Tese Michele Fagundes.pdf - Caunesp
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Introdução<br />
Nos mamíferos, o cortisol é um glicocorticóide produzido e secretado pelo<br />
córtex adrenal e exerce um papel importante em vários órgãos e sistemas, participando<br />
da regulação fisiológica e da adaptação às situações de estresse. A concentração de<br />
glicocorticóides circulante é regulada através do ajuste do eixo hipotálamo-hipófise-<br />
adrenal, influenciado por fatores como o ritmo circadiano, o estresse e o feedback<br />
negativo (Matteri et al., 2000). Nos peixes, a resposta de secreção de cortisol em<br />
situações de estresse é controlada por um complexo sistema neuro-endócrino,<br />
envolvendo o sistema simpático-cromafim e o eixo hipotálamo-pituitária-interrenal.<br />
Tanto as células cromafins, como o tecido interrenal, estão presentes no rim cefálico<br />
sendo responsáveis pela liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e de<br />
cortisol, respectivamente (Sumpter, 1997).<br />
Em peixes, o cortisol apresenta dupla função: glicocorticóide e<br />
mineralocorticóide e afeta vários órgãos e sistemas. As brânquias, intestino e fígado são<br />
alvos importantes para o cortisol, os quais refletem as duas maiores ações deste<br />
hormônio, isto é, o controle do balanço hidromineral e do metabolismo energético<br />
(Wendelaar Bonga, 1997). O cortisol estimula a gliconeogênese, síntese de glicose a<br />
partir de substâncias que não sejam carboidratos, e regula a demanda de açúcar na<br />
circulação periférica, por antagonizar os efeitos da insulina pela diminuição<br />
significativa da respostas dos hepatócitos à insulina (Vijayan et al., 1994). Sendo assim,<br />
o cortisol tem a função de sustentar os altos níveis de glicose após a resposta inicial<br />
provocada pelas catecolaminas, tanto por estimulo da gliconeogênese quanto por regular<br />
o aporte periférico da glicose. A glicose produzida pela gliconeogênese é um importante<br />
aporte energético utilizando como ferramenta para enfrentar a demanda ocasionada pela<br />
resposta ao estresse e promover o depósito de glicogênio no fígado, para eventuais<br />
situações em que ele novamente seja utilizado (Barcellos et al., 2000). Sabe-se também<br />
que o mesmo afeta o metabolismo de carboidratos, aminoácidos e lipídeos (Mommsen<br />
et al., 1999). Aumenta a lipólise, resultando num maior aporte de ácidos graxos e<br />
glicerol para circulação e para gliconeogênese (Van Der Boon et al., 1991).<br />
Já como mineralocorticóide o cortisol atua na regulação osmótica e iônica, sendo<br />
capaz de estimular a diferenciação de células de cloreto nas brânquias e o aumento da<br />
atividade específica das enzimas relacionadas ao transporte de íons, em particular a<br />
enzima Na + /K + ATPase (Nolan, 2000).<br />
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