

todo país. Também mede o grau<br />

de aprendizado dos estudantes<br />

que estão ingressando ou concluindo<br />

um curso superior. Verifica<br />

competências, habilidades e<br />

domínio de conhecimentos necessários<br />

para exercer a profissão<br />

desejada. Ou seja, tem como principal<br />

objetivo o aperfeiçoamento<br />

da educação.<br />

É o MEC quem define os cursos<br />

a serem avaliados. Neste ano<br />

serão Administração, Arquivologia,<br />

Biblioteconomia, Ciências<br />

Contábeis, Ciências Econômicas,<br />

Comunicação Social, Design, Direito,<br />

Estatística, Música, Psicologia,<br />

Relações Internacionais,<br />

Secretariado Executivo, Teatro e<br />

Turismo. Para os cursos técnicos<br />

superiores a avaliação será para<br />

Design de Moda, Gastronomia,<br />

Gestão de Recursos Humanos,<br />

Gestão de Turismo, Gestão Financeira,<br />

Marketing e Processos<br />

Gerenciais. A reavaliação é feita a<br />

cada três anos.<br />

A avaliação<br />

É composta de 40 questões.<br />

São 10 (3 discursivas e 7 de múltipla<br />

escolha) de Formação Geral,<br />

com peso de 25%, das áreas de<br />

Ecologia, Arte, Cultura, Filosofia,<br />

Globalização, Políticas Públicas,<br />

Redes Sociais e Responsabilidade,<br />

Relações Interpessoais.<br />

Também há 30 questões de<br />

Formação Específica (2 discursivas<br />

e 28 de múltipla escolha),<br />

com peso de 75%. Além disso, faz<br />

parte do exame um questionário<br />

ENADE:<br />

IMPORTANTE PARA A<br />

VIDA PROFISSIONAL<br />

de impressões dos estudantes sobre<br />

a prova, questionário sócioeconômico.<br />

Prova comentada -“Na avaliação<br />

do Enade serão consideradas,<br />

entre outras, as habilidades<br />

do estudante para projetar ações<br />

de intervenção, propor soluções<br />

para situações problema, construir<br />

perspectivas integradoras,<br />

elaborar sínteses e hipóteses,<br />

estabelecer relações, fazer comparações,<br />

trabalhar em equipe e<br />

administrar conflitos”, afirma a<br />

professora Graziela Jimenez, da<br />

FCA-CEUNSP.<br />

O Questionário Sócioeconômico<br />

tem por objetivo traçar o<br />

perfil dos estudantes. Conhecer<br />

a opinião dos alunos com relação<br />

ao ambiente no qual estudam.<br />

A opinião dos alunos em relação<br />

à prova também é levada em<br />

consideração. Por isso há o Questionário<br />

Sobre Impressões da<br />

Prova, cujo objetivo é saber o<br />

que o estudante acha sobre a qualidade<br />

e adequação da avaliação,<br />

visando melhorias para os próximos<br />

exames.<br />

Todos os coordenadores de<br />

cursos superiores terão que responder<br />

de 9 a 23 de novembro<br />

de 2009 o Questionário do Coordenador:<br />

tem como objetivo<br />

reunir informações que auxiliam<br />

a definição do perfil do curso.<br />

O local da prova é definido<br />

pelo MEC. Pode não ser na<br />

universidade que o acadêmico<br />

estuda, mas será na cidade em<br />

que está a faculdade do estudante.<br />

O local onde será realizado o<br />

exame será anunciado no dia 26<br />

de outubro, na página do INEP<br />

(www.inep.gov.br).<br />

Quem faz - Estudantes que<br />

estão concluindo o primeiro e ultimo<br />

ano da faculdade terão que<br />

fazer o exame. Os alunos ingressantes<br />

são caracterizados pela<br />

Instituição de Ensino Superior<br />

(IES), por meio de um controle<br />

acadêmico, são aqueles que cumpriram<br />

de 7% a 22% da grade<br />

curricular mínima do curso, até<br />

1º de agosto de 2009. Os alunos<br />

concluintes são aqueles que cumpriram<br />

80% da grade estabelecida,<br />

até a mesma data.<br />

A inscrição dos alunos junto<br />

ao Enade cabe exclusivamente à<br />

instituição de ensino. Todos os<br />

acadêmicos selecionados terão<br />

que realizar o exame. Caso o estudante<br />

selecionado não compareça,<br />

fica com pendência para conseguir<br />

o diploma e colar grau.Os<br />

alunos que não foram escolhidos<br />

ficam desobrigados a prestar o<br />

exame, porém podem fazer como<br />

voluntários.<br />

Opinião dos estudantes<br />

Alguns universitários ouvidos<br />

pel’O <strong>Arauto</strong> questionam a obrigatoriedade<br />

da realização do exame.<br />

Muitos acreditam que o Enade<br />

foi feito somente para avaliar a<br />

faculdade e, assim, promovê-la. “O<br />

Enade é feito por mim, mas serve<br />

para a propaganda da faculdade”,<br />

comenta Franciele de Jesus, aluna<br />

de Biologia. É claro que um bom<br />

resultado na avaliação do MEC<br />

é bom para a instituição e faz a<br />

procura pelos cursos aumentar.<br />

Mas essa avaliação traz benefícios<br />

também para o estudante. Há<br />

quem veja num bom resultado na<br />

prova benefícios para a vida profissional<br />

e obter reconhecimento.<br />

“O Enade pode ser uma autoavaliação,<br />

ou seja, podemos saber se<br />

estamos por dentro dos assuntos<br />

abordados ou se necessitamos de<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.08<br />

“Bons resultados<br />

geram bons<br />

comentários; boas<br />

notas agregam<br />

valor tanto ao<br />

futuro profissional<br />

do aluno, quanto<br />

à instituição e ao<br />

professor.”


