Tese Michele Fagundes.pdf - Caunesp
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Introdução<br />
A piscicultura é uma atividade em franca expansão no Brasil. O número de<br />
animais manejados diariamente nas fazendas é bastante grande, porém nem sempre são<br />
empregadas as técnicas de manejo mais adequadas (Inoue e Moraes, 2007). Uma das<br />
técnicas usadas para minimizar o estresse dos peixes durante a manipulação é o uso de<br />
anestésicos (Ross e Ross, 1999; Griffiths, 2000; Carneiro e Urbinati, 2001b; Urbinati e<br />
Carneiro, 2001; Small, 2003; Iversen et al., 2009). Várias são as drogas utilizadas como<br />
anestésicos para peixes, entre elas a tricaína metanosulfato (MS-222), a quinaldina, 2fenoxietanol<br />
(Mgbenka e Ejiofor, 1998; Ross e Ross, 1999; Hovda e Linley, 2000), a<br />
benzocaína (Gomes et al., 2001; Urbinati e Carneiro, 2001b) e o eugenol (Inoue e<br />
Moraes, 2007).<br />
A anestesia é um procedimento reversível que provoca a perda de sensações em<br />
todo ou em parte do corpo, e que resulta da depressão da função nervosa, causada por<br />
um fármaco. Os anestésicos são agentes físicos ou químicos que, com o aumento da<br />
exposição ou concentração, primeiro acalmam (sedam), e depois causam a perda de<br />
mobilidade, equilíbrio, consciência e, finalmente, das ações reflexas, por evitarem a<br />
iniciação e condução do impulso nervoso (Summerfelt e Smith, 1990).<br />
A administração dos anestésicos pode ser realizada de duas formas: por inalação<br />
e por via injetável, sendo a primeira a forma mais utilizada no Brasil (Roubach e<br />
Gomes, 2001). A droga entra no sistema circulatório dos peixes através das brânquias,<br />
via sistema respiratório, podendo causar a perda da capacidade natatória, ou seja,<br />
imobilização, com ou sem perda de consciência. Esta perda de consciência dos peixes<br />
implica na ausência de resposta a estímulos, o que usualmente significa, também, a<br />
perda de algumas ações reflexas específicas (Summerfelt e Smith, 1990). Estudo recente<br />
avaliou a viabilidade do eugenol como anestésico para o pirarucu por aspersão direta<br />
nas brânquias, considerando que, por ser um animal de grande porte, a realização de<br />
banhos anestésicos, muitas vezes, não é possível devido ao tamanho do animal e devido<br />
ao risco de afogamento do peixe pulmonado. Além disso, é comum o relato de acidentes<br />
envolvendo pancadas violentas em técnicos durante o manejo. O eugenol borrifado nas<br />
brânquias (30 a 60 mg/L) mostrou-se viável como anestésico para o pirarucu<br />
(Honczaryk e Inoue, 2009).<br />
Os procedimentos anestésicos devem ser realizados da forma mais eficiente<br />
possível, tanto do ponto de vista biológico, anestesiando os peixes sem causar nenhum<br />
problema no crescimento e na reprodução, como a utilização de uma dose correta,<br />
evitando desperdícios ou a morte dos animais por elevada concentração (Roubach e<br />
Gomes, 2001).<br />
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