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R - Económico

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economia<br />

ado em potência que as empresas ainda não aproveitam.<br />

subir até aos 19,5 biliões nos próximos<br />

cinco anos”. “Como mercado,<br />

as mulheres representam<br />

uma oportunidade superior à<br />

China e Índia juntas”. Segundo<br />

estimativas o PIB chinês deverá<br />

chegar aos 4,6 biliões de euros<br />

em2014eoIndianoaos1.2biliões.<br />

O rendimento das mulheres<br />

deverá atingir os 12,5 biliões de<br />

euros. Mais do dobro. Ou<br />

seja, como diz o BCG, “as<br />

mulheres representam a<br />

maior oportunidade de<br />

mercadodomundo”.<br />

Oportunidade Perdida?<br />

Para Silverstein e Sayre, da<br />

BCG, as empresas estão a fazer<br />

“um trabalho pobre” a<br />

aproveitar a oportunidade. Ainda<br />

não foram capazes de mudar o<br />

foco dos seus negócios para<br />

“prestação de serviços às mulheres”.<br />

Continuam focadas nos homens,<br />

dizem. Com base num inquérito<br />

a 12 mil mulheres, em 21<br />

países, de 40 locais diferentes e<br />

com diferentes níveis de rendimento<br />

e estilo de vida, os consultores<br />

da BCG concluíram que as<br />

mulheres não se sentem “servidas”.<br />

Ainda parecem sentir-se<br />

desvalorizadas no mercado e subestimadas<br />

no trabalho, dizem os<br />

consultores, acrescentando que<br />

“elas têm demasiadas solicitações<br />

e estão constantemente a<br />

gerir prioridades conflituantes:<br />

trabalho, casa e família.”<br />

Esta é uma questão importante,<br />

quando se fala de mulheres e<br />

economia. Para Rosália Amorim,<br />

autora do livro ‘O Homem<br />

certo para Gerir uma<br />

Empresa é uma<br />

Mulher’, a preparaçãopsico-<br />

Grande<br />

Reportagem<br />

lógica de uma<br />

mulher para<br />

não se autopenalizar<br />

por<br />

não estar com a<br />

família enquanto<br />

trabalha, é fundamental<br />

para o seu sucesso.<br />

Embora haja alguns progressostaiscomo“comprasonline<br />

ou locais para deixar as crianças<br />

nas grandes superfícies”, como<br />

aponta Rosalina Machado, o facto<br />

é que ainda existe um longo caminho<br />

para percorrer na satisfação<br />

das necessidades das mulheres,<br />

que muitas vezes tem que<br />

optar entre “carreira ou família”.<br />

E quando querem ambas nem<br />

sempre encontram bens e serviços<br />

que vivam “para o ritmo alucinantedoseudiaadia”.■<br />

Paula Nunes<br />

Fomosàscompras<br />

com Leonor Beleza,<br />

a presidente da Fundação<br />

Champalimaud<br />

e a segunda mulher<br />

asernomeadaparaum<br />

cargo Ministerial:<br />

foi ministra da Saúde<br />

de Cavaco Silva.<br />

Com uma vida<br />

profissional muito<br />

ocupada, o que a força<br />

a gerir a sua vida pessoal<br />

ao segundo,<br />

Leonor Beleza vive<br />

também o dilema comum<br />

no feminino de ‘família<br />

vs carreira.<br />

No que diz respeito<br />

ao consumo, Leonor<br />

Beleza até não é um<br />

bom exemplo: acaba<br />

por dividir as idas às<br />

compras com o marido.<br />

Casada, mãe e já avó,<br />

esta mulher continua<br />

a ter como grande causa<br />

da sua vida a defesa<br />

dos Direitos da Mulher.<br />

Apesar dos progressos.<br />

Negócios que têm<br />

a ganhar com elas<br />

Há seis indústrias que são “as de<br />

maior potencial para tirar proveito<br />

deste mercado, segundo o Boston<br />

Consulting Group. “Negócios onde<br />

as mulheres podem gastar mais: comida,<br />

ginástica, beleza e vestuário.<br />

Negócios onde as mulheres estão<br />

descontentes: serviços de saúde e<br />

serviços financeiros”. “As prioridades<br />

de compras das mulheres são diferentes<br />

das dos homens; e a mulheres<br />

estão mais focadas em adquirir<br />

bens e serviços que lhes aumentem<br />

a saúde, a educação e o bem-estar”,<br />

resume Sandra Lawson, autora<br />

do estudo “ Power of The Purse”<br />

com assinatura da Goldman Sachs.<br />

Na medida em que as mulheres estão<br />

a ganhar poder económico, político<br />

e social vamos assistir a uma<br />

mudança de gastos. “Na maior parte<br />

do mundo este fenómeno coincide<br />

com o crescimento da classe<br />

mediaecomoaumentodopoder<br />

de compra”. E aindústrias que podem<br />

beneficiar do fenómeno estas<br />

estão dligadas à comida, cuidados<br />

de saúde, cuidados infantis, educação,<br />