melhorias no ensino. Também não vejo nenhum motivo<br />

de se fazer a prova inteira no ‘chute’. Temos que realizar a<br />

prova com calma e dedicação”, explica Greidson Camargo,<br />

estudante de Publicidade e Propaganda. O universitário<br />

não discorda que uma boa avaliação pelo Enade possa servir<br />

para promover a universidade, mas complementa que<br />

“se a faculdade for bem ou mal no exame, mais tarde, na<br />

disputa para uma vaga no mercado de trabalho, uma boa<br />

nota pode fazer a diferença. Traz uma boa ou má referência.”<br />

Prontos ? - Natalia Ferrari, também aluna de Publicidade,<br />

fará o Enade na condição de ingressante e se diz preparada:<br />

“Se for de acordo com o simulado que fiz no CEUNSP,<br />

acho que estou preparada para fazer o exame. Achei fácil.”<br />

Outros estudantes não sentem a mesma segurança. Gisele<br />

Nogueira, estudante de Rádio e TV, ainda não se diz<br />

“preparada”. Recado para Gisele e todos que farão o Enade:<br />

até 8 de novembro é possível se preparar mais.<br />

Quem já prestou - Heloísa Ribeiro de Souza, estudante<br />

do 4º semestre de Arquitetura, já prestou Enade. “Na<br />

prova tinham questões que não entendia direito, havia<br />

perguntas sobre a prática profissional e eu não consegui<br />

responder”, lembra. Mas é bom citar que Heloísa prestou<br />

o exame em 2008, como aluna ingressante. “Agora estou<br />

aprendendo tudo o que caiu no exame. Se tivesse no 10º<br />

semestre conseguiria responder tudo facilmente”, explica<br />

a futura arquiteta.<br />

O estudante Bruno Michel Ferraz Margoni, estudante de<br />

Publicidade, realizará o exame como estudante concluinte<br />

e afirma que tem condições de responder as questões do<br />

exame. “Acredito que posso responder a parte teórica da<br />

prova. O exame poderia permitir ao estudante uma ‘viagem’<br />

pelo mundo publicitário e não somente basear a prova<br />

em conceitos. Quando fiz o Enade pela primeira vez não<br />

sabia muitas coisas, mas agora aprendi o que caiu anteriormente<br />

na prova”, complementa o estudante.<br />

Todos os estudantes que realizarem o exame receberão<br />

o resultado individual de desempenho pelo correio. O MEC<br />

enviará um documento que poderá ser utilizado como uma<br />

referência para conseguir um estágio na área estudada.<br />

A estudante de Biologia, Franciele de Jesus tem um outro<br />

ponto de vista, interessante. “O Enade avalia o curso, o<br />

aluno, só que antes deles existe uma outra pessoa, o professor.<br />

E o professor sempre tem sua parcela na avaliação”,<br />

comenta.<br />

Foto: Carlos Oliveira/O <strong>Arauto</strong><br />

www.ceunsp.edu.br<br />

Palavra dos professores<br />

O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.09<br />

O professor Pedro Courbassier, responsável por<br />

nove disciplinas no curso de Jornalismo na Faculdade<br />

de Comunicação e Artes/CEUNSP, observa que “bons<br />

resultados geram bons comentários; boas notas agregam<br />

valor tanto ao futuro profissional do aluno, quanto<br />

à instituição e ao professor.” E vai além: “A nota no<br />

Enade, se negativa e repetida, pode fechar a instituição,<br />

prejudicando os três níveis.”<br />

Já a Renata Boutin Becate, também professora da<br />

área de Comunicação, diz que “uma boa nota no Enade<br />

pode ser uma satisfação pessoal” e enfatiza que “um<br />

bom resultado é muito importante para a valorização<br />

da faculdade e do currículo do estudante”. “A responsabilidade<br />

