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8 Diário <strong>Económico</strong> Sexta-feira 8 Janeiro 2010<br />

ECONOMIA<br />

Fisco alerta para<br />

riscos de corrupção<br />

nos serviços<br />

Plano anti-corrupção da DGCI identificou ainda riscos<br />

de suborno, tráfico de influência e abuso de poder.<br />

Lígia Simões<br />

ligia.simoes@economico.pt<br />

A DGCI admite que por vezes<br />

pode não investigar contribuintes<br />

que deveriam ser inspeccionados<br />

e que esta prática pode<br />

resultar de um acto de corrupção.<br />

A possibilidade da existência<br />

deste crime é assumida pelo<br />

Fisconoseuplanodecombateà<br />

corrupção, onde o serviço do<br />

Estado que gere mais dinheiro<br />

deixa uma solução: identificar<br />

os contribuintes que sistematicamente<br />

ficam próximos dos<br />

critérios de selecção, mas que<br />

não são escolhidos como alvo de<br />

inspecção.<br />

O Fisco alerta para o risco de<br />

corrupção na selecção de contribuintes,<br />

nomeadamente através<br />

do acesso a informação privilegiada<br />

relacionada com critérios e<br />

parâmetros que dão origem às<br />

inspecção.<br />

Além da corrupção, o plano<br />

de gestão de riscos de corrupção<br />

e infracções conexas (PGRCIC,)<br />

a que o Diário <strong>Económico</strong>, identifica<br />

outros riscos: tráfico de<br />

influência, peculato, suborno e<br />

abuso de poder. São as áreas da<br />

cobrança, venda de bens penhorados,<br />

realização de actos<br />

inspectivos, registo de entrada<br />

de documentos e selecção de<br />

recursos humanos que exigem<br />

maiores cuidados do Fisco e<br />

onde deverão ser aplicadas medidas<br />

preventivas.<br />

No documento - já entregue<br />

ao Conselho de Prevenção da<br />

Corrupção (CPC) – são apontadas<br />

várias áreas onde se impõe<br />

“reduzir as oportunidades de acções<br />

delituosas, clarificar as zonas<br />

cinzentas de actuação, aumentar<br />

os níveis de controlo social<br />

e consolidar uma cultura anti-corrupção”.<br />

No plano são identificados<br />

riscos de corrupção ao nível da<br />

atribuição de benefícios fiscais,<br />

tramitação processual e na inspecção<br />

a contribuintes. No primeiro<br />

caso, o Fisco alerta para<br />

benefícios concedidos irregularmente,<br />

propondo o reforço<br />

dos procedimentos internos de<br />

controlo e verificação dos pres-<br />

FUNCIONÁRIOS<br />

11.052<br />

Total de recursos humanos da<br />

DGCI dispersos por 25 serviços<br />

centrais (direcções de serviços),<br />

21 direcções de finanças e 344<br />

serviços de finanças.<br />

RECEITA FISCAL<br />

Venda de bens<br />

penhorados, inspecção,<br />

cobrança e<br />

conflitos de interesses<br />

de funcionários<br />

são algumas das<br />

áreas que preocupa<br />

Azevedo Pereira,<br />

director geral dos<br />

Impostos.<br />

31 mil milhões<br />

Para 2009, previam-se receitas<br />

de 43 mil milhões. No primeiro<br />

rectificativo baixou para 35 mil<br />

milhões e o segundo prevê agora<br />

31 mil milhões, uma nova queda<br />

de 13%.<br />

supostos da sua atribuição.<br />

Considera que só as medidas de<br />

“detecção precoce” evitarão a<br />

“propagação de comportamentos<br />

corruptos”.<br />

Identifica como outros riscos<br />

potenciais, o “erro intencional”<br />

na tramitação processual para a<br />

anulação do acto em sede de<br />

contencioso administrativo ou<br />

judicial. Para a minimização de<br />

eventuais erros, é proposto a implementação<br />

