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sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

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único que po<strong>de</strong> mostrar algo, agora, muito ruim e, mesmo assim, Esther não quer<br />

enxergar a realida<strong>de</strong> que o mesmo transparece. Vejamos:<br />

— Quero um espelho. [...] — Por que não posso olhar num espelho?<br />

Tinham me vestido uma túnica <strong>de</strong> listas cinzas e brancas igual a forro <strong>de</strong><br />

colchão, [...] e me sentado numa poltrona. — Por que não posso? —<br />

Porque é melhor não. — A infermeira fechou a maleta com um pequeno<br />

estalido. — Por quê? — Porque seu rosto não está muito bonito. — Ah,<br />

então <strong>de</strong>ixa eu ver. [...] Primeiro, não vi qual era o problema. Não tinha<br />

uma imagem no espelho, mas uma foto. 116<br />

Por mais que a imagem <strong>de</strong> Esther seja feia, ela apenas a vê como uma<br />

fotografia e nada do que as pessoas possam lhe falar o quanto foi <strong>de</strong>sastrosa consigo,<br />

Esther só enxerga uma fotografia em seu ápice <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste mental.<br />

Assim como mencionamos que o espelho é feito <strong>de</strong> prata, uma leve camada<br />

antes do vidro para que a luz seja refletida, também a narrativa trabalha com a antítese<br />

da luz, ou seja, a sombra, também um <strong>de</strong>sdobramento do duplo. Como exemplo <strong>de</strong> luz<br />

e sombra:<br />

O bar estava tão escuro que eu só enxergava Doreen. Com seu cabelo e<br />

vestido brancos ela estava tão alva que parecia <strong>de</strong> prata. Achei que refletia<br />

os néons do bar. E me senti misturada com as sombras, como um negativo<br />

<strong>de</strong> uma pessoa que eu nunca tinha visto antes. 117 [sem grifo no original].<br />

Da mesma forma como abordamos os espelho no segundo capítulo, também<br />

fizemos o caminhar da sombra nos <strong>de</strong>sdobramentos sobre o duplo. Dessa forma,<br />

ilustramos como mais um exemplo <strong>de</strong> como a sombra se <strong>de</strong>senvolve na narrativa:<br />

A certa altura comecei a me sentir estranha. Olhei em volta e todas as filas<br />

tinham pequenas cabeças enlevadas, com o mesmo brilho prateado na<br />

frente e a mesma sombra escura atrás, parecendo mil cabeças-lua<br />

idiotas. 118 [sem grifo no original]<br />

O <strong>de</strong>senrolar do elemento sombra também aparece nos <strong>de</strong>vaneios <strong>de</strong> Esther,<br />

que viaja elaborando i<strong>de</strong>ias sobre a sombra em suas insônias. Citamos:<br />

116 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 191.<br />

117 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p. 16.<br />

118 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.49.

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