de uma boa colocação no exame é de ambos<br />

(aluno e professor). O professor deve ajudar e o aluno<br />

deve estar disposto a fazer a prova”, ressalta a professora<br />

de Rádio e TV.<br />

Um bom resultado pode trazer investimentos em<br />

conjunto para alunos, professores e, posteriormente,<br />

para a universidade. É bom lembrar que não se deve fazer<br />

uma prova apenas por ser obrigatório fazê-la. Vale<br />

ressaltar que o resultado, seja do Enem, da média numa<br />

disciplina ou ir bem numa entrevista de emprego é apenas<br />

o resultado de um esforço feito desde o primeiro<br />

dia aula, somando as tarefas básicas de todo estudante:<br />

se interessar e buscar conteúdo. Boa prova!<br />

Os 16 cursos do CEUNSP que<br />

serão avaliados pelo Enade<br />

(ingressantes e concluintes)<br />

Administração – Salto e Itu<br />

Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e<br />

Propaganda, Rádio e TV) – Salto<br />

Design – Salto<br />

Design de Moda – Salto<br />

Direito – Salto<br />

Gastronomia – Itu<br />

Gestão Financeira – Itu<br />

Gestão de Turismo – Itu<br />

Marketing – Salto<br />

Processos Gerenciais – Itu<br />

Secretariado Executivo – Salto<br />

Teatro – Salto<br />

Turismo – Itu


Foto: Marcelino Carvalho/O <strong>Arauto</strong><br />

AMBIENTE<br />

Bicicleta: por uma vida<br />

(e cidade) mais<br />

saudável<br />

Por Amanda Duarte<br />

Um transporte barato, acessível a todas as classes sociais,<br />

ecologicamente correto e que ainda faz bem à saúde.<br />

Esses são os benefícios que a bicicleta proporciona. Mas<br />

por que, mesmo assim, as pessoas não utilizam tanto a bicicleta?<br />

“O carro é muito mais confortável, seguro e rápido”,<br />

afirma a manicure Neide Souza, que vai motorizada trabalhar.<br />

Ela acrescenta: “Tenho preguiça de andar de bicicleta.”<br />

As declarações de Neide fazem refletir sobre dois aspectos.<br />

Comparações CARRO x BIKE<br />

Trânsito – A aquisição<br />

de veículos automotores<br />

– dizem as estatísticas econômicas<br />

- é cada vez maior,<br />

aumentando assim o congestionamento<br />

no trânsito. A<br />

bicicleta é, sem duvida, mais<br />

eficiente no que diz respeito<br />

a tempo de deslocamento em<br />

engarrafamentos. Enquanto o<br />

motorista corre o risco de se<br />

estressar quando fica parado<br />

no trânsito, o ciclista anda<br />

com sua “magrela” , como é<br />

conhecida popularmente a<br />

bicicleta, ao ar livre, deixando<br />

muitas máquinas potentes<br />

paradas nos intermináveis<br />

congestionamentos. Porém,<br />

por estar sujeito a quedas e<br />

acidentes mais graves, talvez<br />

não seja tão seguro o uso<br />

em trânsito movimentado.<br />

Economia – Automóvel<br />

precisa abastecer. Já bicicleta<br />

é um meio de transporte barato:<br />

só usa o esforço físico. É<br />

ideal para aqueles que estão<br />

precisando de um dinheiro<br />

extra no fim do mês. “Ao invés<br />

de usar o vale-transporte<br />

fornecido pela empresa, uso<br />

minha bike e economizo em<br />

média R$ 100 por mês”, revela<br />

Alex Dias, de 16 anos, que<br />

trabalha cerca de 9 km distante<br />

de sua residência. Além<br />

disso não paga o Imposto sobre<br />

Propriedade de Veículos<br />

Automotores, o temido IPVA.<br />

Meio ambiente - Com o<br />

aquecimento global é preciso<br />

se preocupar com a natureza.<br />

Segundo o Instituto Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística<br />