de melhorias no<br />

controlo através dos sistemas informáticos.<br />

O plano da DGCI<br />

aponta ainda riscos de “falsificação<br />

e manipulação“ de datas de<br />

registo de entrada de processos.<br />

Ao nível da inspecção o cenárionãoémelhor.Oriscodecorrupção<br />

estende-se aos próprios<br />

actos inspectivos, onde se pretende<br />

afastar “correcções excessivas<br />

tendo em vista a possibilidade de<br />

negociação e de vantagens”. Para<br />

o efeito, sugere-se o reforço de<br />

supervisão dos actos inspectivos<br />

pelos chefes de equipa.<br />

Canais internos para denúncia<br />

O poder discricionário dos trabalhadores<br />

dos impostos em<br />

determinadas situações não é<br />

isento de críticas. Além da área<br />

inspectiva, estende-se à análise<br />

de contencioso administrativo e<br />

à resposta a pedidos de contribuintes.<br />

Para controlar os riscos<br />

potenciais de corrupção, a DGCI<br />

sugere algumas medidas: rotatividade<br />

de pessoal para garantir<br />

que as relações de supervisão<br />

não se tornem demasiado próximas<br />

e criação de canais de comunicação<br />

interna para relato<br />

de eventual envolvimento de<br />

superiores hierárquicos em<br />

condutas corruptas.<br />

Também a venda de bens penhorados<br />

foi alvo de escrutínio.<br />

O Fisco alerta aqui para a ”sobreavaliação<br />

deliberada” do<br />

bem, potenciando a não realizaçãodavendaeaconsequente<br />

evolução para a negociação particular<br />

(venda a terceiro predeterminado).<br />

Uma área que, segundo<br />

a DGCI, exigirá o controlo<br />

e fiscalização dos peritos avaliadores<br />

para evitar crimes de tráfico<br />

de influência. ■<br />

Mais 1.150 reformados no Estado<br />

Mais 1.154 funcionários públicos irão reformar-se em Fevereiro, o que<br />

significa um aumento de 243 funcionários aposentados face ao mesmo<br />

mês do ano passado, revelam as listas da Caixa Geral de Aposentações<br />

(CGA) publicadas todos os meses no Diário da República. Na lista<br />

publicada ontem, referente a Fevereiro, verifica-se que o maior número de<br />

aposentados ocorre no Ministério da Educação, com mais de 300<br />

funcionários a saírem do activo. Em segundo, a Saúde, com 170.<br />

OLIVEIRA MARTINS TEM ESTADO A RECEBER OS PLANOS DE<br />

DGCItemequeex-fu<br />

Funções na actividade privada<br />

potenciam riscos.<br />

Lígia Simões<br />

ligia.simoes@economico.pt<br />

A saída de pessoal para o sector<br />

privado merece especial referência<br />

no plano anti-corrupção<br />

do Fisco. É aqui apontado que os<br />

antigos trabalhadores depois de<br />

se desvincularem da Administração<br />

Pública (essencialmente<br />

pela aposentação) iniciam funções<br />

no sector privado, em actividades<br />

que lhes estavam vedadas<br />

pelo regime de incompatibilidades<br />

dos funcionários pú-<br />

blicos (como a advocacia e consultoria).<br />

“Esta situações podem<br />

potenciar riscos como o<br />

uso de know-how adquirido na<br />

organização, para obter vantagem<br />

na actividade privada”,<br />

alerta a DGCI. Destaca ainda a<br />

“eventual influência junto dos<br />

antigos colegas para tomar decisões<br />

que favoreçam a actividade<br />

privada e de transmitir informações<br />

confidenciais”. E<br />

alerta para a angariação de<br />

clientes utilizando informações<br />

obtidas a partir da DGCI.<br />

Como medidas para suprimir<br />

as insuficiências do sistema de<br />

controlo, o plano anti-corrup-

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