Tese Michele Fagundes.pdf - Caunesp
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Discussão<br />
O presente estudo, assim como estudo anterior sobre transporte de pintado<br />
(<strong>Fagundes</strong> e Urbinati, 2008), mostrou que este procedimento é um processo estressante<br />
para a espécie, como tem sido para outras (Carneiro e Urbinati, 2001; Gomes et al.,<br />
2003; Urbinati et al., 2004; Takahashi et al., 2006; Abreu et al., 2008; Carneiro et al.,<br />
2009), podendo levar a alterações fisiológicas e metabólicas clássicas da respostas de<br />
estresse (Barton e Iwama, 1991; Wendeelar Bonga, 1997).<br />
Os valores de cortisol sanguíneo têm sido bastante utilizados para identificar a<br />
intensidade do estresse em peixes (Barton e Iwama, 1991; Wendeelar Bonga, 1997). O<br />
perfil da resposta do cortisol é bastante variado até mesmo para uma mesma espécie<br />
(Urbinati e Carneiro, 2004), do mesmo modo que o tempo de retorno a valores<br />
considerados controle também são variados e diferem de espécie para espécie.<br />
Matrinxãs submetidos ao transporte em diferentes densidades por quatro horas<br />
apresentaram um aumento nos níveis de cortisol após o transporte retornando aos<br />
valores do controle em 24 horas (Abreu et al., 2008). Salmões submetidos ao transporte<br />
apresentaram aumento do cortisol após transporte, mas não retornaram as condições<br />
basais em 48 horas (Iversen et al., 1998). Jundiás (Rhandia quelen) transportados em<br />
diferentes densidades, por um período de quatro horas, apresentaram elevação nos<br />
níveis séricos de cortisol após o transporte, na maior densidade, em relação ao controle,<br />
sendo que a recuperação ocorreu em 24 horas (Carneiro et al., 2009). No presente<br />
estudo os níveis de cortisol não apresentaram diferença estatística, mas foi observado<br />
um claro perfil de aumento nos valores do cortisol após o transporte acompanhado por<br />
uma queda progressiva, vindo a alcançar valores inferiores ao controle com 48, 72 e 96<br />
horas após o manejo. O estudo anterior com transporte de pintado havia mostrado esse<br />
perfil de redução até 48 horas, sugerindo exaustão do eixo hipotálamo-hipófise-<br />
interrenal como resultado da hiperatividade do sistema e incapacidade de compensação<br />
nesse período. O presente estudo confirma esse perfil que se estende até 96 horas após o<br />
transporte.<br />
Com relação à glicose sanguínea, os peixes do presente estudo apresentaram um<br />
aumento significativo nos níveis de glicose plasmática logo após o transporte (zero<br />
hora, chegada), confirmando a resposta metabólica secundária do estresse, e a glicose<br />
como fonte de energia para a demanda aumentada dos peixes por ação direta no fígado<br />
(Mazeaud e Mazeaud, 1981; Wendelaar Bonga, 1997; Mommsen et al., 1999), resposta<br />
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