Um, da dependência cada vez<br />

maior dos humanos em relação<br />

ao automóvel. Outro, a<br />

bicicleta está ganhando cada<br />

vez mais espaço nos debates.<br />

Prova disso é o aumento de<br />

ciclovias em cidades brasileiras.<br />

Sorocaba já conta com<br />

50 km, unindo as principais<br />

avenidas. “A meta é viabilizar<br />

100 km de ciclovias interligadas,<br />

o que permitiria<br />

a circulação entre todas as<br />

regiões da cidade”, informa<br />

Vinicius Castanho, assessor<br />

de imprensa da Prefeitura.<br />

Outra prova de que o Poder<br />

Público começa a pautar<br />

(IBGE), os maiores causadores<br />

da poluição do ar são os<br />

automóveis, principalmente<br />

os movidos a diesel. No Brasil,<br />

os escapamentos ocupam<br />

- junto com as queimadas<br />

em matas - o primeiro lugar<br />

entre os grandes vilões do<br />

aquecimento do planeta. “A<br />

bicicleta é um meio de transporte<br />

sustentável. A única<br />

energia usada é a energia<br />

humana. A taxa de poluição<br />

do ar é zero”, afirma o professor<br />

Hélio Pereira Junior.<br />

Saúde – Andar de bicicleta<br />

é uma atividade fácil e que<br />

traz benefícios à saúde. ”Além<br />

de melhorar o condicionamento<br />

cardiorrespiratório,<br />

(prevenindo problemas circulatórios,<br />

deficiências res-<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

o uso da bicicleta nas ações<br />

de governo é a maior preocupação<br />

em ter uma cidade<br />

mais saudável e menos poluída.<br />

Segundo a Assessoria<br />

de Imprensa de Salto, a cidade<br />

tem um projeto pronto<br />

de instalação de ciclovias,<br />

aprovado desde 2007, e que<br />

não foi executado por falta<br />

de liberação de verba. A previsão<br />

para o início das obras<br />

(e a chegada do dinheiro)<br />

é para o começo de 2010.<br />

“Mas ainda há cidades mal<br />

planejadas para receber este<br />

transporte e, como todo veículo,<br />

necessita de uma legislação<br />

específica”, adverte o<br />

piratórias, diabetes entre outras),<br />

aumenta a qualidade e<br />

a expectativa de vida”, avisa<br />

o professor de Educação Física,<br />

Cesar Augusto Passos.<br />

Ele contina: “Com sua magrela,<br />

além de perder os quilos<br />

extras, você ganha massa<br />

muscular, principalmente<br />

nas pernas. A cada uma hora<br />

andando de bike é possível<br />

queimar até 700 calorias,<br />

dependendo da velocidade.”<br />

Lazer - Muitas famílias e<br />

amigos usam a bike como um<br />

lazer diferente aos fins de semana.<br />

Cerca de duas mil pes-<br />

professor Hélio Pereira Junior,<br />

coordenador do curso de<br />

Gestão Ambiental do CEUNSP.<br />

Especialistas apontam<br />

também que além do esforço<br />

dos governos é necessário<br />

que indústrias, universidades,<br />

comércios e escolas também<br />

entrem no “pró-pedal”.<br />

Seria preciso, ao menos, que<br />

empregadores e prestadores<br />

de serviços garantissem a<br />

guarda segura das bicicletas.<br />

Como alguém utilizará o veículo<br />

de duas rodas se não tiver<br />

certeza que a encontrará<br />

de volta?<br />

soas, principalmente famílias,<br />

participam do programa “Pedala<br />

Sorocaba”. “Todas as manhãs<br />

dos domingos um trecho<br />

da avenida Dom Aguirre,<br />

no Jardim Abaeté, é fechado<br />

para que a população passeie<br />

com suas bicicletas, com toda<br />

a segurança e alto astral”, comenta<br />

o prefeito da cidade,<br />

Vitor Lippi. “É uma opção<br />

de lazer. Além de não gastar<br />

nada junta diversão, comodidade,<br />

e exercício físico” , diz a<br />

dona de casa Marília Gabriela<br />

Calegari, que normalmente<br />

vai aos domingos ao parque,<br />

pedalar com a família.


