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6 Diário <strong>Económico</strong> Sexta-feira 8 Janeiro 2010<br />

DESTAQUE ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2010<br />

Submarino chega<br />

na Primavera e soma<br />

500 milhões ao défice<br />

Defesa confirma chegada do primeiro submarino em Março/Abril. Adiar a entrega<br />

do equipamento militar não está em cima da mesa, garante o ministro.<br />

Margarida Peixoto<br />

margarida.peixoto@economico.pt<br />

Dentro de dois a três meses<br />

chegam mais 500 milhões de<br />

euros para acrescentar ao déficequeestánovalormais<br />

alto dos últimos 23 anos. O<br />

primeiro submarino encomendado<br />

pelo Governo navegará<br />

em mar português já no<br />

início da Primavera, garantiu<br />

o ministro da Defesa, ao Diário<br />

<strong>Económico</strong>.<br />

“O Tridente [o primeiro<br />

submarino] chegará a Portugal<br />

entre Março e Abril deste ano e<br />

o segundo submarino chegará<br />

em 2011”, afirmou Augusto<br />

Santos Silva. O ministro da<br />

Defesa garantiu que o novo<br />

equipamento militar, encomendado<br />

em 2004 pelo Governo<br />

de Santana Lopes e Paulo<br />

Portas, “tem missão atribuída”,<br />

faz parte de um “conceito<br />

de estratégia militar”, mas que<br />

“não é público”.<br />

Emboraacompradossubmarinos<br />

tenha sido decidida há<br />

duas legislaturas, as regras da<br />

Comissão Europeia ditam que<br />

o gasto seja registado como<br />

despesa no ano em que o bem é<br />

colocado à disposição do Governo,<br />

independentemente do<br />

modelo de pagamento até poder<br />

ser desfasado no tempo.<br />

Ou seja, a despesa de 2010<br />

vai ter de contar com mais<br />

500 milhões de euros, um<br />

rombo financeiro violento,<br />

depois de Portugal ter fechado<br />

2009 com um défice de cerca<br />

de8%edesetercomprometidoacorrigi-loparamenos<br />

de 3% até 2013.<br />

Assumindo as estimativas<br />

da Comissão Europeia para o<br />

produto interno bruto, o impacto<br />

é de 0,3 pontos percentuais<br />

a mais no défice orçamental<br />

– uma dificuldade extra<br />

num ano em que as três<br />

agências de rating internacionais<br />

que avaliam a dívida da<br />

República já avisaram que<br />

queriam ver sinais do caminho<br />

para a consolidação. Caso contrário,<br />

a notação da dívida<br />

portuguesa desce, provocando<br />

um aumento do preço do financiamento<br />

público e, por<br />

arrasto, das empresas e das famílias.<br />

Adiar a entrega do submarino<br />

também não faz parte dos<br />

planos do consórcio vendedor.<br />

“Não vemos qualquer razão<br />

para adiar a entrega”, garantiu<br />

SUBMARINO<br />

500 milhões<br />

É o preço do primeiro submarino,<br />

que terá de ser inscrito como<br />

despesa assim que o bem for<br />

colocado à disposição do<br />

Governo, o que deverá acontecer<br />

entre Março e Abril.<br />

DÉFICE<br />

“Se estamos hoje<br />

a prever qualquer<br />

utilização do<br />

submarino que<br />

não seja militar,<br />

a resposta é não”,<br />

disse Santos<br />

Silva, sobre<br />

a possibilidade<br />

de revenda.<br />

8% do PIB<br />

É a estimativa da Comissão<br />

Europeia para o défice de 2009,<br />

um valor que o ministro das<br />

Finanças já disse ser uma boa<br />

previsão. Até 2013 o Governo<br />

terá de diminuir o buraco nas<br />

contas públicas para menos de<br />

3% do produto interno bruto. Em<br />

2010, o Governo já deverá dar<br />

sinais de redução do défice.<br />

Nathalie Schaer, responsável<br />

de comunicação da HDW. Nem<br />

anular a compra: “a entrega do<br />

primeiro submarino não está a<br />

ser reconsiderada”, disse ao<br />

Diário <strong>Económico</strong>. Aliás, o<br />

submarino “já está produzido e<br />

está a fazer os testes finais de<br />

mar, ficando pronto para entrega<br />

nos próximos meses”,<br />

acrescentou Nathalie Schaer.<br />

E se o submarino for revendido<br />

assim que chegar?<br />

Nos últimos meses surgiram<br />

rumores de que Portugal poderia<br />

estar a considerar a revenda<br />

do submarino assim que chegasse.<br />

A ideia seria anular na<br />

medida do possível parte do<br />

impacto da compra nas contas<br />

públicas. “Se estamos hoje a<br />

prever qualquer utilização do<br />

submarino que não seja militar,<br />

a resposta é não”, disse<br />

Santos Silva, evitando, contudo,<br />

desmentir claramente a hipótese.<br />

“Hoje a questão não se<br />

coloca, vamos cumprir os dois<br />

contratos a que nos vinculámos:<br />

um de compra e outro de<br />

contrapartidas”, disse apenas,<br />

explicando, porém, que não<br />

pode saber hoje o que acontecerá<br />

amanhã.<br />

No entanto, o Diário <strong>Económico</strong><br />

apurou que nos trabalhados<br />

de preparação do Orçamento<br />

do Estado para 2010<br />

ainda não foi dada qualquer<br />

indicação para incluir esta<br />

nova despesa.<br />

Ainda assim, fonte oficial da<br />

Comissão Europeia explicou<br />

que a forma de contabilização<br />

dos bens adquiridos deverá ser<br />

respeitada, e que a única flexibilidade<br />

admitida está no Pacto<br />

de Estabilidade e Crescimento,<br />

“na sua aplicação, nos prazos<br />

de vários anos agora propostos<br />

pela Comissão e aprovados<br />

pelo Conselho”. Isto quer dizer<br />

que o défice pode ficar acima<br />

de 3% nos próximos anos, mas<br />

deverá ter uma tendência de<br />

descida assim que a retoma<br />

deixar de estar em risco.<br />

O Instituto Nacional de Estatísticas<br />

recusou comentar<br />

qualquer possibilidade de reavaliar<br />

os métodos de contabilizaçãodacompradossubmarinos,<br />

sublinhando que a sua<br />

“missão é traduzir estatisticamente<br />

os factos ocorridos”.<br />

Também o Ministério das Finanças<br />

recusou qualquer comentário<br />

sobre o impacto desta<br />

compra no défice. ■<br />

Serviços continuam<br />

atrasados para o OE<br />

Os serviços da administração<br />

pública continuam atrasados no<br />

calendário de preparação do<br />

Orçamento do Estado. De acordo<br />

com o ponto de situação<br />

publicado ontem ao final do dia<br />

pela Direcção Geral do<br />

Orçamento, continuam a existir<br />

277 serviços (de um total de 662)<br />

que ainda não submeteram o seu<br />

orçamento individual no sistema<br />

central. Este passo deveria ter<br />

sido concluído até ao dia 22 de<br />

Dezembro e é fundamental para<br />

elaborar o documento final, que<br />

deverá ser entregue na<br />

Assembleia da República no<br />

último dia do prazo legal: 26 de<br />

Janeiro. A consequência será<br />

trabalho extra nos últimos dias.

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