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20 Diário <strong>Económico</strong> Sexta-feira 8 Janeiro 2010<br />
DESTAQUE2<br />
REPORTAGEM O MERCADO FEMININO EMERGENTE<br />
A OCUPADA PRESIDENTE DO INSTITUTO CHAMPALIMAUD, LEONOR BELEZA, FAZ COMPRAS NAS PAUSAS DO TRABALHO<br />
Mulheres já estão ao comando da<br />
Além de serem quase metade dos trabalhadores, elas é que decidem a maior parte das compras. Um merc<br />
Mafalda de Avelar<br />
mafalda.avelar@economico.pt<br />
Sãoasmulheresquetêmactualmente<br />
as rédeas da economia.<br />
Esta é uma frase polémica, mas<br />
facilmente explicada pelos autores<br />
do estudo ‘Women Want<br />
More’, Kate Sayre e Michael Silverstein<br />
do Boston Consulting<br />
Group que concluem que o poder<br />
de decisão de mercado está nas<br />
mãos delas. Mais, a grande maioria<br />
das empresas ainda não se deu<br />
conta do mercado emergente que<br />
este target constitui.94% das decisões<br />
de compra de artigos para<br />
a casa são tomadas por mulheres,<br />
92% das férias, em 91% dos casos<br />
é a mulher que escolhe a casa e<br />
60% das escolhas dos carros são<br />
delas também. Os homens nem<br />
decidem os bens electrónicos:<br />
51% são decisões delas.<br />
As mulheres controlam 64%<br />
das ‘despesas da casa’ e o seu poder<br />
económico está a aumentar<br />
de forma galopante, dizem Sayre<br />
e Silverstein ao Diário <strong>Económico</strong>.<br />
Este crescimento explica-se,<br />
também, porque as mulheres engordam<br />
diariamente as estatísticas<br />
como força laboral e o seu poder<br />
enquanto consumidoras aumenta<br />
nessa proporção. O fenó-<br />
meno mereceu a capa desta semana<br />
da revista ‘The Economist’,<br />
quechamaaestaa“revoluçãosilenciosa<br />
do mundo rico: as mulheres<br />
estão gradualmente a tomarcontadoslocaisdetrabalho”.<br />
Dentro de uns meses, as<br />
mulheres ultrapassam os 50% da<br />
força de trabalho norte americana<br />
tornando-se a grande classe<br />
activa. Um fenómeno que também<br />
acontece cá. Segundo o INE<br />
(3º trimestre de 2009), existem<br />
2,3 milhões de mulheres em cerca<br />
de 5 milhões de trabalhadores<br />
activos. Ou seja, quase metade.<br />
Dessas, 466 mil têm formação<br />
superior, o que ultrapassa o número<br />
de homens com canudo<br />
(309 mil). Apesar de as mulheres<br />
ganharem na formação -, perdem<br />
na atribuição de funções<br />
enquanto quadros superiores.<br />
Existem 43 mil executivos contra<br />
32 mil executivas, o que justifica<br />
o facto de os homens ganharem<br />
em média mais do que as mulheres.<br />
Esta tendência económica<br />
tem sido acompanhada de perto<br />
na política, como explica Leonor<br />
Beleza, ex-ministra da Saúde e<br />
actual presidente da Fundação<br />
Champalimaud. Esta mulher<br />
gere milhões na maior fundação<br />
Como mercado,<br />
as mulheres<br />
representam<br />
uma oportunidade<br />
eumpotencial<br />
superior à China<br />
e Índia juntas<br />
portuguesa, também tem procupações<br />
enquanto consumidora.<br />
“Venho , por exemplo, muitas<br />
vezes aqui comprar novos livros”,<br />
diz, num centro comercial<br />
pertodaFundação.Dadaasua<br />
vida ocupada, esta é uma mulher<br />
que reparte essas funções com o<br />
marido.<br />
Leonor Beleza, que foi a a segunda<br />
mulher a ser nomeada<br />
para um cargo ministerial em<br />
Portugal, faz uma ponte da economia<br />
para a política e diz que “já<br />
O poder das mulheres fez esta semana a capa da Economist e da Time e teve<br />
direitoaumgrandeartigodefundonaHarvardBusinessReview(aocentro).<br />
nãoháGovernoqueseprezeque<br />
não tenha mulheres com funções<br />
ministeriais”. “Quanto ao poder<br />
que têm, isso é outra conversa”,<br />
atira, esclarecendo que em Portugal<br />
estamos, hoje, ainda, muito<br />
distantes das realidades internacionais<br />
que dão conta do aumento<br />
do poder das mulheres.<br />
“Quando fui Ministra tive que lutar<br />
para não ser chamada Ministro”,<br />
recorda a ex-ministra.<br />
As coisas mudaram mesmo.<br />
“Frau Europa – Angela Merkel<br />
tem mais poder que qualquer outra<br />
mulher na Europa” é a capa da<br />
Time desta semana. Lá dentro,<br />
Cherie Blair, mulher de Tony<br />
Blair, escreve um artigo. Em “A<br />
mudança que necessitamos” diz<br />
que a prosperidade dos países depende<br />
do sucesso que tem a aproveitar<br />
os talentos das mulheres.<br />
Os dados mais recentes indicam<br />
que à política devemos<br />
acrescentar o poder feminino na<br />
economia. As mulheres são responsáveis<br />
por ¾ de todas as despesas<br />
de consumo, segundo um<br />
estudo da Goldman Sachs. Para<br />
os consultores do Boston Consulting<br />
Group (BCG) “globalmente<br />
elas controlam cerca de 13,9 biliões<br />
de euros das despesas anuais<br />
deconsumoeestenúmeropode