bens de consumo duradouros<br />

e serviços financeiros.<br />

O médico defende que é<br />

necessário o apoio do Estado<br />

para se ser mâe e trabalhadora<br />

Mafalda de Avelar<br />

Um dos grandes dilemas do momento<br />

é saber o que vai acontecer<br />

à nossa sociedade uma vez<br />

que tudo está a mudar com a<br />

entrada das mulheres no mundo<br />

do trabalho. O dilema “famila<br />

vc carreira”. Os prejudicados<br />

normalmente são os filhos. Mas<br />

existem mecanismo que podem<br />

contornar esta situação. Um Estado<br />

presente é um deles, como<br />

refere Mário Cordeiro, professor<br />

de pediatra e pai, em entrevista.<br />

Será que o mundo ocidental envelhecido<br />

vai sofrer ainda mais<br />

com esta ‘new wave de mulheres<br />

que não estão em casa a tratar<br />

das crianças; tão pouco têm<br />

como prioridade procriar?<br />

É natural assistirmos, ao longo<br />

dos tempos, a variações demográficas,<br />

associadas às variações<br />

sociais, económicas e políticas.<br />

O trabalho fora de casa<br />

não deveria ser incompatível<br />

com ter filhos. No país mais rico<br />

do Mundo, a Noruega, as mulheres<br />

detêm um enorme poder<br />

executivo, trabalham fora de<br />

casa mas é onde a natalidade é<br />

das mais elevadas do Mundo<br />

Ocidental e onde a maternidade<br />

é mais protegida. Pode-se ser<br />

trabalhadora e mãe, se o Estado<br />

garantir ambos direitos e cuidar<br />

devidamente das pessoas,<br />

com apoios de todo o tipo, desde<br />

que entenda que as crianças<br />

são um Bem familiar mas também<br />

social.<br />

Que impacto é que o stresse de<br />

uma mãe que trabalha entre 8 a<br />

12h por dia tem nas crianças?<br />

Obviamente que muito - quando<br />

se está extenuado e não se<br />

conseguiram graus de liberdade<br />

para uma vida satisfatória, o<br />

tempo que sobra é escasso e a<br />

disponibilidade quase nenhuma<br />

para cuidar de outros, sejam filhos<br />

ou cônjuges, familiares ou<br />

amigos. As pessoas sentem-se<br />

mais isoladas mas, paradoxalmente,<br />

têm menos tempo para<br />

estar sozinhas. E as crianças ficam<br />

“pobres de mãe” - há frequentemente<br />

um conflito de interessesentreamulhereamãe,<br />

com repercussões graves par as<br />

crianças.<br />

Será que uma família presente é<br />

o pilar de uma sociedade saudável?<br />

Sexta-feira 8 Janeiro 2010 Diário <strong>Económico</strong> 21<br />

ENTREVISTA MÁRIO CORDEIRO Doutor em pediatria<br />

“Família e trabalho<br />

não deviam ser<br />

incompatíveis”<br />

Diria que a manutenção do<br />

triângulo pai-mãe-filho, independentemente<br />

da forma de família<br />

que têm (junta, alargada,<br />

separada, reconstiutída, etc) é<br />

fundamental. Uma criança tem<br />

de sentir que tem pai e mãe<br />

afectivo e efectivo, sem que isso<br />

tenha a ver com a relação conjugal<br />

entre as pessoas. Visto assim,<br />

a família é, pois, o pilar da<br />

sociedade, e uma sociedade que<br />

não cuida da família nem das<br />

crianças é uma sociedade que<br />

está a praticar um suicídio.<br />

Muitos países, sobretudo no<br />

pós-Guerra, entenderam isso e<br />

são neste momento os mais desenvolvidos<br />

em termos económicos<br />

e sociais, e onde a democracia<br />

é de melhor qualidade -<br />

Portugal ainda tem um longo<br />

caminho a percorrer - e não<br />

basta frases cheias de promessas<br />

mas vazias de acção: enquanto<br />

não existir uma política global<br />

para a Infância e para a Família,<br />

tudo será mais difícil e não passará<br />

de verbo de encher. E então,<br />

sim, a própria lei é torpedeada<br />

por empregadores e patrões,<br />

as dificuldades aumentam,<br />

a incompatibilidade ente a<br />

mulher, a trabalhadora eamãe<br />

acontece, e o ónus cai - como<br />

sempre - em cima das mulheres,<br />

que para lá de serem injustiçadas<br />

ainda passam por culpadas<br />

de, ou serem más profissionais,<br />

ou não terem filhos. Há<br />

quedizer“não!”aesteestado<br />

de coisas, sob pena de ficarmos<br />

eternamente no marasmo do<br />

sub-desenvolvimento.■<br />

Mário Cordeiro<br />

diz que as<br />

mulheres<br />

continuam a ser<br />

necessárias junto<br />

dosfilhos, mas<br />

oEstadodeve<br />

proporcionar-lhe<br />

condições para<br />

poderem trabalhar.

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