sandra bernardes puff - Universidade Federal de Santa Catarina
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visitava e agora com mais força e agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> reconhecer o quanto estava doente,<br />
teria que visitar Buddy Willard nas montanhas, a pedido <strong>de</strong> seu pai que não agüentava<br />
muito tempo a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ter um filho médico e muito doente. Assim partiu Esther com<br />
o Sr. Willard que dizia que Esther seria a filha perfeita que eles não tiveram, isso a<br />
<strong>de</strong>ixava ainda mais <strong>de</strong>primida. O encontro com Buddy foi uma surpresa só, estava<br />
com mãos enormes, rosto redondo, ―Mas tudo que era côncavo em Buddy tinha <strong>de</strong><br />
repente virado convexo. [...] Até a risada <strong>de</strong>le parecia gorda. [...] Os olhos <strong>de</strong> Buddy<br />
encontraram os meus. – É a comida – disse ele. [...] Não se preocupe, emagreço em<br />
duas semanas‖. 57<br />
Esther não gostou <strong>de</strong> rever Buddy, e ela não se sentia bem o bastante para ir<br />
visitar um médico tuberculoso. O que realmente Esther não suportava era a idéia <strong>de</strong><br />
que Buddy se fazer <strong>de</strong> bonzinho naqueles tempos em que ela era apaixonada por ele.<br />
Buddy direcionava tudo na vida <strong>de</strong> Esther, os encontros, os planos, na verda<strong>de</strong> ele era<br />
um dissimulado fingido, frio e sarcástico. Depois <strong>de</strong> mostrar o hospital, seu quarto<br />
sem graça todo em tons <strong>de</strong> fígado, Buddy ainda teve a coragem <strong>de</strong> fazer um convite a<br />
Esther:<br />
— O que você acha <strong>de</strong> ser a Sra. Buddy Willard?<br />
Senti uma vonta<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> rir.<br />
Pensei como aquela pergunta teria me <strong>de</strong>sarmado naqueles cinco ou seis<br />
anos em que adorei Buddy Willard a distância.<br />
Buddy viu que eu estava in<strong>de</strong>cisa.<br />
— Ah, sei que agora não estou em boa forma — disse, rápido. — Ainda<br />
estou tomando P.A.S e po<strong>de</strong> ser que perca uma ou duas costelas, mas vou<br />
voltar para a Escola <strong>de</strong> Medicina no outono. Na próxima primavera já<br />
estarei...<br />
— Preciso falar uma coisa, Buddy.<br />
— Já sei – disse ele, ansioso. — Você conheceu outra pessoa.<br />
— Não, não é isso. [...] — Eu nunca vou me casar.<br />
— Você é louca. — Buddy animou-se. Vai mudar <strong>de</strong> idéia.<br />
— Não, estou <strong>de</strong>cidida. [...]‘<br />
— Lembra quando você perguntou on<strong>de</strong> eu preferia morar, na cida<strong>de</strong> ou<br />
no campo? [...]<br />
— E você – continuei mais rápido — riu e disse que eu tinha o perfil exato<br />
<strong>de</strong> uma perfeita neurótica e que aquela pergunta era <strong>de</strong> um questionário<br />
que você recebeu na aula <strong>de</strong> psicologia naquela semana?<br />
57 PLATH, Sylvia. A redoma <strong>de</strong> vidro. Ibid., 1999, p.100.