RADICAL<br />

PARAQUEDISMO<br />

Qual o “barato” de cair por entre as nuvens?<br />

“A sensação é única, é de<br />

liberdade total. São mais de<br />

10 segundos em queda livre<br />

da mais pura emoção.”<br />

Por Jéssica Bonatti<br />

O sonho de voar livremente,<br />

como um pássaro, de estar<br />

entre as nuvens, de sentir o<br />

vento no rosto e de esquecer<br />

o que acontece lá fora, pode<br />

ser realizado no paraquedismo.<br />

Mas qual a melhor maneira<br />

de desvendar o universo<br />

dessa modalidade “radical”.<br />

Simples, uma pessoa da equipe<br />

de O <strong>Arauto</strong> realizou um<br />

salto numa escola de paraquedismo<br />

(fotos). “A sensação<br />

é única, é de liberdade total.<br />

São mais de 10 segundos<br />

em queda livre da mais pura<br />

emoção. Ainda no ar, com o<br />

paraquedas aberto, é possível<br />

ver toda a cidade enquanto<br />

se cai suavemente. Assim fica<br />

fácil descobrir porque os pássaros<br />

cantam todos os dias.”<br />

As palavras são da repórter<br />

Jéssica Bonatti.<br />

O salto de Jéssica foi realizado<br />

em Boituva, cidade as<br />

margens da rodovia Castello<br />

Branco: um salto-duplo, modalidade<br />

em que o estreante<br />

dos ares sai do avião junto<br />

com um instrutor.<br />

“Capital do paraquedismo”<br />

- Com poucas chuvas,<br />

e clima estável, a cidade de<br />

Boituva foi a escolhida para<br />

abrigar o Centro Nacional de<br />

Paraquedismo (CNP). Ao todo<br />

são 16 escolas instaladas na<br />

área do CNP. “A cidade tem a<br />

maior área do Brasil e uma<br />

das maiores do mundo”, revela<br />

o paraquedista Eduardo<br />

Meirelles, da Escola Paraquedismo<br />

Boituva. No local já foram<br />

realizadas competições<br />

internacionais.<br />

O Salto-duplo é o mais<br />

praticado. A atividade é realizada<br />

por duas pessoas (o instrutor<br />

e você) utilizando um<br />

único equipamento. Hoje é a<br />

maneira mais simples de sentir<br />

a experiência da queda livre,<br />

sem precisar de cursos e<br />

treinamentos. Com apenas 15<br />

minutos de instrução e você<br />

já esta pronto para saltar.<br />

Ao contrário do que a maioria<br />

das pessoas pensa, o paraquedismo<br />

não é um esporte<br />

perigoso. Nunca houve acidente<br />

fatal em salto duplo no<br />

Brasil. Para isso, as escolas<br />

seguem uma norma de segurança.<br />

Os equipamentos têm<br />

que ser novos, os instrutores<br />

devem ter feito mais de mil<br />

saltos e estarem cadastrados<br />

na Confederação Brasileira<br />

da modalidade. Além disso,<br />

algumas escolas possuem o<br />

Dispositivo de Acionamento<br />

Automático (DAA), que<br />

garante a abertura do para<br />

quedas reserva caso aconteça<br />

algo que impeça o paraquedas<br />

de ser acionado.<br />

Esporte caro - Os valores<br />

do salto-duplo variam de R$<br />

250 a R$ 500 com pacotes<br />

simples e pacotes com filmagem<br />

e fotos. Mas o custo para<br />

quem quer se tornar um paraquedista<br />

– saltar sozinho<br />

– é “pesado”. O aprendizado<br />

é constituído por oito níveis.<br />

O aluno aprende toda a parte<br />

teórica e saltos individuais<br />

com manobras. O custo mínimo<br />

é de R$ 5 mil, com equipamentos<br />

de segurança e voos<br />

incluído.<br />

História - A história do<br />

paraquedismo está diretamente<br />

ligada a da conquista<br />

dos céus. Os primeiros registros<br />

de tentativas de salto<br />

em queda livre são de 1306,<br />

quando acrobatas chineses se<br />

atiravam de muralhas e torres,<br />

empunhando um dispositivo<br />

semelhante a um grande<br />

guarda-chuva que amortecia<br />

a chegada ao solo.<br />

Leonardo da Vinci foi<br />

considerado o percussor<br />

como projetista de um paraquedas.<br />

Escreveu em suas notas:<br />

“Se um homem dispuser<br />

de uma peça de pano impermeabilizado,<br />

tendo seus poros<br />

