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AIDS 25 ANOS AIDS 25 ANOS - Portal ENSP - Fiocruz

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Houve um retrocesso na qualidade<br />

das peças publicitárias sobre<br />

HIV/Aids durante a maior parte do go-<br />

verno Collor (1991-1992). Somente com<br />

a saída de Alceni Guerra do Ministério<br />

da Saúde e a posterior troca de governo,<br />

foi retomado o diálogo com as<br />

ONGs/Aids, com o que se deu uma<br />

mudança de rumo das campanhas.<br />

“Previna-se do vírus, não das pessoas”,<br />

dizia o cartaz do Dia Mundial de Luta<br />

contra a Aids de 1993, voltado para os<br />

jovens, e que também apresentava a<br />

camisinha como método de prevenção.<br />

As transformações na maneira como o<br />

governo publicizou a questão da Aids<br />

até 1996 são analisadas no capítulo 5 —<br />

As Imagens do Mal, no livro de Dilene.<br />

No entanto, pessoas que testemunharam<br />

as primeiras décadas da epidemia<br />

têm a sensação de que pouco se<br />

ouve falar sobre Aids atualmente. Para<br />

o jornalista-sanitarista Mario Scheffer,<br />

ativista do Grupo Pela Vidda de São<br />

Paulo, são necessárias mais<br />

campanhas de prevenção<br />

de massa por parte de estados,<br />

municípios e governo<br />

federal. O coordenador<br />

de Comunicação do PNDST/<br />

Aids, Alexandre Magno de<br />

Amorim, reconhece que limitações<br />

orçamentárias dificultam<br />

a ampliação desse<br />

tipo de ação na mídia audiovisual por<br />

parte da União, mas lembra que o<br />

programa sempre teve, em média,<br />

duas campanhas de massa anuais,<br />

uma no Carnaval e outra no segundo<br />

semestre. No âmbito estadual, ele<br />

cita Bahia e Sergipe como exemplos<br />

nas ações de comunicação eficientes<br />

sobre Aids.<br />

CAMISINHA, O MÉTODO<br />

O programa também financia a<br />

produção de material informativo<br />

pelas ONGs e mantém ações conti-<br />

Betinho, motor da cidadania<br />

Betinho teria feito 70 anos em 3<br />

de novembro, se estivesse vivo.<br />

Alto lá! Ele morreu de Aids em 9 de<br />

agosto de 1997, mas seus ideais vivem<br />

em brasileiros dispostos a lutar<br />

por cidadania, justiça, saúde, educação<br />

e comida para todos. Por isso,<br />

muitas homenagens marcaram seu<br />

aniversário, como o lançamento do<br />

livro Um abraço, Betinho, de Dulce<br />

Pandolfi e Luciana Heymann, do Centro<br />

de Documentação e Pesquisa da<br />

Fundação Getúlio Vargas.<br />

O mineiro Herbert de Souza<br />

(Herbet, por erro na certidão de<br />

nascimento), sempre teve saúde frágil.<br />

Hemofílico como os irmãos Henfil<br />

e Chico, cedo aprendeu a encarar<br />

as dificuldades como desafios. A ditadura<br />

e o exílio não o fizeram desistir<br />

da militância política. Em 1979,<br />

retornou anistiado (“Meu Brasil /<br />

que sonha / com a volta do irmão<br />

do Henfil”, nos versos de O bêbado<br />

e a equilibrista, de João Bosco e<br />

Aldir Blanc) e, em 1981, fundou o<br />

Instituto Brasileiro de Análises Sociais<br />

e Econômicas (Ibase).<br />

“DEMOCRACIA VIVA”, IBASE/ NOV/05<br />

RADIS 40 DEZ/2005<br />

[ 13 ]<br />

nuadas de educação e prevenção<br />

junto aos segmentos mais vulneráveis<br />

da população. Alexandre considera<br />

que as campanhas e esse trabalho<br />

direcionado têm apresentado bons<br />

resultados, pois o número estimado<br />

de infectados no país ficou em 600<br />

mil, metade da estimativa de 1,2 milhão<br />

feita pelo Banco Mundial para o<br />

ano 2000. Ele citou também estudo<br />

recente do Ministério da Saúde sobre<br />

o comportamento sexual da população<br />

brasileira e percepções do<br />

HIV/Aids, mostrando que 94%<br />

da população entre 15 e 54<br />

anos sabem que a camisinha<br />

previne a transmissão sexual<br />

e que 67% relataram usar preservativo<br />

com parceiros eventuais,<br />

mesma percentagem<br />

dos que têm conhecimento<br />

correto das formas de infecção.<br />

“O que falta é a velha<br />

percepção de risco, ou seja, todo<br />

mundo sabe que se não se cuidar<br />

pode contrair o vírus, mas no inconsciente<br />

acha que isso só vai acontecer<br />

com os outros, nunca com ele”,<br />

diz o coordenador.<br />

Alexandre atribui o fato<br />

de se ouvir e ver menos sobre<br />

a Aids agora a um desinteresse<br />

pelo assunto, em comparação<br />

ao que acontecia nos anos 80<br />

e 90, quando pessoas famosas se declararam<br />

doentes, causando grande<br />

impacto na sociedade. Mas garante<br />

AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA <strong>AIDS</strong><br />

Em 1986, ao descobrir que contraíra<br />

o HIV numa transfusão de sangue,<br />

reuniu ativistas de movimentos<br />

sociais, cientistas, intelectuais e autoridades<br />

para criar a Associação Brasileira<br />

Interdisciplinar de Aids (Abia),<br />

que teve atuação decisiva na campanha<br />

“Salve o Sangue do Povo Brasileiro”.<br />

Em 1988, a Constituição proibiu o<br />

comércio de sangue no país. Coleta,<br />

processamento e distribuição de sangue<br />

e hemoderivados passaram a ter<br />

qualidade rigidamente controlada.<br />

Envolveu-se nas lutas pela preservação<br />

ambiental, a ética na política<br />

e a reforma agrária, entre<br />

outras, e também na Ação da Cidadania<br />

contra a Miséria e pela Vida,<br />

a Campanha contra a Fome. ONGs e<br />

movimentos concebidos por ele<br />

continuam em atividade, um legado<br />

à cidadania.

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