30.04.2013 Views

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Marco que <strong>de</strong>siste do ato, mas sem antes dizer a Esther que quebraria seu pescoço<br />

caso ela não <strong>de</strong>volvesse uma jóia que lhe <strong>de</strong>ra em troca <strong>de</strong> seu sexo. Mas, ―<strong>de</strong><br />

repente, achei que não fazia a menor diferença‖ 61 , diz Esther, isso nos remete a idéia<br />

<strong>de</strong> que Esther não <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> excluir sua existência. Marco recua e Esther corre para<br />

encontrar Doreen.<br />

Esther finalmente vai pra casa e angustiada olha-se no espelho que mostra uma<br />

imagem com marcas <strong>de</strong> sangue no rosto e que ela não quer retirar, ―pensei em usá-las<br />

até sumirem, como se fosse a lembrança <strong>de</strong> um namorado morto‖. 62 , esses sinais <strong>de</strong><br />

sangue em seu rosto po<strong>de</strong>m parecer o sinal <strong>de</strong> honra pelo que ocorreu entre ela e<br />

Marco, um sinal <strong>de</strong> aceitação dos danos físicos que eventualmente a acometeriam em<br />

suas tentativas <strong>de</strong> suicídio. Essa vonta<strong>de</strong> ao suicídio <strong>de</strong>ixa evi<strong>de</strong>nte que Esther está<br />

em seu <strong>de</strong>clínio mental. E algumas <strong>de</strong>silusões quanto aos cursos que faria, outro que<br />

não foi aceita. Esther se sente indiferente, a insônia não a <strong>de</strong>ixa dormir, ao passo que<br />

entra em tratamento psiquiátrico. A intenção <strong>de</strong> Esther é ter em mãos remédios para<br />

insônia, explicaremos esse momento <strong>de</strong> mais uma simulação <strong>de</strong> suicídio na segunda<br />

parte <strong>de</strong>sse capítulo.<br />

Depois das <strong>de</strong>silusões da chegada em casa, Esther <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> criar um outro duplo,<br />

o qual seria ela mesma introduzida como personagem <strong>de</strong> seu romance. Esther se<br />

duplicaria em seu romance:<br />

Peguei o pacote com trezentas e cinqüenta folhas <strong>de</strong> papel ofício, [...]<br />

Voltando para o jardim <strong>de</strong> inverno, coloquei a primeira e virginal folha na<br />

minha velha máquina portátil e girei o rolo.<br />

De uma perspectiva distante e diversa, me vi sentada no jardim <strong>de</strong> inverno,<br />

cercada por dois muros <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira branca, um pé <strong>de</strong> silindra, uma moita<br />

<strong>de</strong> bétulas e uma cerca viva – eu, pequenina como uma boneca numa casa<br />

<strong>de</strong> brinquedo.<br />

Meu coração se encheu <strong>de</strong> um sentimento <strong>de</strong> ternura. A heroína da minha<br />

história seria eu mesma, disfarçada. Ela se chamaria Elaine. Elaine.<br />

Contei nos <strong>de</strong>dos o número <strong>de</strong> letras. Esther também tinha seis letras.<br />

Parecia um bom sinal. 63 [sem grifo no original]<br />

61 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.122.<br />

62 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.126.<br />

63 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.133.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!