Tese Michele Fagundes.pdf - Caunesp
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A atuação do cortisol na defesa do organismo é estudada por vários autores que<br />
relatam uma imunossupressão associada aos altos níveis deste hormônio (Kebus et al.,<br />
1992; Iwama, 1993). Sendo assim, é notável a importância do conhecimento a respeito<br />
do comportamento de secreção do cortisol e sua variação diária como ferramenta para<br />
orientar as pesquisas que utilizam este hormônio como indicador fisiológico.<br />
Nos peixes, muitas variáveis biológicas, incluindo hormônios e metabólitos,<br />
apresentam variações regulares diárias que são dependentes do fotoperíodo, regime<br />
alimentar, temperatura, entre outros fatores (Noeske e Spiller, 1983; Spiller e Noeske,<br />
1984; Fivizzani et al., 1984; Boujard et al., 1993; Biron e Benfey, 1994; Pavlidis et al.,<br />
1999), indicando a existência de um sistema multioscilatório em integração temporal do<br />
peixe com o ambiente.<br />
Estudo com Carassius auratus mostrou que, quando os peixes eram mantidos<br />
em regime de 12L:12E (luz:escuro), as variações nas concentrações sanguíneas de<br />
cortisol foram sempre associadas ao regime alimentar com picos que variaram de 0 a 6<br />
horas (especialmente quatro horas) antes da alimentação e a variação não foi afetada<br />
pelo período do dia em que ocorria a alimentação (Spiller e Noeske, 1984). Em outro<br />
estudo, quando a mesma espécie foi exposta durante um mês a quatro fotoperíodos<br />
diferentes, as variações do cortisol circulante foram bastante afetadas pelo fotoperíodo.<br />
Os valores mais altos do hormônio foram detectados próximo à instalação da claridade e<br />
os mais baixos quando tinha início a escuridão. Peixes mantidos por um mês em dois<br />
fotoperíodos diferentes tiveram variações circadianas na concentração de proteína<br />
plasmática, mas o padrão não foi consistente com qualquer característica dos<br />
fotoperíodos em questão (Noeske e Spiller, 1983).<br />
Adicionalmente, estudo realizado com Fundulus diaphanus mostrou que, em<br />
peixes mantidos num regime de 12L:12E por 16 dias, a temperatura (5° ou 20°C) afetou<br />
o perfil de secreção do cortisol. Peixes aclimatados a 20°C apresentaram um padrão<br />
unimodal com um pico de concentração hormonal quatro horas antes da instalação da<br />
luz, enquanto aqueles aclimatados a 5°C apresentaram um padrão bimodal com picos de<br />
valores de cortisol na instalação da luz e na instalação da escuridão (Fivizzani et al.,<br />
1984). Os autores sugeriram que as mudanças induzidas poderiam ser decorrentes de<br />
outras mudanças sazonais dependentes da temperatura, tais como ciclo anual de<br />
maturação reprodutiva ou mudanças na atividade locomotora.<br />
Variações circadianas nas concentrações séricas de glicose, lactato, colesterol e<br />
triglicerídeos foram determinadas em Pagrus pagrus em diferentes fotoperíodos<br />
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