bem tapados com massa<br />

de amido e que tenha dez braças<br />

de lado, pode atirar se de<br />

qualquer altura, sem danos<br />

para si.”<br />

O primeiro homem a saltar<br />

de um paraquedas foi<br />

o balonista francês Andre-<br />

Jacques Garverin, no ano de<br />

1798. No Brasil, o esporte<br />

aparece em 1931, com Charles<br />

Astor, em São Paulo. Foi o<br />

maior incentivador do esporte<br />

no país, formando alunos<br />

pelo Brasil. Com doze discípulos,<br />

realizou no Rio de Janeiro<br />

o primeiro salto coletivo<br />

na América do Sul.<br />

Depois de muitos saltos,<br />

as forças armadas passaram<br />

a utilizar a técnica para invadir<br />

os territórios inimigos. O<br />

desenvolvimento dos paraquedas<br />

tornou possível uma<br />

maior segurança. Nos anos 50<br />

do século XX, o paraquedismo<br />

começou a ser visto também<br />

como modalidade esportiva.<br />

Evolução - A dirigibilidade<br />

e a praticidade do equipamento<br />

foram conseguidas<br />

com a evolução dos materiais<br />

utilizados. Hoje em dia o praticante<br />

tem todo o controle<br />

sobre a direção que quer seguir.<br />

Um esporte que possibilita<br />

ao homem sentir a liberdade<br />

de voar dos pássaros.<br />

Militares - Além das<br />

competições e do lazer que<br />

misturam “radicalidade” e<br />

natureza, o paraquedismo desempenha<br />

uma missão estratégica<br />

nas forças armadas. O<br />

Exército Brasileiro, por exemplo,<br />

conta com a Brigada de<br />

Infantaria de Paraquedista. A<br />

história da brigada, instalada<br />

no Rio de Janeiro, começa no<br />

ano de 1945, após um treinamento<br />

do capitão Roberto de<br />

Pessoa. Ele foi aos Estados<br />

Unidos para se instruir. Na<br />

volta, formou a primeira turma<br />

brasileira.<br />

A tropa de paraquedista<br />

militares brasileiros<br />

é inteiramente formada<br />

por voluntários, de<br />

acordo com o site oficial<br />

(www.bdainfpqdt.eb.mil.br).<br />

Os integrantes têm como características<br />

a coragem, a<br />

agressividade no combate,<br />

a determinação no cumprimento<br />

da missão, a resistência<br />

física e a camaradagem.<br />

www.ceunsp.edu.br<br />

O <strong>Arauto</strong> / out.09<br />

pág.11<br />

As competições de paraquedismo apresentam seis categorias<br />

distintas. As performances são filmadas por um<br />

cinegrafista que acompanha os saltos. Logo após o pouso,<br />

o vídeo é avaliado pelos juízes de acordo com as regras<br />

internacionais do esporte. As modalidades são:<br />

Formação em Queda Livre (FQL) - A primeira<br />

categoria desenvolvida para competição é o salto em<br />

equipe de 2 a 16 paraquedistas, que forma figuras geométricas<br />

em queda-livre.<br />

Free Fly - O atleta utiliza várias posições do corpo em<br />

queda livre. Sentados, deitados, em pé ou de cabeça para<br />

baixo, atingem grandes velocidades.<br />

Freestyle - O atleta salta sozinho e realiza movimentos<br />

artísticos e de precisão.<br />

Swoop – É o pouso de alta performance, estilo<br />

no qual o atleta tem que apresentar uma boa<br />

performance no pouso. Os paraquedas são menores<br />

e mais velozes, dificultando a descida.<br />

Skysurf - No salto é utilizada uma prancha que é presa<br />

aos pés do paraquedista, que surfa no ar, realizando diversas<br />

manobras durante o voo.<br />

Wingsuite - O atleta salta vestindo um macacão com<br />

“asas” (um pano costurado à roupa fecha o espaço entre<br />

os braços abertos e a cintura), aumentando a área de contato<br />

com o ar e possibilitando o deslocamento à distância.<br />

Pára-quedismo<br />

ou<br />

paraquedismo?<br />

A primeira grafia era a correta até a oficialização, este<br />

ano, da Nova Ortografia Oficial da Língua Portuguesa.<br />

Paraquedismo é a nova forma de escrever.<br />

Fotos: acervo particular da repórter

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